Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Direita, Volver!!

160: Crise 2.0: Direita, Volver!!

 

 

 

Espanha volta à Direita

 

A Crise 2.0 começa a se tornar impiedosa com os governos que tentam administrar a crise sem se preocupar com a população, olhando-a como mero detalhe, na Europa desde março de 2010 nada menos que 7 chefes de governos caíram de forma inapelável, quer pela urnas, que pelo golpe tecnocrata( Grécia e Itália), ontem tombou o PSOE na Espanha.

A derrota dos “socialistas” espanhóis, que na verdade desde Felipe Gonzalez levara o partido ao centro, e foi derrotado em 1996, pois não havia grandes diferenças com o PP de Aznar, além do cansaço de 14 anos de governo. É bom lembrar que durante o governo Gonzalez todas as medidas neoliberais foram tomadas. Em 2004, após o ataque a Madrid, feito pela Al Qaeda em represália ao Governo Aznar por participar das forças de apoio a Bush, o PP tentou incriminar o ETA e perdeu a eleição que parecia ganha.

O PSOE teve dois governos, mas este último, particularmente estava sendo desastroso, e a derrota de ontem é mera conseqüência da política econômica atual, a vertiginosa queda da Espanha, o imenso desemprego, um país paralisado politicamente desde maio, não restava dúvida que o PSOE seria derrotado. Mas foi muito mais que isto, foi devastado.

A vitória do PP, com Mariano Rojoy, foi estrondosa:

1)      Na Câmara: 186 Deputados contra 110 do PSOE, redução de 59 cadeiras;

2)      No Senado: 136 Senadores contra 48 do PSOE;

3)     Nas províncias nos confrontos diretos entre PP x PSOE 39 x 2;

4)     A pior derrota do PSOE desde 1977;

 

(resultado das eleições espanholas)

 

O mais preocupante da derrota é que o PP ganhou sem apresentar nenhum programa político, em nenhum momento disse o que fará ao assumir, Mariano Rojoy apenas se distanciou da Direita mais radical do PP e se apresentou como de Centro e genericamente disse que o “momento é grave, medidas duras serão tomadas, mas que terá preocupações sociais”. Com este discurso genérico e com o extremo desgaste de Zapateiro, que nem sequer subiu nos palanques do PSOE, produziu a grande queda dos “socialistas” espanhóis.

 

O Parlamento antes desta eleição era dominado em 83% pelo PP e PSOE, agora caiu para 70%, porém a maioria se consolidou amplamente com o PP, não dependendo de nenhuma composição para governar, nem mesmo para aprovar as mudanças legais que quiser. A Esquerda Unida aumentou sua participação de 2 para 11 deputados. Foi a mais baixa participação desde 2000, confirmando o cansaço da democracia espanhola.

 

O novo governo ainda não emitiu sinais exatos de como fará para administrar o caos da economia com 22,5% de desempregados, 50% de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos. Uma economia em queda, apesar da relação PIB x Déficit público ser um dos melhores da Europa (68 %), os títulos público espanhóis só perdem dos italianos em termos de desvalorização na hora de rolar a dívida.

 

Todo o ajuste fiscal escorchante que dão “credibilidade” a um governo Zapatero o fez, mas nem assim o “Deus mercado” lhe deu trégua. Mariano Rojoy, depois de criticar as medidas de Bruxelas que exige um corte gigantesco no orçamento espanhol para 2012, ontem no discurso da vitória assegurou que cumprirá o acordo. Serão 20 bilhões de Euros a menos para movimentar a economia, ou seja, mais do mesmo, com a diferença de que o governo tem legitimidade das urnas.

 

Fim da Primavera?

 

 

 

Algumas questões incômodas que precisamos pensar sobre os indignados:

1)      A Primavera de Madrid/Barcelona se esvaziou?

2)     Ela desmascarou o governo “socialista”, mas também deu combustível para Direita?

3)     Movimento forjou qualquer plataforma ampla de alternativa de Poder, ou quem sabe de Governo?

4)     Quais os passos seguintes, se o novo governo é mais do mesmo?

5)    Apenas se indignar com os políticos pode levar a uma despolitização geral?

