Arnobio Rocha Mitologia Os sete contra Tebas

283: Os sete contra Tebas

 

 

 

Tema: Tragédia

 

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Édipo se exila em Colono, nas proximidades de Atenas, sua imensa tragédia abala Tebas, matou seu pai, Laio, sem saber, livra a cidade da maldição da Esfinge, é recebido como herói e a jovem rainha viúva é lhe oferecida como esposa. Sem saber tratar-se de sua própria mãe, aceita o enlace e juntos têm quatro filhos: Etéocles, Polinice, Antígone e Ismênia.

 

Novo mal se abate sobre Tebas, uma nova estiagem, a terra infértil, fome e peste. Tirésias convocado para decifrar o oráculo, põe a nu a relação incestuosa, Jocasta se mata, Édipo cega a si mesmo e se vai de Tebas. Creonte, o irmão de Jocasta, assume o Trono de Tebas, enquanto os irmãos Polinice e Etéocles crescem para no futuro decidir quem será o rei. A primeira medida dos dois é expulsar o Pai, pois parecia a fonte de todo mal, este os amaldiçoa, dizendo que ambos morreram por suas próprias mãos.

 

O Livro

 

 

 

Já adultos, os irmão, decidem que se revezarão anualmente no trono, primeiro Etéocles depois seria a vez de Polinice. Entretanto, Etéocles não cede à vez ao irmão, este busca exílio em Argos, sendo recebido por Adrasto, rei da cidade, que dará uma de suas filhas em casamento. Polinice , com o apoio das tropas do sogro, decide reivindicar o trono de Tebas.

 

Tebas está sitiada, Etéocles convoca o povo à luta:

Cidadãos de Cadmo, é preciso falar sobre a manobra oportuna:

ao observador que acompanha a situação, na popa da cidade,

com o leme na mão, não é permitido adormecer.

Se, pois, a nau bem conduzirmos, a responsabilidade é divina;

do contrário – oxalá não aconteça – uma desgraça sucedesse,

só o nome de Etéocles, de um extremo a outro da cidade,

seria muito celebrado por seus concidadãos com hinos gravese cantos lancinantes…

 

 

Adrasto e Polinice  se uniram a  mais cinco heróis para a expedição, sendo assim sete comandantes, sendo Adrasto o maior e mais experiente o comandante em chefe. Além deles estão associados: Tideu, filho de Eneu; Anfiarau, primo de Adrasto, neto de Melampo e adivinho, como o avô; Capaneu e Hipomedonte, da família real de Argos; e Partenopeu, filho de Atalanta. Com grande número de guerreiros, fortes e bem armados, param diante das setes portas, das sete muralhas da cidade.

 

Do outro lado das muralhas de Tebas, Etéocles,  posiciona seus seis melhores comandantes e pessoalmente assume a defesa da sétima porta:

 

“No que me diz respeito, vou às saídas das sete muralhas,

onde posicionarei seis guerreiros –comigo o sétimo

para enfrentar os agressores de maneira grandiosa,

antes que nos surpreenda o rumor arrebatador

e inflame-nos a chama da urgente necessidade”.

 

Etéocles opôs ele próprio ao irmão e convocou mais seis heróis tebanos para repelir os invasores — sete contra sete. Cada comandante argivo enfrentou um adversário tebano diante de cada uma das sete portas de Tebas e, cada uma delas distribuídas conforme a força do adversários, sendo a sétima porta defendida por Etéocles que enfrentará à Polinice:

 

“Tumulto de guerra invade Tebas: aprisionada

em suas próprias torres: guerreiro contra guerreiro

pela lança sucumbe”.

 

O Mensageiro anuncia à Etéocles:

 

“apostado diante da porta Sétima: teu próprio irmão.

Contra Tebas lança toda sorte de imprecações e maldições,

e após escalar as muralhas será proclamado senhor de Tebas,

entoando um cântico de conquista.

Almeja o duelo contigo e matando-o quer morrer ao teu lado,

ou deixando vivo o homem que o baniu e o desonrou,

no desterro fa-lo-á pagar na mesma moeda”.

 


Etéocles parte para o combate mortal, mas antes se lamentar da sorte funesta de sua família:

 

“Ah! Enlouquecida e grandemente abominada pelos deuses,

Ah! raça de Édipo – a minha – multi-miserável.

Ai de mim, pois as maldições de um pai chegam a seu termo.

Mas convém não chorar nem lamentar-me

para que não se crie gemido intolerável”.

 

A luta singular leva os irmão à morte, mas os tebanos, rechaçaram o ataque e todos comandantes do exército invasor caíram por terram exceto Adrasto, que conseguiu fugir graças a seu cavalo  Árion. Mas, mais uma vez a maldição dos Labdacida(Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas ) acontece e ambos morrem.

“Tebas, enfim, escapou do jugo escravo.

As jactâncias dos inimigos violentos sucumbiram.

A cidade está em paz e não deixou

mar entrar, apesar das múltiplas investidas da onda.

As fortificações tebanas protegem e defendemos as portas

com guerreiros aptos ao combate singular.

Tudo perfeito temos nas seis portas.

Mas o senhor do Sete, o soberano Apolo,a sétima porta

reservou para si,a fim de cobrar da raça de Édipo

os antigos desvarios
de Laio”.

 

Comentário: A trilogia Tebana, já analisada por nós em Édipo Rei ou a maldição dos Labdacidas e também em Antígone – Liberdade ou Morte, mas tem aqui nesta peça escrita por Ésquilo seu elo de ligação entre os tempos da outras. Aqui a violência da Terra Tebana tem seu ápice na luta pelo poder entre os irmãos. O castigo de sangue, passará de geração a geração como visto no primeiro artigo.

 

 

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