Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Europa é Alemã!

207: Crise 2.0: Europa é Alemã!

 

 

 

Com que poder subjuga os elementos?

Não será co’a harmonia entre ele e o mundo?

Ele a absorver do mundo as maravilhas,

e a expandi-las depois com brilhos novos?

( Fausto – Goethe )

 

As reflexões que venho fazendo nesta série sobre a Crise 2. 0 quase sempre servem para reafirmar não apenas alguns conceitos sobre Economia Política( num conceito de Marx), mas também confirmam algumas tendências que consegui perceber bem no começo deste trabalho, como por exemplo o papel da Alemanha na realidade europeia. Mais ou menos em julho de 2011 venho dizendo que a Alemanha vai engolir a Zona do Euro, cada vez me parece um processo irreversível.

 

Tenho buscado ler muitos  analistas, sem me preocupar com a matiz ideológica deles, para que possa formar um conceito mais sedimentado da “marcha alemã”, agora sem os tanques e ocupação militar da Europa, o processo é mais sutil, mas também muito mais forte. A conquista alemã passa por cima dos acordos, dos tratados da Zona do Euro, ou da Comunidade Europeia, ela se dá de forma direta, suas empresas, seus bancos, seus valores, principalmente seu padrão produtivo e tecnológico.

 

É fato comum ler e ouvir que o sonho dos europeus é ter o padrão de vida alemão, suas instituições políticas, seu poder econômico. Há uma mistura de admiração e medo, do que será uma Europa Alemã. As antigas feridas são lembradas como auto defesa pelos mais velhos, mas a visão de bem estar do país, principalmente para os mais jovens e milhões de desempregados da Europa, parece que compensa a aventura.

Os números fortes da Alemanha, são o contraponto aos decadentes de Itália ou Espanha, o superavit do país é de igual tamanho do déficit dos demais, ou seja, a transferência de riqueza e acumulação é feita na mesma proporção e vista a olhos nus. Quanto mais a Alemanha cresce, mais Itália, Espanha, Grécia ou Portugal caem. A França está no meio do caminho, ou no centro do “cabo de força”. Observa para onde se encaminha, tende a reforças o poder alemão. Enquanto os títulos da dívida pública alemã são comprados com valor negativo para os compradores, os de Itália, Espanha e até da França atingem recorde.

 

Apenas em 2011, em plena crise que explodiu a Zona do Euro, o tesouro alemão “economizou” 20 Bilhões de Euros em transações de títulos. Mesmo no pior momento de novembro, por exemplo os títulos da Itália e Espanha bateram 7% de prêmio, os da Alemanha não chegou aos 2%. É uma realidade crua demais que o Dow Jones diz : “A lista de ativos considerados seguros está encolhendo e os investidores estão tão nervosos com a perda potencial de capital que estão dispostos a pagar uma taxa de juro apenas para proteger seus recursos nos poucos ativos ainda percebidos como seguros, como os Bunds do Tesouro alemão”.


As reuniões de Merkel com seus vassalos pobres são humilhantes, desconfio que nem o FMI era tão duro na América Latina, como os emissários de Merkel com seus endividados. Os bastidores dão conta do tratamento forte e descortês de Her Merkel até com os comissários do bloco europeu. Sarkozy é sistematicamente usado como sócio menor, que se reuni em nome dela com os novos “tecnocratras”  que assumiram Itália, Espanha e Grécia. Eventualmente, quando já costurado os acordos a poderosa Dama aparece. Jamais uma mulher teve tanto poder no Mundo.

 

A Alemanha ampla ou a Europa reduzida parece ser o destino e o saldo desta Crise, mas a pergunta sempre que vem é: “O europeu, não da Alemão, aceitará ser cidadão de segunda classe? Pacificamente?”

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0 thoughts on “207: Crise 2.0: Europa é Alemã!”

  1. “O europeu, não alemão, aceitará ser cidadão de segunda classe? Pacificamente?”

    Boa pergunta! Como você mesmo diz, os “velhos” que viveram a II Guerra, os que participaram das resistências ao nazismo, talvez não. E estes devem constituir a massa de aposentados cuja renda está à perigo, não só nos países “latinos”, digamos assim, mas na Inglaterra tb. Os jovens não sei …, formam as multidões de desempregados, sem perspectivas, gente educada, instruída, que pode ter de sair das faculdades por falta de dinheiro. Como já acontece na Inglaterra, li um dia desses. Precisava ter mais informação sobre os níveis de participação política nesses países em crise. E lembrar que já houve um tempo em que diziam que a Alemanha “faz” filosofia, a França, “Política” (maiúscula) e a Inglaterra, “economia”. De todo modo, seu texto é sempre inspirador.

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