Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Um novo desenho econômico

196: Crise 2.0: Um novo desenho econômico

 

 

Crise 2. 0 afeta não apenas a economia mas o cérebro dos analistas, principalmente os mais ideologicamente ligados ao grande capital, alguns que tenho citado constantemente por seus excelentes artigos, que nos dão ótimas dicas sobre o desenvolvimento da Crise, de vez em quando “incorporam” os santos liberais. Hoje foi a coluna do Celso Ming, em que trata a questão do Brasil como a 6ª Economia mundial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Realmente, aquilo que escrevi ontem, em tom de chiste no Twitter, de que os jornalões de hoje viriam melancólicos com a nova classificação do Brasil, se confirmou plenamente. A leitura da coluna de Ming, a quem reputo mais seriedade no trato de assuntos internacionais do que quase a totalidade dos colunistas, não resiste ao brilho do Governo Petista, queiramos ou não FHC nos levou da 8ª Economia para 12ª posição, estes mesmo nada diziam, mas leiamos as suas lamurias.

Para começar o rosário de lamentações, ele quer proibir comemorações do feito, pois há, “O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação – e, assim, se perca o senso de realidade”. Depois emenda “Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde”.

Ora, então crescer não é uma coisa tão boa, vi ontem vários achando que não se pode realmente se ufanar, o que concordo, mas também não se pode deixar de orgulhar-se do feito, em menos de 10 anos, após o desastroso segundo mandato do “apagão” de FHC e enfrentando todas as adversidades de uma crise violenta que se arrasta e perdura por 3 anos e meio, como não comemorar?

Mas o velho Ming vai mais longe e usa uma argumentação primária, quase burra para justificar por que o Brasil virou a 6ª Economia, chega a ser risível:

“Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão”.

Caneca, canecão ou canequinha, se assim o fosse como o Japão com seu mísero território poderia ser rico? Ou a imensa Índia não está entre os primeiros. Nesta hora, este tipo de argumentação é típica de quem não tem nenhuma melhor, pega um incauto que ler pouco, sem atenção.

Depois desfila todas nossas mazelas, que já existiam em escala muito maior nos governos anteriores, mas ele repisa aqui: “A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica… e por aí vai.

No final concede algo positivo: “É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente”.

Este pensamento é quase um senso comum, que atinge não apenas os ideólogos burgueses, como Ming, mas uma gama da esquerda, tanto a que circunda o Governo, como a extrema, que têm em comum uma lógica profundamente complexa que se resume a uma frase: “Para toda Solução, eles têm um Problema


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0 thoughts on “196: Crise 2.0: Um novo desenho econômico”

  1. O feito dos governos petistas é maior, considerando-se que não apenas recuperaram o que FHC destruiu, mas avançaram. Ou seja, de 8ª economia caímos pra 10º lugar, batemos lá no 12º (olha, acho que foi mais, hein?) e em 9 anos chegamos a 6º!

    Chega a dar pena, viu? Esses caras devem perder o sono armando justificativas.

  2. Arnóbio, a burrice no comentário de Ming foi, com toda a certeza, intencional, advinda do fato de ele, como a maioria dos comentaristas e jornalistas aliados ao grande capital, apostar na burrice do povo brasileiro. Eles apostam que a maioria da nossa população não tem a capacidade que você tem de fazer uma análise crítica do que uma “inteligência brilhante” como a dele escreve…A maioria do povo brasileiro, para esta turma, não sabe nem o que é PIB, daí, a comparação com caneca se torna uma maneira “didática” de atingir o objetivo “deles”, ou seja, minimizar os feitos dos governos petistas…Na falta de argumentos sérios, ele lança mão de qualquer baboseira para tentar convencer o povo de que o sexto lugar na economia mundial é algo tão irrelevante como o fato de a China poder ser colocada em primeiro lugar em população de raça amarela: seu território é maior do que a soma dos demais, etc, etc, etc…Será que vale a pena lembrar Ming que, pela “sua ótica” o primeiro lugar deveria ser da Rússia, que possui quase o dobro da extensão do Brasil? Realmente, Ming falou bobagens além da conta, caiu no ridículo e, como disse nossa amiga marinildac, não vale a pena perder tempo com ele!

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