Arnobio Rocha Reflexões Inaptidão Musical

263: Inaptidão Musical

 

 

Bem, já não lembro se escrevi aqui sobre algumas grandes frustrações pessoais,como por exemplo nunca ter aprendido tocar qualquer instrumento, meu completo analfabetismo musical, não saber diferenciar um acorde melódico de outro, mesmo sendo apreciador de música e de sons, fui incapaz de vencer minhas inabilidades. Tentei pelo menos três instrumentos: Violão, Saxofone e Piano e nada.

 

Confesso que tentei algumas vezes dedilhar um violão, quando tinha uns 8 ou 9 anos, meu irmão comprou, ou ganhou, um belo violão, influência de um tio, pouco mais velho que ele, que toca muito bem, além de cantar também. Vendo lá em casa, cheguei a pegar para aprender, mas as mãos jamais obedeciam ao cérebro que dava os comandos de que posição fazer. Pior ainda, quando ajustava a posição da nota musical, não conseguia dedilhar as cordas para obter a sonoridade, muito menos fazer a transição de uma nota à outra. Ou seja, um desastre completo.

 

Muito tempo depois estava completamente apaixonado por saxofone quando fui enfeitiçado por Charlie Parker, ouvia o Bird tocar e imediatamente pensava, vou aprender, tenho que tocar alguma coisa, é som mágico, certa vez, na Escola Técnica tive às mãos um Sax e vi, mais uma vez que não conseguia nem sobrar, imagina sincronizar notas e sopro, perdi mais uma, definitivamente aquilo não era para, melhor ouvir mesmo.

Ficheiro:Charlie Parker, Tommy Potter, Miles Davis, Max Roach (Gottlieb 06941).jpg

Por fim o piano, órgão, algo que aparentemente teria um pouco mais de lógica, minha filha Letícia, começou a tomar aulas na escola municipal de iniciação as artes(EMIA), fiquei maravilhado, os cadernos de teoria musical ali, agora parecia fazer sentido as notas, ela com as mãozinhas pequenas produzindo pequenos trechos, me empolguei, mas, mais uma vez não fui além de aprender as notas, um grande avanço, mas não suficiente para tocar nada.

 

Quem sabe terei paciência e volte a tentar, nos meus 42 anos ainda não fui capaz, dedilhar apenas as teclas do teclado do computador que estão sendo substituídas por toques em tela, logo agora que aprendi a teclar com mais de 2 dedos??? Definitivamente prometo me dedicar mais…

 

Ao mestres com amor e devoção

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0 thoughts on “263: Inaptidão Musical”

  1. Amigo, eu estava neste show do Tom Jobim na praia de Ipanema, num final de tarde de verão. Imagine a cena: o Electra da Varig passando baixinho enquanto ele tocava Samba do Avião, as pessoas emocionadas vendo o sol se pôr, as crianças brincando junto da água, total encantamento. Minha filha tinha na época uns três anos de idade e também nunca esqueceu este dia.
    Mas você e o Caetano têm razão: como é bom poder tocar um instrumen-tô.

  2. Caros Arnobio, Silas e Erico

    Música é simples. Está dentro de todos nós. É uma relação dualística entre silêncio e som, muito bem lembrada por Lulu Santos e que poucos de nós prestamos atenção.

    Há muito tempo atrás, mais ou menos enquanto criavam uma poderosa mitologia, os gregos procuraram facilitar o aprendizado da música estabelecendo os famosos “modos” musicais que hoje denominamos escalas jônia (maior), dórico(menor), frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio. Quase ninguém “inova” nisso até J. S. Bach, digo “inova” entre aspas porque ao mesmo tempo em que os modos gregos se tornavam o padrão musical de uma civilização, muitas outras formas de música habitavam o nosso mundo. As escalas musicais indianas, o cantar dos mujaidins árabes não são descritos por estes modos gregos, por exemplo. Tampouco as canções lakota dos nativos ameríndios.

    Reparem agora, amigos, em algo curioso e interessante.

    Entre os que reputamos como musicistas verdadeiramente geniais, muitos não têm formação musical. Podemos começar esta lista com W. A. Mozart cuja lenda diz que aos cinco anos ouviu um concerto em uma igreja e o reproduziu em casa. Ou, entrando no século XX, podemos encontrar Robert Johnson – reputado como um dos pais do blues – cuja lenda diz ter aprendido tocar a guitarra numa encruzilhada, com um contrato demoníaco.

    Mesmo nesta terra Brasilis, quem teria oferecido lições formais de música ao mestre Dominguinhos? O mestre Martinho da Vila teve lentes de direito, mas não tutores em música. O mestre Donga não teve professores para criar o primeiro samba.

