Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Europa é Alemã II

208: Crise 2.0: Europa é Alemã II

 

 

Reichstagsgebäude in Berlin: Deutschland hält sich wacker in der Krise

 

“Se é agra a vitória,

a glória é sem par”.

(Fausto – Goethe)


Ontem, em mais um artigo da série Crise 2. 0, falei que o desastre da Europa significava por outro lado o auge do poder da Alemanha ( Crise 2. 0: Europa é Alemã! ). Eis que hoje deparo-me com um artigo da Der Spiegel que confirma exatamente o que venho batendo: Crise na Europa, a Benção da Alemanha ( por Stefan Schultz) , é importante verificar que partimos de entendimento comum do que se passa na Europa.

Vamos repassar alguns trechos do que ele escreve no artigo :

“Zona do euro irá se afastar mais e mais. Itália e Espanha pagaram por seus empréstimos a juros altos, para continua a pagar os investidores e ter ainda dinheiro para tornar a sua dívida com eles.  O mesmo com a exportação e mercado de trabalho e a síntese é: Muitos países da UE sofrem, a Alemanha tem se beneficiado”.

 

A abertura do artigo resume os termos que venho tratando, os demais países da Europa entram em mais dívidas para continuar a receber “fichas no cassino”, estas dívidas se tornam um buraco sem fundo, os juros (“prêmios”) para rolar as dívidas são mais altos e os prazos mais curtos, impedindo qualquer fôlego. No sentindo oposto, a Alemanha, lança títulos a juros baixíssimos ou até negativos, como os de segunda, 3,9 Bilhões a juros negativos de 0,001. Schultz brinca no artigo dizendo “É o sonho de todo devedor: Você vai a um banco e pede um empréstimo. A resposta é: “Claro, minha querida. Por favor, certifique-se de pegá-lo e, você sabe o fim de tomar o nosso dinheiro e sim, mesmo que nós pagamos por isso !.?”.

Os investidores não são “bonzinhos” mas a aposta na Alemanha é uma certeza que ela usará de sua força política e econômica para que os outros países paguem, ou se submetam aos ditames dos “mercados”. Mas a perversa situação reflete uma questão pouco explorada, os limites do próprio Euro.  Voltemos ao que nos diz o articulista da Der Spiegel.

“Muitos países da UE sofrem, os benefícios são da  Alemanha – esta é atualmente uma regra da crise euro. Parece cínico, mas é verdade: Enquanto a crise reduz o crescimento econômico neste país, mas há também uma série de mecanismos de crise, em que a Alemanha ganha à custa de outros estados para alguma coisa.Enquanto houver na zona do euro, um grande crash, este mecanismo mitiga os efeitos da crise na própria Alemanha”.

Sim, é um círculo vicioso, quanto mais crise há nos outros países, mais a Alemanha se beneficia. O desemprego na Europa fechou em 10,3 %, enquanto na Alemanha em torno de 7%. Em comparação para 82 milhões de alemães há 3 milhões de desempregados, enquanto que há 4,5 milhões de desempregados para 45 milhões de espanhóis. Potencialmente catastrófico.

Na Espanha há grandes protestos contra o desemprego, do lado alemão há uma crescente entrada de jovens qualificados vindos do sul, o que azeitas  mais ainda a sofisticada economia alemã. Houve aumento em 84% de gregos pedindo visto de trabalho no primeiro semestre de 2011, a entrada de estrangeiros chegou a 435 mil, 19% a mais no ano passado. A atração é irresistível, solidez econômica, emprego e oportunidade. Para empresas, mão de obra qualificada e salário menor.

A própria crise do Euro, com a perda do “valor” da moeda, ajuda as empresas alemã a exportarem para o mundo, mesmo com a queda na exportação interna na Europa, mas ela significa 40% do total, para outros países os produtos da Alemanha estão mais baratos, favorecendo sua grande balança comercial e seu comércio mundial. As exportações cresceram impressionantes 83% apenas em 2011.

Ainda hoje a agência Dow Jones informa que “o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da zona do euro aumentou 3,0% “. Mais ainda que ” ritmo da expansão deverá, no entanto, se desacelerar neste ano, à medida que a demanda global diminuir e os planos de austeridade induzidos pela crise afetarem boa parte da Europa. Em dezembro o Bundesbank (o banco central do país) afirmou esperar que o crescimento econômico alemão se desacelere para 0,6% neste ano, assumindo que não haja um maior aprofundamento da crise de dívida soberana europeia. Porém as contas se equilibraram enormemente: “O déficit no orçamento do setor público da Alemanha diminuiu para 1,0% do PIB em 2011, em comparação com 4,3% em 2010, ficando dentro do limite da União Europeia, que é de 3%”. ( Dow Jones).

Não resta dúvida quem é quem na Europa, neste novo desenho da economia mundial, Alemanha se desloca da Europa, ou melhor Europa se submete ao poder daquele país, parece inexorável.

 

 

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0 thoughts on “208: Crise 2.0: Europa é Alemã II”

  1. Os países Latinos tem que aprender de uma vez por todas que tem que investir mais em educação, em pesquisa & desenvolvimento e inovação. Tem que distribuir melhor a riqueza, aumentar a produtividade e a qualidade de seu trabalho e produtos. Tem que aprender a POUPAR, a INVESTIR e a PLANEJAR A LONGO PRAZO. E, principalmente, que o futuro pertence aos mais preparados e que os países de cultura anglo-saxão só trocaram a guerra e a dominação direta porque a longo prazo poderiam exercer uma dominação mais duradoura, segura e lucrativa pelos meios econômicos. LIBERTA PER SE

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