Arnobio Rocha Crônicas do Japão Crônicas do Japão II: Kashiwa e Comida (Post 75 – 29/2011)

Crônicas do Japão II: Kashiwa e Comida (Post 75 – 29/2011)

Conhecendo a área

 

(Kashiwa Station)

Aqui estamos em Kashiwa Cho(cidade) em Chiba Ken(Província) o hotel SunGarden fica uma quadra da estação central de trem de Kashiwa (Kashiwa Station Map ) que fica sob uma praça grande com 3 shopping centers, o mais chique é o Takashimaya, tem também o Sogo e o Vat no lado oposto da entrada principal.

Na andança noturna descobri que o Takashimaya tem um relógio tipo um cuco grande que a noite sai personagens nas horas cheias ao som da música do Silvio Santos (para ser feliz é preciso ser…) pronto me senti em casa, afinal era domingo e o indefectível Silvio dava o ar de sua graça. (várias vezes chorei de saudade ouvindo a música, tão familiar)

(Relógio Cuco do Takashimaya)

Olhei as vitrines do belíssimo Takashimaya e vejo bolsa da Prada, Gucci, como não estava ainda familiarizado com preço e notações da moeda (Yene), além do fuso horário maluco, não percebi o valor delas, dias depois me dei conta do valor 750.000 Yenes (15 mil reais), quase caí para trás. Num dos andares tinha uma padoca(padaria chique) dava água na boca os doces, mas o preço dói na barriga. Num outro andar tinha um mini-mercado de frutas, verduras, leite, queijos etc. numa embalagem bem trabalhada dois pequenos papaias, preço 9000 Yene (180 reais), pensei seriam de ouro? Pensei caramba não vou comprar nada aqui.

Numa rua paralela logo achamos mais uma coisa que lembraria o Brasil, o Supamaka (supermercado) Ito-Yokado, o símbolo dele era duas pombas de lado parecida com o da Igreja Universal, bem nem preciso dizer que sempre falávamos: vamos passar no Supermercado do Edir Macedo.

Rapidamente descobrimos que cada loja/supermercado/restaurante fechava apenas um dia na semana, aleatório, o do Edir era dia de terça. Além disto, ele tinha uma coisa legal: hora do “pobre”, mais ou menos depois das 19:30 tudo que era perecível era vendido com grandes descontos, quase uma xepa.

Comer – um trauma e sempre caro

I – Café da Manhã


(café da manhã oriental)

No hotel o café da manhã era de dois tipos: Ocidental e Oriental – ambos custavam 25 reais e não era incluído na diária do hotel, surpresa para lá de desagradável, a diária do hotel custava uns 250 reais, mesmo morando lá não havia desconto, nem café incluído, canais de TV a cabo, tudo era a parte. O Café Oriental era uma refeição japonesa, arroz, missoshiro, conservas e peixe cozido, perfeito para um café da manhã! Quanto ao Café Ocidental era servido uma xícara café ralo que você via o fundo dela, um tablete de leite (10 ml) para misturar, mais parecia um creme de leite, uma fatia de “english Bread”, meio ovo mexido, uma fatia de laranja, dois cubinhos de melão, duas bolachas, era TUDO isto, ok tomei apenas no primeiro dia no hotel.

Passei a comprar mini caixa de leite (250 ml), e também achei Nescafé um tipo bem fino, chamado excella, fraco mais era café que você podia por mais. No quarto do hotel tinha uma “chapa” e um pequeno bule para fazer chá, esquentava o leite, o camareiro me xingava todo dia por esquentar leite nele. Comprava o pão de forma mais grosso, English Bread, que o Ito-Yokado vendia em pequenas porções, 2,4 ou 8 fatias, grande lástima não tinha pão francês. Coisa engraçada uma vez levei um belo pão, parecido de hot-dog, me empolguei comprei, quando mordi era recheado com feijão doce, morri…às vezes comprava um pão amanteigado no Takashimaya, quase 4 reais um pãozinho, mas era bom demais. Eventualmente tomava café numa lanchonete que fazia ovos, bacon, salsicha, não era muito bom, mas variava. Vendia queijos em fatias, mas cada fatia num plástico, hoje a polenguinho vende aqui, aquilo era novidade para mim.

II – Bentô – Almoço/Jantar


Almoço era sempre um problema, no escritório eles tinham um fornecedor de bentô, uma espécie de marmita, preço baixo, mas de gosto para lá de duvidoso, exceto o Gohan(arroz japonês), tudo vinha servido gelado, meia asinha de frango, um minúsculo pedaço de peixe, umas conservas de embrulhar o estômago e a parte pior, os croquetes de não sei o quê.

Primeiras semanas foram duras para almoçar, passava mal só de pensar o que viria no almoço, mas com o tempo descobri um restaurante italiano, bem pequeno, perto da empresa, salvou a pátria. A comida não era lá grandes coisas, mas parecia espetacular na frente do bentô. Preço era 3 ou 4 vezes mais caro. Nós tínhamos uma meta semanal, gastar muito pouco para poder viajar todo fim de semana, passagens de trem são muito caras, depois detalho isto, então melhor economizar de segunda a sexta.

No Jantar muitas vezes íamos a outro restaurante italiano próximo ao hotel, Capricciosa, muito macarrão com tuna(atum), fora que deixamos os garçons loucos, pois íamos vários brasileiros e lá não juntava mesas, configuração de 4 por mesa, aí sentávamos próximos e juntávamos, eles tremiam, damê, damê(não pode)…depois de um mês eles desistiram, quando chegávamos eles já vinham rindo e sabiam que as mesas seriam “desarrumadas” por nós. No fundo eles achavam aquele jeito bagunçado engraçado.

Eu era tão viciado neste restaurante que uma vez estávamos em Kyoto e procurando restaurante para jantar, andamos numa larga avenida que de repente se estreita e vira um beco com casas antigas, nada de ter restaurante ocidental, vimos uma placa em romangi(sem caractere japonês) fomos lá, bingo era um Capricciosa (Capricciosa Kyoto ), os caras que estavam comigo não acreditaram, até aqui você vai comer nele, risos, mera e boa coincidência.

Muito tempo depois descobrimos o restaurante do Careca, ex-jogador da seleção, que ainda jogava lá no Kashiwa Reisol, também jogava o Edilson, capetinha e Wagner Mancini. Algumas vezes encontrei-os no Capricciosa. O restaurante do Careca servia um PF brasileiro com carne, feijão tinha até garaná(Guaraná Antártica ) aquilo era um sonho, uns 100 reais, mas de vez em quando valia a pena ir. Assim como a churrascaria Barbacoa em Tókio que tinha um “rodízio” de 6 tipos de carne e uma hora e meia para você comer, servido por garçons brasileiros, um sonho.

PS: Alertado pela Marinilda Carvalho, no Japão tem comida de todo tipo e de todos os lugares do mundo, mas como fomos lá a trabalho e economizávamos o máximo possível para poder viajar nos fins de semana, comíamos o que o trabalhador comum come normalmente.

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0 thoughts on “Crônicas do Japão II: Kashiwa e Comida (Post 75 – 29/2011)”

  1. Caramba, nesse ponto a Moscou comunista dos anos 70 era mais cosmopolita. Tinha restaurante de todas as partes do mundo. Aprendi lá a gostar da culinária tailandesa. Não era baratinho, mas era bem variado.

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