Arnobio Rocha Reflexões Comédia Divina

161: Comédia Divina

 

 

 

(Gustave Doré – Divina Comédia)

 

“Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa

vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida

não mais seguia o caminho certo”. ( Divina Comédia – Dante)

 

 

Dante, com seus 35 anos ou menos, já enfrentara uma batalha cruel na guerra entre Guelfos x Gibelinos, expulso de sua Florença, vivendo no exílio, resolve desancar seus inimigos, traçando um perfil duro e cruel de cada um deles, não importando se eram reis, papas ou poetas. Talvez na maior vingança literária da história, a imensa poesia da Divina Comédia, em particular o Inferno, é um retrato bem detalhado de uma época.

Reler a Divina, sempre é uma fonte de inspiração, entender como naquelas condições de vida, surgiam homens tão brilhantes, conhecedores profundo de história, ciência e principalmente da alma humana. É um livro grandioso, especial, estranho que dificilmente empolga a geração Google a lê-lo, entendê-lo então…

Vamos chegando num ponto da vida que não tem mais volta só nos resta ir em frente, o futuro já não depende de si, os fados da vida já estão dados, talvez procurar continuar com alguma dignidade o seu caminho, sendo ele árduo ou não, para a maioria sempre será mais duro.

Às vezes bate uma profunda tristeza de não ter mais com quem debater estes velhos autores e seus livros fantásticos, os resumos, o Google, dominou nossas mentes, para que queimar pestana lendo Homero? Dante?Shakespeare? Goethe? Serve para que mesmo? É uma desilusão, com pouco mais de 20 anos, sem internet, fechara um ciclo de leituras fundamentais.

É tarefa das mais complicadas em casa passar para minhas filhas este gosto pelos clássicos, comecei este blog achando que podia despertar a vontade delas pela leitura, passei para cá meus antigos resumos de livros que, erradamente, achava que seriam fundamentais para elas, eventualmente se alguém aqui me lesse também se empolgariam.

Véspera de completar dois anos não sei se o Blog atingiu seu objetivo, tive muito prazer em escrever, procurei dar o melhor de mim, mas nem sempre o nosso melhor conta. Agradeço aos amigos que leram muito me ajudou com correções providenciais de informações, de português e de estilo, isto é o que mais conta.

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0 thoughts on “161: Comédia Divina”

  1. Arnobio
    Não posso comentar Dante, soa atávico…rs
    A DIVINA é livro de cabeceira na família,
    e compartilho a sua sensação de impotência,
    os clássicos, que a meu ver ensinam tudo,
    tornaram-se “supérfluos”…
    Mundo, estranho mundo.

  2. Adorei o texto! Infelizmente tenho a mesma impressão que você: “Não temos mais com quem debater sobre os clássicos”. Não sei se isso é culpa necessariamente dessa geração ( que em parte não se interessa realmente) ou se há também uma parcela de culpa na Educação, que anda defasada.
    Seja qual for o motivo, é muito bom saber que ainda há quem saiba apreciar um bom livro. Quem tenha capacidade de se entregar a uma árdua e complexa aventura literária.
    Os clássicos são importantes, espero que a nossa sociedade reconheça isso.
    Li a Divina Comédia há muito tempo, não me recordo com riqueza de detalhes de tudo, mas QUE OBRA!
    Beijos!

  3. Arnobio,
    Persevere, pois você faz a diferença. Penso que já é hora de publicar – mesmo – o livro ‘Crise 2.0’. Sim! Você pode não ter percebido, mas escreveu uma obra que poderia sair pela ‘Boitempo’ ou pela ‘Perseu Abramo’. Abraço frateno e… até o próximo post!

  4. Arnobio, seu texto é muito bom! Serve pra despertar as pessoas e levá-las a reflexão.
    Faço minha as palavras do Silas Lima.
    Um grande abraço!

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