Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Itália – um case de insucesso (Post 105 – 59/2011)

Crise 2.0: Itália – um case de insucesso (Post 105 – 59/2011)

“Deixai, ô vós que entrais, toda a esperança” (canto III, Infernum – Dante)

Perspectivas da economia e política italiana

Semana passada no Artigo sobre Europa ( Um fantasma ronda a Europa ), antecipei que e os problemas da zona do Euro parecia apenas da periferia:

“O reflexo deste imenso endividamento é a degola das economias mais periféricas, como Grécia, Portugal, Irlanda e mais presente Espanha. Estes países que receberam grande inversão de capitais para se adequarem à zona do Euro, hoje estão totalmente insolventes, tecnicamente falidos, vivendo da esperança de aporte da Alemanha e do FMI.”

 

Mas comecei a debater com os amigos que na minha opinião a  próxima economia a cair seria a italiana, por aspectos peculiares do seu desenvolvimento econômico e em particular a crise de representação política, os dois aspectos se retroalimentam incessantemente pelo menos desde 1992, com a operação mãos limpas:

1)      A operação mãos limpas foi um amplo processo político e judicial de limpeza das instituições republicanas;

2)     Os partidos tradicionais Democracia Cristã, Socialista e o Comunista sofreram duro golpe de credibilidade com a demonstração das suas relações incestuosas com a máfia;

3)     O resultado foi uma ampla reorganização no espectro político partidário italiano, mas que foi incapaz de evitar o pior: o ressurgimento burlesco do neo fascismo;

4)     Reagrupados em torno de figuras exóticas, em particular o magnata corrupto Berlusconi, rapidamente chegam ao poder, galvanizando a descrença generalizada nos políticos tradicionais;

5)     A chegada da Zona Euro inicialmente amenizou a situação interna de perda de competitividade e importância da economia italiana;

6)     A necessidade de canalizar recursos e reestruturar as economia que aderiam ao Euro, em certa medida beneficiou a Itália a não se foco de problemas;

7)     Mas a cambaleante economia local com altos índices de desemprego ou sub-emprego, larga precarização do mercado de trabalho jamais escondeu uma economia em crise acentuada;

8)    A combinação de governos bufos e economia baseada em grande endividamento público vão minando a Itália;

Uma economia em constate queda

 

A dívida pública é hoje de 1,80 trilhões de Euro, cerca de 120% do PIB, com um problema gravíssimo de vencimento dos seus principais títulos com valores superiores a 200 Bilhões de Euro até dezembro de 2011. Todo o foco da autoridade econômica européia está no resgate de Grécia e Portugal, com uma ampla preocupação no que se passa na Espanha e Irlanda.

A atual crise da dívida italiana não poderia vir em pior momento, pois internamente o Governo farsesco de Berlusconi está a cada dia em pior situação, seus problemas judiciais se acentuaram com a perda da ação do grupo Fininvest para Benedetti ex-controlador da Mondadori, que o premiê usurpou o controle em 1991. Além desta ação o premiê ainda enfrenta outras por corrupção, fraude e agora de incitação de menor à protituição.

Nem dentro do próprio governo há quem o defenda, a capa de primeiro ministro lhe é fundamental para dar-lhe proteção. Enquanto a economia caminha rumo ao desastre o bufão se diverte. Seria cômico se não fosse trágico. A irresponsabilidade parece que não tem fim, mas pouco há de esperança e alternativas. Entre um governo e outro de Berlusconi a coalização de centro-esquerda fez um péssimo governo. As máfias agem abertamente, o país se esfacela politicamente. O norte rico, ainda rico, não quer saber do sul cada vez mais pobre.

Quem vai pagar a conta?

A principal bolsa italiana, a de Milão teve dois críticos pregões na sexta e segunda(11/07) as agência de riscos, Moody’s e SP se debruçam na analise da economia italiana e os principais bancos dizem: “Enquanto as preocupações sobre a Espanha existem há tempos e já estão refletidas, os temores sobre a Itália são mais recentes”, aponta o Barclays Capital. (DCI, 12/07). A velocidade da contaminação e o tamanho do rombo não se sabe ainda, hoje formalmente a Itália é a terceira economia da Zona do Euro e uma de sua principais fiadoras.

Como sempre as soluções apresentadas pelas autoridades tanto italianas como da zona do Euro é que se monte pacotes econômicos de ajuste fiscal. Berlusconi  apresentou o seu propondo corte de 48 bilhões de Euros no orçamento, insuficientes para resgatar so 200 bilhões que estão a vencer, mas suficiente para jogar no colo dos trabalhadores mais uma vez a solução para crise.

Corte acentuado numa economia que “cresceu”0,1%  no semestre, com altas taxas de desemprego, elevada carga tributária, não faz o menor sentido, apenas alimenta as “boas” notícias para especuladores e agências de riscos. O reflexo para juventude, maior contingente de desempregado é mais desesperança. Quando voltarão a lutar?

“Do céu o Imperador, a rebeldia
Minha à lei castigando, não consente
Que eu da cidade sua haja a alegria” (Canto II – Infernum – Dante)

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