Arnobio Rocha Política Mulheres, Donas do seu tempo

262: Mulheres, Donas do seu tempo

 

 

Encontrei um texto de 2010 sobre questão do machismo e suas raízes históricas, mas num contexto bem diferente, retirei à polêmica da vez e reescrevi boa parte dele que acho que estar atual, pode colaborar no debate no dia das mulheres.

 

Grécia nosso berço ocidental

 

 


 

Numa publicação deste blog Zeus Pai: O Deus Estado sobre Zeus, o Deus-Pai, ou o Deus Estado, aquele que concretiza o poder do Homem, macho, na cultura grega, a longa jornada de centenas de anos desde os deuses primitivos ao mais elaborados está diretamente ligado também à passagem da sociedade matriarcal a um novo poder estabelecido: O Patriarcado.

Como ressaltamos este longo período de maturação histórica a forma de representação divina cada vez mais se aproxima do rosto e formato humano. As comunidades que lutavam para apenas “sobreviver” estavam ligadas ao cultivo da terra, pecuária e a pesca. Suas divindades representam exatamente este caráter de subsistência.

Portanto, não é por mero acaso, que as primeiras deusas são ligadas à fecundidade,  na Teogonia, do poeta Hesíodo  veremos que os deuses primordiais são Caos,  e depois a Terra:

“Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também

Terra, de amplos seio, de todos sede irresvalável sempre”

 

Geia (Gaia-Terra) que tudo cria e dela mesmo gerado o céu com este reproduzirá tudo o que é vivo: Mar, Montanhas, arvore e rios. Seu culto é a ligação à terra que tudo dar e reproduz papel fundamental da mulher na definição da estrutura social, é dela que vem a vida e a possibilidade de continuar a existência.

Deusas e divindades femininas e suas significaçõe1 ,  neste anexo  contém um longo artigo em que recortei da obra de Junito de Souza Brandão sobre mitologia grega, lá as principais deusas e sua importância para o mundo Grego.

 

A representação feminina, deusas e arquétipos vão migrar conforme a sociedade vai se dividindo em classes e o papel do homem passará a ser preponderante, a ligação à terra permanece forte mas o surgimento da polis(cidades) já traz um novo tipo de agrupamento.

Conseqüentemente os deuses primitivos já não respondem aos anseios deste novo homem, ele passa olhar para estrelas, planetas e seus deuses são fundamentalmente “masculinos”: Urano, Cronos(Saturno) e Finalmente Zeus(Jupiter – Ju (deus) Piter (pai).

Esta nova cosmogonia está intimamente ligada ao destino da Polis, a educação, o poder as artes e cultura, conforme demonstramos Zeus é o ápice pagão, para o mundo grego, politeísta. Zeus já é quase um deus único os demais são submetidos a ele, a reunião das cidades-estado também fundará o estado coligado, federativo grego com a liderança política ateniense.

 

 

Pós-Grécia – Obscurantismo Religioso


A diminuição do papel feminino será radical na cultura grega, sua sucessora Romana e por toda cultura ocidental que beberá desta fonte.Pouco ou nada ajudará a condição da mulher quando o cristianismo toma lugar na religião estatal romana, perdurando por séculos a decadência e as novas sociedades que irão surgir na Europa séculos depois.

Este longo hiato cobrará um preço alto na sociedade capitalista, particularmente na segunda metade do Século XIX, quando as mulheres são levadas ao mercado de trabalho, os novos desafios e direitos sociais e a condição da mulher terá que ser revista pela sociedade do “Homem”.

O movimento socialista abraça a causa e as lutas dos trabalhadores em geral e das mulheres em particular, lutas como direito ao voto, representação será um amalgama desta união.

Obviamente que todas as demandas represadas por mais de 2 milênios de dominação do macho não se resolverá nos marcos de uma sociedade divididas em classes, cujo maior fundamento é lucro.

 

As novas demandas sociais – Mulheres no comando

 


 

 

A longa luta do Século XX as experiências da revolução russa, a necessidade de concessões burguesas, particularmente na década de 60, fez avançar a luta e o reconhecimento de diretos femininos mais amplos.

 

Mesmo assim já neste novo Século/Milênio as mulheres se sujeitam as condições mais precárias no mercado de trabalho, na hierarquia social e no reconhecimento de suas conquistas. A sociedade capitalista continua explorando amplamente os trabalhadores, mas duplamente as mulheres.

 

Obvio que nós, frutos desta sociedade machistas, mesmo militantes nos equilibramos/desequilibramos em reconhecer as legítimas e fundamentais demandas feministas. Somos pouco afeitos a entender a lógica própria desta dinâmica de exploração. A violência, a exploração sexual, o sexismo, são a forma última da dominação nossa, dos machos.

 

A ampla reparação rumo ao reconhecimento igualitário da luta da mulher passa por nosso próprio aprendizado, nossos limites. Não deixaremos de ser machistas por um passe de mágica, vamos errar feio em muitas coisas, mas o importante é querer mudar e acertar.

 

Contraditoriamente, hoje, três mulheres estão entre os personagens mais importante do planeta: Angela Merkel, Hillary Clinton e Dilma Roussef, quebrando a lógica masculina de mando na sociedade, é pouco, mas é um caminho, para minhas filhas e mais meninas saibam que elas podem chegar ao poder e mudar o mundo.

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0 thoughts on “262: Mulheres, Donas do seu tempo”

  1. sabe o que estou interessado ver a microdinâmica dessa relação de dominação que você citou aí acima, pois muitas vezes uma ideia dessas serve apenas como um modo de se defender, uma defesa no sentido de Freud, sei que há resistências quanto a esse teórico, com aquele papo de “inveja do pênis”, e tal, mas isso é pra mascarar o que, na psicanálise, há de revolucionário.

  2. E a revolução feminina ainda não terminou! Há muito ainda para alcançarmos. Precisamos provar que não somos o sexo frágil!

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