Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha em queda

326: Crise 2.0: Espanha em queda

 

Sergio Perez/ Reuters

 

Mesmo não sendo mais meu objetivo seguir diariamente os fatos e desdobramentos da Crise 2.0, a Espanha não me deixa pensar em outras coisas, pois caminha, objetivamente, para uma explosão igual a grega, mas de proporções muito piores.  Já tinha escrito o começo desta ideia semanas atrás : Crise 2.0: Espanha, outra Grécia? . Mas a questão degringola de foram rápida demais.

 

A elite dirigente, de gosto duvidoso, também exposta aqui ontem no artigo sobre o Rei caçador de elefantes ( Crise 2.0: O Caçador de elefantes , apenas torna pior o sofrimento do povo e a raiva com quem os comanda. Na semana do Safári Real os preços de tarifas públicas tinham sido majoradas como as do metrô de Madri, uma série de indicadores econômicos piorados, mas a insensibilidade real falou mais alto.

 

Ontem um derrotado Mariano Rajoy discursou no México, no “Forum Econômico Mundial América Latina” , disse que já fez tudo para evitar o resgate, porém não é esta a sensação no mundo. Os dados  e a percepção não bate com o que disse rajoy. Segundo o Estadão:

“A Espanha voltou a ser o foco na crise de dívida europeia nas últimas semanas após o governo ter informado que não vai conseguir cumprir com a meta para o déficit orçamentário este ano acordada com a União Europeia, e em meio às crescentes preocupações sobre como a economia da Espanha crescerá e criará empregos.

“Apesar das medidas positivas tomadas recentemente, como o pacto fiscal europeu, estamos vivendo um novo episódio de credit crunch na zona do euro que está nos conduzindo à recessão este ano”, afirmou Rajoy”. (Estadão 18/04/2012)

 

A Economia continua em queda, mesmo assim, Rajoy, segue meticulosamente as imposições da Troika, fez um corte radical no orçamento, de 27 bilhões de Euros, mas como o “Deus mercado” não lhe deu respostas, agora propõe cortar mais 10 bilhões, em Saúde, Educação e serviços públicos. Parece um buraco sem fundo, quanto mais corta, mais piora a vida da população, mesmo assim, para o “mercado” ainda parece pouco. A radical flexibilização do mercado de trabalho, que facilita demissão, não reverteu o quadro de desemprego, pelo contrário, aumentou.

 

A decadência espanhola, assim como a italiana, são de extrema preocupação na Zona do Euro, pois juntas são 33% do PIB da Zona do Euro, ambos países experimentam governos fracos, capturados pelo mercado, via Goldman Sachs e , no caso espanhol, dois ex-burocratas do Lehman Brothers e FMI, Finanças e Fazenda. Parece óbvio, que, salvo uma intervenção do BCE e UE, a situação tende à falência, se deixar a solução ao “Deus Mercado”.

 

A queima de forças produtivas continua intensa, o desemprego aumenta, mas também há queda nos preços de imóveis, neste primeiro trimestre queda de 7,2%, o que piora ainda mais o resultado dos bancos. No trimestre anterior houve queda de 6,8, este índice vem em queda desde 2008, o que está em linha com  a queda geral da economia espanhola. Nos EUA a queda começou em 2005 e foi em 6 anos de 33%. Como estamos afirmando a curva de queda geral, ou o momento de superprodução de capital, que provoca a crise, nos EUA se deu em 2005, na Europa em 2008.

 

Os bancos espanhóis enfrentam terrível crise, há rumores que o Santander busca um comprador imediatamente, salvo operações no Brasil e alguns países da América Latina, o banco estaria falido. Mesma situação enfrenta a Telefónica, que tem no exterior a parte “boa” de sua operação, na Espanha enfrenta graves problemas e em plena crise, ano passado, mandou cerca de 7000 trabalhadores embora, gastando 500 milhões de Euros pelas demissões.

 

Mesmo diante de toda Crise, Rajoy, encontrou tempo para ameaçar Argentina que recém reestatizou a a YPF, que era controlada pela espanhola Repsol, segundo governo argentino não investia no país. Rajoy estendeu a ameaça a toda América Latina, inacreditável sua atitude, pois Telefonica, Santander dependem vitalmente destes países, a eterna arrogância espanhola de sempre, a mesma que fez Juan Carlos mandar Hugo Chavez calar-se, agora é repetida por Rajoy.

 

Em tempo, o Rei caçador saiu do hospital e disse arrependido, que isto não voltará a acontecer, sinceramente torcemos que não, mas é mais provável que sim. Um país em crise, de cima a baixo, não nos garante, pelas ações correntes, qualquer gesto de humildade, os dirigentes continuam agindo como se nada acontecesse.

 

 

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0 thoughts on “326: Crise 2.0: Espanha em queda”

  1. A impressão, na relação da Espanha com os países Latino-Americanos, é que ela ainda pensa em nós como ex-colônias, basta falar grosso que todo mundo vai dar três pulinhos. Já se foi esse tempo.

  2. Olá, Arnobio! Se eles preferem manter a reputação do Euro e serem cordeiros de Merkel e Sarkozy, só temos a lamentar e esperar a derrocada. Aportes de dinheiro não salvarão definitivamente. Abraços!

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