Arnobio Rocha Filmes&Músicas X-Men: First Class – A gênese (Post 131 – 85/2011)

X-Men: First Class – A gênese (Post 131 – 85/2011)

 

 

 

Assiste no cinema, mas numa época muito conturbada da vida e agora revi com mais calma na TV ao filme X-men: First Class, mais um da série, para mim o mais denso e filosófico deles. Em alguma medida, lembrei do clássico “Blade Runner” que de filme de aventura/ficção se tornou um dos mais cultuado filmes do cinema americano. De cabeça pensei num post sobre ele.

A gênese

Cinco primeiros minutos do filme X-men, First Class, se tornarão clássico pela construção e entendimento da Hybris de cada herói. O pequeno Eric, tatuado como gado num campo de concentração nazista na Polônia, ver seus pais sendo levados para o lado das câmaras de gás e no extremo esforço se concentra e derruba os portões de aço, porém toma um golpe na cabeça e desfalece, da janela é observado por Sebatian Shaw o comandante nazista.

Corta a cena para Westchester, no Estado de Nova York(EUA) o rapazinho Charles Xavier mora num imenso castelo ouvi barulhos na cozinha, desce tranquilamente e dar de cara com sua mãe abrindo a geladeira, ele a inquire:  “o que a senhora faz aqui”, ela responde – “vim preparar um chocolate para você”, ele retruca: “pode se revelar, minha mãe jamais faria um chocolate para mim, muito menos freqüentaria a cozinha”. A pequena criatura se revela a, ainda criança, Mística. Xavier lhe diz que agora ela está em casa e não precisa roubar nada para comer.

Mais um corte de cena, na vitrola começa a tocar ““La vie en rose”” com a espetacular Edith Piaf, o refinado chefe do campo de concentração nazista Shaw recebe o jovem Erik na sua sala e lhe oferece chocolate, desde que ele faça levitar uma moeda. Por mais que Erik tente não consegue, Shaw põe a mãe do garoto na sala e ameaça matá-la, se o jovem não conseguir mover a moeda. A extrema dor é o que impulsiona os sentimentos do garoto.

As duas personalidades se moldam em lugares distintos sob pressões diferentes, mas com incríveis poderes, que no futuro os unirá na luta comum, mas as cenas já antevêem a tragédias que os une e os separará.  Como viver com estes poderes numa sociedade “comum” extremamente polarizada? Primeiro com o nazismo, Erik era judeu e viu seu povo dizimado, depois com a guerra fria, que ambiente pode compreender estes semi-deuses?

Heróis e Homens

É tema corrente nos meus escritos a questão do Herói, dos deuses míticos, os ritos iniciáticos, sua transformação a intensa vida que desenvolve até sua libertação final, que invariavelmente é sua morte. Quem não me leu antes, recomendo os estudos anteriores que consubstancia minhas analises.

  1. A questão do Herói – Grécia sopra sobre nós
  2. Grécia: O Eterno retorno
  3. Teogonia x Tecnologia
  4. Amy e o Phátos do Herói

As questões enfrentadas pelo filme, que é de aventura, não esqueçamos, são de fundo filosófico e político. O pano de fundo nazista em que o jovem judeu Erik é iniciado, terá como preceptor um poderoso comandante nazista com características mutante, que serve ao regime, mas tem sua própria ideologia: Destruir a raça dos humanos, para construir uma nova raça de mutantes, mas com a “pureza” da força. Basta recordarmos que Zeus também quando vence a Titanomaquia decidiu exterminar a raça humana por não lhe prestar o culto devido ou ser ligado às divindades que ele derrotara, para ter o novo poder era preciso acabar com a raça atual.

a “síndrome de Estocolmo” carregada em Erik, que devota amor a causa daquele que lhe infligiu tantos males, misturados com a extrema revolta que Erik nutre por seu mestre não lhe impede de confessar no fim: “mato-lhe, Shaw, mas quero que saiba que concordo com tudo o que você defende”.  A criatura obrigatoriamente mata o criador, o jovem rei, mata o velho que não é mais fecundo, as vestimentas lhe são tomadas, a coroação, com a mudança de nome (mais um rito do herói) também é anunciada: Erik morre ali, nasce Magneto, com seu imenso poder e fúria.

A construção do jovem Xavier é diferente, aparentemente abandonado pelos pais, em particular pela mãe, detendo um imenso poder de comunicação telepata, ele usará o poder para mediar à relação Heróis, semideuses, com a raça humana. Sua formação é teologia e filosofia e seu doutoramento será em mutações genéticas e a influência dela em criar mais forca e poder nos que a possuem. O maior arquétipo dele é Prometeu, aquele que prever, que ver à frente, que ama os seus e mais ainda os humanos.

Relação Filosófica

 

A relação com Erik é cheia de cuidados e maleabilidade, Xavier sabe que tem diante de si alguém com mais poder ctônico, cuja alma amargurada não guarda lugar para amor ou comiseração, taticamente se une ao grupo de Xavier, mas no fundo Erik não vive ali. Os seus diálogos são cheios de tensão, respeito e admiração mútua, ambos querem seduzir um ao outro pela sua causa. Sabem que irremediavelmente se separarão, mas adiam o quanto podem para, inclusive, melhor se conhecerem e saberem o poder que cada um tem.

Mesmo jovem, não mais que 30 anos, Xavier é visto como mestre e equilíbrio, seus conselhos, incentivos, sua calma seduz os jovens mutantes que dele se aproxima. Ao mesmo tempo ele encontra tempo para se interar dos fados dos humanos, a iminente guerra nuclear o assusta, aqui espertamente é colocada como Sebastian Shaw manipulando os dois lados e insuflando os russos a colocar seus mísseis em Cuba.

Os humanos caminham para seu holocausto, quando impedidos pelos semideuses se unem contra eles, pois imaginam que estes foram os provocadores da discórdia. Apenas o sacrifício físico de Xavier impedirá a destruição total.

Uma estória muito bem costurada, os fatos histórico
s tratados com boa referência, as excelentes reflexões e diálogos fazem deste filme de aventura, é bom repetir, bem acima da média, vai muito além do bem e do mal, mostrando nossas mazelas, erros e acertos, enfim…humanos ou mutantes…homens ou heróis, buscamos sempre o desconhecido em nós e fora de nós mesmos.

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0 thoughts on “X-Men: First Class – A gênese (Post 131 – 85/2011)”

  1. Como é de costume em suas postagens, ao menos sobre produtos culturais, sua interpretação destoa da minha, pela abordagem: prestei mais atenção aos aspectos, digamos, introspectivos, e também interdiscursivos ocorridos entre o primeira classe e os outros filmes dos x-mam; por exemplo, em relação a este último aspecto, achei o aparecimento relâmpago de Wolverine interessante, porque não tem como assistir X-mam sem esperar Wolverine, mesmo o herói do primeira classe ser bastante sexy e viril em oposição a Xavier. Este, uma figurinha com aparência de fraca por fora, mesmo grande por dentro, com aqueles olhos azuis profundos, com cor de um mar que era profundo, mas ainda precisava mergulhar mais e escurecer/amadurecer.
    Os dois, pra mim, me pareciam metades que se completavam, como espelhos, nem sempre prontos a se olharem, mas sempre atraídos pela (própria) imagem, que só se resolvia com sua outra metade….
    enfim, viajei..
    mas como o cinema, mesmo o mais trash (que não é o caso de x-mam) permite isso….
    Abraço,

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