 

Preocupante que na Itália o desespero leva a uma aprovação de 80% ao novo Governo tecnocrata, não eleito, feito na cúpula repleto de tecnocratas ligados aos bancos. O movimento de 68 em Paris levou a um apoio maciço a De Gaule, que quase caíra, chegou a se refugiar numa base militar, meses depois foi reeleito de forma ampla.

Para mim fica claro que todos estes movimentos que questionam o poder estabelecido, mas que não se torna alternativa, nem de poder, nem de governo, acaba numa imensa frustração, alimentando assim a Direita, que com um discurso moralista, de técnicos, sem ligação com a utopia gerado naqueles movimentos, galvaniza a revolta para seus governos, fechando assim uma “vaga histórica” de período revolucionário, sem partido ou movimento que o leve até o fim.

 

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0 thoughts on “160: Crise 2.0: Direita, Volver!!”

  1. Na verdade, o resultado das urnas espanholas merece uma avaliação cuidadosa.
    A primeira lição que salta aos olhos,
    nada serve ao progresso político, econômico e social de um país
    um partido supostamente de esquerda, seja ele intitulado “social-democrata”,
    “socialista”, “trabalhista” ou que raios for,
    se quando chega ao governo corre para o “centro”, na verdade para a direita,
    e executa a receita neoliberal com mais ardor que os direitistas.

    Será inevitavelmente defenestrado e humilhado nas urnas.
    A militância do PSOE tentou durante meses alertar a direção do partido,
    sobretudo depois da percepção clara que de o #15M veio para ficar,
    não foi ouvida.
    Tanto que o mote do #15M na campanha era #nolesvote ao PPSOE,
    como designaram o bipartidarismo instalado por lá.
    Qualquer semelhança com o que vem se passando desde 2010 no Brasil
    esperemos se resuma a mera coincidência.
    Mas que o Planalto tem olhado de lado e virado de costas
    ninguém pode negar.

    O segundo elemento aponta o próprio #15M como o grande vencedor das eleições.
    Derrotou o PSOE, que não lhe deu ouvidos, e impôs ao PP uma vitória de Pirro.
    Rajoy foi eleito por 1/3 do eleitorado espanhol, enorme abstenção,
    enorme anulação e desvio de votos para os partidos menores,
    se comparados estes resultados com os de 2008.

    Lamentavelmente as coisas não vão melhorar na Espanha de Rajoy,
    e o caldeirão de insatisfação certamente será acrescido
    da política de ultra-direita,
    pois se fala desde já e muito em retrocesso de direitos fundamentais.

    O #15M tem um encontro marcado com Rajoy nas plazas de Madrid
    e das grandes cidades, será um encontro violento
    se a biografia do dito cujo se confirmar uma vez mais,
    ligado ao que há de mais radical na política e na igreja espanholas,
    não se trata de um personagem propenso ao diálogo certamente.
    Mas o #15M tem claro o que não quer e aponta para o que precisa,
    outros partidos que canalizem a ampliação e a recuperação dos direitos civis e sociais na Espanha que ainda luta contra uma monarquia franquista.

    1. Desculpe, semelhança? Em quê? Os governos Lula e Dilma abandonaram o social? A desigualdade aumentou? Estamos na mão do FMI? Reduzimos emprego? Há diferença enorme, significativa, concreta entre os governos do PSOE e do PT. Podemos ter discordâncias com certas diretivas, mas não há comparação.

      1. Desculpe Marinilda, mas discordamos neste ponto.
        Não me referi fique claro ao governo LULA,
        referi-me ao governo DILMA que deve e há muito por exemplo:
        – MARCO REGULATÓRIO
        – COMISSão DA VERDADE,
        de VERDADE e não esse arremedo que vem sendo instalado
        y otras cositas más.
        Na minha opinião, e na de muitos,
        o avanço progressista não se mede unicamente pelos indicadores econômicos, mas também pelos avanços sociais, dentre os quais
        a união dos homossexuais, a definição da homofobia como crime,
        a descriminalização do aborto e outras questões historicamente caras aos progressistas ,que foram abandonadas claramente por este governo.

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