Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Reforma do emprego no PIGS

231: Crise 2.0: Reforma do emprego no PIGS

 

 

A parte mais visível e cruel da Crise 2.0 é a questão do desemprego e os sacrifícios impostos aos trabalhadores . No ápice de Superprodução coincide com o “pleno emprego” e os salários em alta, tudo parece correr bem, quando explode a Crise, o Capital precisa “queimar as forças produtivas”, para recomeçar um novo ciclo.

Os números da Espanha apontam exatamente em que momento ocorre este doloroso processo, a reportagem do EuroNews, nos ajuda a entender este passo a passo. Ela começa anunciando:

“Esta é uma semana decisiva para o emprego em Espanha: na próxima sexta-feira, o governo de Mariano Rajoy vai anunciar a reforma do mercado de trabalho. Com mais de cinco milhões de desempregados, a prioridade – segundo a ministra Fátima Báñez, é travar a destruição de empregos, nomeadamente, evitar que as empresas recorram ao licenciamento como variável de ajustamento.

Uma tarefa gigantesca devido à progressão do desemprego em Espanha, depois de 2008. O país iniciou o ano de 2012 com 5,2 milhões de desempregados ao mesmo tempo que a recessão se agrava”.

 

O que se nomeia como “destruição de empregos” entendemos melhor como queima de forças produtivas, tornar o trabalho como desespero e obrigar a classe a aceitar a qualquer custo, perdendo direitos e em piores condições. Recentemente, em outra reportagem do El País, sobre o mercado de trabalho na Espanha dizia que as pessoas mentiam sobre suas qualificações, escondendo, por exemplo, mestrado ou doutorado, para que conseguisse a vaga de emprego, mesmo ruim. Este fenômeno de diminuir suas habilidades também é constatado na Itália, em Portugal, uma demonstração da situação imposta pelo Capital.

A reportagem da EuroNews visitou a cidade de Villacañas, que saiu de pleno emprego para 23% de desempregados em apenas 3 anos:

 

“Villacañas, com pouco mais de 10 mil habitantes, perto de Toledo, passou-se do pleno emprego para 23% de dempregados. As fábricas locais produziam 70% das portas em Espanha. A Visel tinha 800 empregados e acaba de fechar, tal como metade das fábricas da cidade, como atesta o gerente, Raimundo García:

“- Chegámos a vender um milhão de portas por ano. Íamos a reboque da expansão imobiliária.”

Só que a chamada “bolha” explodiu. A crise terminou com 2,7 milhões de empregos em Espanha, 55% dos quais na construção civil. Rapidamente, muitos ficaram sem emprego e sem formação, por terem abandonado os estudos para trabalhar quando era fáci le tudo apontava para o crescimento econômico”.

Nem precisa muito comentário sobre os trechos acima, apenas ler abaixo que muitas pessoas abandonaram escolas para conseguir o emprego o que levou a que ” em Villacañas, 93 trabalhadores em cada 100 não frequentaram ou terminaram, sequer, o ensino obrigatório. Com o desemprego o problema tornou-se visível. Os cursos de alfabetização estão a ser mais procurados do que nunca”.

Mesmo diante deste quadro as propostas do Governo de Direita espanhol é impor mais sacrifícios, demissões de funcionários públicos, aumentar a jornada dos que ficam, congelamentos de salários, prorrogação nos prazos de aposentadorias com diminuição dos proventos.

Pouco ou nada resta aos trabalhadores espanhóis e ao povo, a não ser resistir, as várias manifestações como as de 10 mil funcionários públicos em Madrid é o caminho, nestas duras condições impostas pela Alemanha ao submisso governo espanhol.

 

Grécia e a Troika

 

Paralelo ao drama espanhol, na Europa, se assiste ao “teste grego”que se tornou fundamental neste processo. O plano que a Troika, traçado pela Alemanha à Grécia é vergonhoso, humilhante e impiedoso. Em rápidos números serão demitidos 150 mil funcionários públicos de 715 mil, mais de 20% do total, num país cujo desemprego beira os 18% e em mais de 50% dos jovens. A chantagem e pressão sob a Grécia é insuportável.

Todo o cabedal do velho receituário tentam impor e aplicar aos países falidos, um duro castigo a eles que abraçaram o  neoliberalismo de forma irresistível, agora não têm nenhuma força do Estado, vão ser engulidos pelos “amigos” de ontem, que tão docemente lhe deram dinheiro e estes destruíram seu estado.

Uma ironia como na fábula da rã e do escorpião.

 

 

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