    Comentei com Arnobio, no twitter, sobre o método da gaita de fole escocesa. Diz-se, até hoje, que a gaita de fole não pode ser ensinada, que quem quiser aprendê-la há-de se trancar em um quarto com o instrumento e só de lá sair quando, finalmente, estiver possuído pelo espírito do instrumento céltico.

    Por isso, amigos, se tocar um instrumento é algo que lhes apraz, não receiem!

    A música está em vocês, basta aprender a escutá-la. No que ela é silêncio e no que ela é sonora. Um conselho: para cada instrumento existem dezenas ou centenas de “métodos”, se for tomar particularmente o violão, acho que podemos contar aos milhares. Não há qualquer garantia de que qualquer destes métodos funcione para o seu aprendizado. Mas, a música ainda estará lá, dentro de vocês.

    Lembro que Beethoven perdeu a audição. Ser surdo, como de resto a cegueira, não implicam em viver no silêncio e na escuridão. Ainda assim haverá ruído e luz, a diferença é que não distinguir-se-á todos os comprimentos de onda. Pois, mesmo surdo, o alemão ainda era capaz de “lembrar-se” dos sons e nos brindou com a bela “Coral”.

    Eu tive tutores de música dos 7 aos 11 anos. Conservatório musical. Onde me ensinavam a tocar o piano. Era de um ensino rígido, escolástico cheio de regras até para sentar ao instrumento. Fiquei aliviado quando não tive mais a obrigação de estudá-lo. Para quem já executava peças clássicas ao piano, hoje mal consigo martelá-lo como… como… o Chris Martin, do Coldplay. No mais das vezes, fica bonitinho como o teclado da banda inglesa. Aprendi que, para mim, não era importante perseguir a excelência de um Thelonius Monk ou Tom Jobim, mas que tinha que ser divertido.

    Se decidirem, façam assim: divirtam-se!

  3. Que comentário o do Sérgio, Arnóbio! Que aula! É isso o que eu te dizia outro dia sobre comentários no seu blog.Você pode achá-los poucos, dando uma idéia de falta de ressonância, mas de repente vem um desses que completa, ou se articula, com a sua postagem de uma maneira tão forte que passa a fazer parte da matéria.

  4. Também não tenho esse talento: tocar um instrumento.
    Se já sofri por isso? Na verdade, não. Um pouquinho de frustração, quem sabe.
    Talvez a frustração fosse maior se tocasse alguma coisa, jamais tocaria o violão de Darcy Villaverde, de Nonato Luiz, de Turíbio Santos, de Andres Segovia, ou ainda o piano de Tom Jobim ou de Artur Moreira Lima.
    Cada um com o que zeus lhe deu, satisfaço-me plenamente com o que ele me deu: ouvido.
    Um abraço

  5. Verdade incontestável no comentário do @agoraquando. Gosto de música, mas não a ponto de querer tocar algo. Meus pais me obrigaram a estudar piano por 9 anos! NOVE! Nove anos de Conservatório, nove anos de Carl Czerny, nove anos de varinha nos dedos da professora Elisa, pqp, nem gosto de lembrar! Hoje nem o bife sei tocar mais. Música não é para todos.

  6. carrego a grande frustração de não conseguir tocar um instrumento musical. já na faculdade, comprei um violão, entrei na escola de música, e foi um fracasso retumbante. anos depois, meu irmão adorado tocava de ouvido o violão e também baixo. ele partiu para sempre, e o violão passou para minha sobrinha, que aprendeu bastante coisa mas desistiu das aulas e do instrumento. hj, mais uma vez abandonado. meu violão traz nossas histórias. não musicadas.

  7. Minha irmã, 9 anos mais velha, estudava piano e eu sonhava com o dia em que eu faria o mesmo. Faltando 2 anos para completar o curso no Conservatório, e já tendo estudado por 9 anos, ela desistiu. Minha mãe, de tão revoltada, vendeu o piano. E eu… dancei!
    Anos depois, comecei a trabalhar com música. Fui divulgadora, produtora, até iluminação de musicais eu fiz.
    Em Brasília fui sócia de uma produtora de muito sucesso nos anos 90.
    Sou casada há 23 anos com um músico, que conheci através de um cantor de muito sucesso, com quem eu trabalhava na época.
    Tudo isso estou enumerando para concluir dizendo que sou daquelas que toca até campainha desafinando.
    beijo

  8. Duvido Arnóbio, que vc tenha inaptidão musical. A música está dentro de todos nós, extraí-la é que faz a diferença. E como fazer isso? O que observo é que as crianças não têm esses bloqueios. Elas são mais livres, leves e soltas. Qualquer objeto pode fazer parte de uma bandinha. Os bebês já começam a batucar como se tivessem nascido para a música. Sugiro que vc procure um instrumento mais simples inicialmente e comece a curti-lo. Não se preocupe com os avanços, apenas toque-o e curta. :)

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