Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise Mundial 2.0 – Desdobramentos (Post 111 – 65/2011)

Crise Mundial 2.0 – Desdobramentos (Post 111 – 65/2011)

 

 

 

“Os bolos fúnebres serviram para os frios do esposório”  ( Hamlet _ WS)

Rebobinando o filme

Meus ultimos posts dedicados a questão da atual crise econômica mundial têm procurado aproximar o blog de uma analise quase que cotidiana dos desdobramentos desta crise.

Semana passada o artigo Crise Mundial 2.0 (2008-2011) buscou relocalizar a visão dos fatos últimos da economia mundial, em particular a questão do “calote” ou não da dívida americana e apontei algumas vertentes dos problemas dela decorrentes nas bolsas mundiais e também a sua relação com a Europa, mais precisamente Itália e Espanha.

Mas precisamos de mais um recuo e lembrar os fatos econômicos que estão se deteriorando mês a mês, pelo menos desde abril, maio. Estes abaixo  artigos localizam algumas destas questões para sua compreensão mais geral:

  1. Crise Mundial e Mundo Novo : aqui é o começo da série sobre a questão dívida e seu impacto na crise, as várias economias que são afetadas violetamente com a restrição das política públicas pela falta de dinheiro, todo canalizado para salvar mais uma vez bancos e grandes empresas;
  2. Um fantasma ronda a Europa : A dívida leva Grécia, Portugal e Irlanda à bancarrota, a zona do Euro foi sacudida em junho/julho pela perspectiva de intensa queda das economias que foram levadas de forma artificial à zona do Euro;
  3. Itália um case de insucesso : A Itália é a terceira maior economia européia, mas claudica político-economicamente desde a adoção do Euro, se revezando ora crise política, ora crise econômica, com a perspectiva de piora da dívida ameaça uma crise total;

Desdobramentos pós não “Calote”

A questão do aumento do teto do endividamento dos EUA parecia que aliviaria o cenário de crise à curto prazo, lembrou as primeiras horas de 15 de setembro de 2008, quando Hank Paulson todo pomposo anunciou que o Governo dos EUA não salvaria Lehman Brothers e seu banqueiro falido com dinheiro público, sua aparição pela manhã, foi bem recebida por não mais que três horas, quando o “mercado” entendeu o significado de suas palavras caiu em espiral. Vale a pena ver esta cena no filme “Grande demais para quebrar”, este filme e o documentário “Inside Job” são o que há de mais profundo na análise da crise de 2008.

Fechado o acordo no congresso e votado o aumento, as bolsas, o “deus” mercado,  ficou nervoso e devorou os ganhos no mundo inteiro, até sexta a queda era acentuada, mas as notícias mais críticas saíram no fim de semana. A Standard & Poors (S&P) anunciou o rebaixamento dos título do tesouro dos EUA. Pela primeira vez na história estes títulos, que servem como referência mundial, passaram a ter valor de liquidez incerto, uma desconfiança de que o calote é possível, mesmo depois do acordo no congresso. As mesmas agências de riscos que inflamaram as ações do Lehman classicando-as como triplo AAA, agora joga os EUA na incerteza, assim como fizeram com Portugal, Grécia.

Também no fim de semana o BC Europeu, presidido pelo francês Jean-Claude Trichet, alertou para o perigoso jogo de resgate dos títulos públicos de países como Itália e Espanha. O resgate grego não trouxe a “tranquilidade” à Zona do Euro, o gráfico abaixo mostra o tamanho do rombo das dívidas:

TABELA_SAB.JPG

A reunião emergencial do BCE desta segunda aponta para uma tentativa deseperada de comprar os títulos de Itália e Espanha, antes que entre em colapso de vez. Mas o problema mais grave que se avizinha é a retração do crédito, o mesmo fenômeno que engessou a economia mundial em setembro/outubro de 2008, está na ordem do dia. Os bancos privados não querem emprestar, nem para os governos, nem para produção, muitos menos para famílias. Esta barafunda pode jogar mais uma vez papel decisivo na crise.

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0 thoughts on “Crise Mundial 2.0 – Desdobramentos (Post 111 – 65/2011)”

  1. A economia mundial é como uma balança, devido ao crescimento exorbitante das economias emergentes (China, India, Brasil etc.), foi necessário a caída de outras, isso é natural. O Capitalismo cria os mecanismos de sua degeneração, vamos ver se dessa vez conseguirá recuperar-se.
    Os EUA já trataram de buscar novos aliados econômicos, deixando de lado a falida operação no Iraque e Afeganistão, tratando de “Matar” Osama Bin Laden e levando suas operações aliadas com a OTAN à Libia.
    Enquanto isso os governos Europeus nas suas formas mais explicitas de Neoliberalismo jogam a crise para o povo pagar, aumentando impostos, reformando previdência etc. Resultado: O povo revoltando-se, e a polícia oprimindo estes e a grande mídia tratando os insurgentes como “Vandalos”.
    E o Brasil: Aumenta os juros para atrair investidores, para lucrar com os financiamentos do povo que não sabe como funciona a economia. Engraçado que o governo Lula estufava o peito e dizer que não privatizou nenhuma empresa, mas ao mesmo tempo permitiu essa especulação de capital por extrangeiros que na prática é a mesma coisa.
    O Capitalismo não anda bem, o povo pobre sempre paga a dívida, sempre fora assim, algo deve ser feito.

    Adriano Leres
    @AdrianoLeres

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