Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha – A Nau da Insensatez

Crise 2.0: Espanha – A Nau da Insensatez

 

Repressão à greve na Educação - Foto El País

Ontem começamos a analisar a reunião do tal G8(sic), que na verdade é uma confraria de ex-ricos, aqui na série Crise 2.0, o que parece engraçado, no fundo é trágico, por exemplo no artigo Crise 2.0: Espanha submissa, vimos a desastrada tentativa de Mariano Rajoy se mostrar importante ao mundo, enquanto a vida real espanhola é um completo desastre, a nau que carregava a poderosa Merkel, trazia um sorridente envergonhado, capacho, Rajoy, mas assim é porque a Espanha hoje é uma Grécia de grandes proporções.

 

Como nada que estar ruim, não possa piorar, o Senhor Rajoy, no seu devaneio de importância, que não tem, declara que não deseja o EuroBônus, realmente é um mero bozó da Senhora Merkel. A política de Austeridade vai acabando com a mínima esperança de que a Europa possa se tornar unida e solidária, em particular países como a Espanha, de Rajoy, Portugal, Grécia, Irlanda e até a Itália se tornam inviáveis, mais sacrifícios pouco ou nada adianta no estágio atual. Talvez uma flexibilização da política de exportações e superávits da Alemanha, fosse muito mais eficaz.

 

A estupidez é tamanha a agência Dow Jones desmente categoricamente as afirmações de Rajoy: “A Espanha e a Itália, os países mais frágeis fiscalmente da zona do euro, estão arcando com o ônus de uma onda de vendas de seus bônus soberanos, ligada às preocupações com a estabilidade política na Grécia e a potencial saída do país da zona do euro.O yield (retorno ao investidor) dos bônus do governo de dez anos da Espanha subiu hoje 0,024 pontos porcentuais, para 6,296%, um nível que analistas temem que pode ser insustentável no longo prazo”.

 

Mas, mesmo com todo o esforço do Governo da Extrema-Direita espanhola, do Senhor Rajoy, o país que aceitou goela abaixo os planos do Ministério da Fazenda alemão, o que se vê é a continua piora dos índices do país, este patamar dos yelds acima de 6%, por mais de uma semana, acende uma luz vermelha de que o país não tem como cumprir suas metas, a sua credibilidade é baixa. O primeiro plano de cortes, que publiquei ontem via El País, repassou o esforço fiscal de corte  às províncias na ordem de 34 bilhões de Euros.Além deles o plano nacional de cortes na Saúde e Educação prevê cortes de mais 10 bilhões de Euros.

 

O  resultado prático da medidas, até agora, são: Menos credibilidade internacional com os juros mais altos dos títulos da dívida, queda no PIB( – 1,7% pra 2012), a banca espanhola em estresse sendo rebaixada semanalmente com classificação de alguns bancos inferiores, quase “podres”. Menor arrecadação e aumento do desemprego, desde a posse de Rajoy subiu de 21,7 para 24,9%. Com um detalhe cruel o plano de austeridade tem duas medidas trabalhistas pesadas: Corte de Funcionários públicos (apenas na educação serão 40 mil professores) e flexibilização para demissões nas empresas privadas, com mini-indenizações correspondente a 20 dias de trabalho. O que ajuda as empresas a demitir que ganha mais e contratar por menos, sem ter que pagar caro por isto.

 

No El País de hoje : “Espanha não vai cumprir o seu déficit prevê a sua economia sofrerá dois anos de recessão, de acordo com as previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu relatório semestral divulgado hoje em Paris. Em 2012, o PIB espanhol vai diminuir em 1,6% e a contração será de oito décimos em 2013, como resultado do impacto na demanda doméstica “medidas de consolidação orçamental e de desalavancagem do setor privado”, diz a OCDE, que alerta que a previsão pode piorar, dependendo da evolução do prémio de risco e seu efeito sobre os custos de financiamento privado”.

 

As consequências são uma possível geração perdida nas palavras da OIT em seu relatório anual, publicado pelo mesmo El País de hoje: “Os jovens estão que estão sofrendo as consequências da crise econômica, portanto, que há um risco de que estamos diante de uma geração perdida em países como Espanha e Grécia, como alertou a Organização Internacional do Trabalho. Ao apresentar seu relatório anual sobre a situação do emprego , que teve lugar na terça-feira em Genebra, o diretor do Setor de Emprego da OIT, José Salazar Xirinachs tem repetidamente referido nos casos de Espanha e da Grécia e outros países europeus com altas taxas de desemprego entre os jovens”.

 

Um país em estresse absoluto e seu máximo dirigente se dando ao luxo de ser sabujo do seu feitor, daquele lhe empurra ao abismo, que lhe impõe planos para que seu esforço garanta que o país pague religiosamente sua balança deficitária com a Alemanha na ordem de 270 bilhões de Euros em 11 anos, além de seus compromissos com os bancos alemães. E os indignados do tal “ocupe” se recusaram a votar, permitindo que o PP tenha mãos livres no parlamento para fazer o que quiser, é um tragédia, a nau da insensatez, no mar revolto. Pobre, Espanha!

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