Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Mercados "felizes"

211: Crise 2.0: Mercados "felizes"

 

 

Amigos estarão livres de mim e da série Crise 2. 0 pelas próximas duas semanas, será tempo de descansar o corpo e a mente, espero que banhado nas águas claras de Jijoca de Jericoacoara, uma bela lagoa no fim(ou começo) das dunas da praia famosa. O ano foi longo e tenso, mas vamos sobrevivendo. Antes de sair um último olha para Crise.

Ontem os mercados estava “excitados”, os analistas mais ainda, pouco faltou para um orgasmo coletivo. Quando isto acontece, quase inevitavelmente, a depressão vem depois e com muita força. A tal excitação começou na segunda com os juros negativos para títulos da dívida alemã, e os “baixos” juros da rolagem francesa. Os mais desatentos se anteciparam e vibraram: ” a crise se foi, tudo voltou ao normal”. Mas que normal é este?.

Ontem e hoje os imensos leilões de títulos públicos da Itália e Espanha, levou ao ápice às conclusões apressadas de que um novo clima, agora toma conta da Europa. Os títulos vendidos por Itália de 12 meses com juros de 2,735%, em dezembro chegou a vender por 5,9%, pareceu um sucesso total. Os da Espanha entre 3,38 a 3,91, contra os quase 5% de Dezembro. Mas aí lemos o que diz a “voz do mercado”:

“O sucesso, porém, não pode ser interpretado como o fim da crise de confiança na economia da Itália, segundo Clemente de Lucia, analista do banco BNP Paribas. A cautela tem relação com as dúvidas que persistem entre investidores no que diz respeito à capacidade do país de retomar o crescimento sustentável, único caminho para o pagamento da dívida”. ( Estadão, 13/01/2012)

 

 

O doloroso “Ajuste fiscal”

 

Lembremos que os títulos são de 1 ano, curtíssimo prazo, quando os títulos de 3 anos foram postos à venda a taxa italiana subiu para os incríveis 4,83% ao ano, mesmo que seja menor do que os 5,26% obtidos na última semana de dezembro. Chegamos a conclusão de que não o que comemorar. Os mercados contam espertamente com o lastro aprovado de 450 bilhões do FEF e com a possível entrada do colchão de 1,3 trilhões do fundo anti-crise.

Mais ainda, Itália e Espanha acabam de aprovar cortes absolutamente fortes nos seus orçamentos. No caso espanhol o novo parlamento, de ampla maioria da Direita, PP, aprovou um pacotaço, que de tão amargo pode matar o paciente. Como se lê na imprensa

“O decreto de medidas urgentes, anunciado ha duas semanas, foi aprovado com 197 a favor, 138 contra e 4 abstenções. O governo da Espanha vai congelar os salários e aumentar a jornada de trabalho dos funcionários públicos. A jornada semanal de trabalho será acrescida de duas horas e meia, para 37,5 horas. O salário mínimo, atualmente de 641, também ficará congelado”. (Estadão, 12/01/2012)

Numa manobra contábil o PP, que é maioria absoluta nas províncias, “federalizou” os déficit locais e passou a acusar o péssimo governo anterior, liderado pelo PSOE, de ter informado um déficit menor. Independente da forma golpista, o conjunto da Espanha vai de mal a pior. Mas para agradar à Alemanha, como claramente disse semana passada o Ministro das Finanças, radicalizou nos cortes do orçamento, aumentando impostos e jornada de trabalho.

“O ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, disse que o plano é duro mas necessário, e culpou a má gestão do anterior governo socialista pela herança econômica recebida. ‘A economia está paralisada, estamos às portas de uma recessão e as contas estão desequilibradas, como consequência, entre outras coisas, das péssimas decisões adotadas pelo anterior governo’, disse Montoro. ‘Era necessária uma resposta contundente.’

Concluiu ainda:

“Montoro acusou o anterior governo socialista de ter ocultado cifras que demonstravam que o país encerraria o ano com um déficit de 8%. O governo anterior havia se comprometido com a União Europeia a manter um déficit de 6%. O governo de Mariano Rajoy assumiu a meta de reduzir o déficit público este ano para até 4,4% do PIB e até 3% em 2013”.

As medidas italianas foram na mesma direção e sentido, com os mesmos planos, não é a toa que Sátrapas foram prestar contas à Sarkozy, depois serão recebidos para o beija-mão com Her Merkel. Infelizmente as notícias em economia nem são aquilo que parecem ser, a toada segue a mesma, o “ajuste” europeu será radical e penoso aos trabalhadores, em primeiro lugar, e ao povo em geral.

A deliciosa coluna de Paul Krugman é cortante sobre a estratégia alemã, a começar pelo título, “Alemãs e alienígenas”, faz uma dura crítica, deixando claro que o modelo alemão, serve apenas para ela, e que  “Não que fará algum bem, mas vale a pena assinalar que a experiência da Alemanha só pode ser generalizada se encontramos prontamente alguns alienígenas espaciais para comerciar”.

Assim ficamos, a crise continua, agora um tempo de reflexão maior para mim, um pequeno intervalo e voltaremos.

 

 

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