Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha – Mais Dinheiro aos Banqueiros, o Céu não é o Limite!

Crise 2.0: Espanha – Mais Dinheiro aos Banqueiros, o Céu não é o Limite!

 

Espanha - Banqueiros Salvos - e o Povo?

Esta semana escrevi aqui na série Crise 2.0, tendo como centro o “resgate” aos bancos espanhóis, foram vários posts, em que alertava que os tais 100 bilhões, não só não resolveria, como seria pouco diante do imenso apetite do “Deus Mercado”, leia-se especuladores, ladrões de casaca, burocratas e toda sorte de cretinos que se aproveitam de um país numa crise profunda e mais uma vez se locupletam, contando com a colaboração e conivência das autoridades destes países, situação vexaminosa diante do caos que vivem.

 

Repassando, quando o Bankia, quarto maior banco espanhol pediu intervenção do governo espanhol, em 09 de maio de 2012, imediatamente se rubricou um decreto de ajuda no valor de 4,8 bilhões, que somado à renúncia de outros 4,5 bilhões de Euros já injetados em 2010, perfaziam o salvamento em 9,3 bilhões. Uma semana um novo crédito de 4,2 bilhões foi pedido para completar o resgate. Porém, mais uma semana depois, verificou-se que seria necessário mais 10 bilhões, a conta final chegou aos 23,5 bilhões, quatro vezes a mais do que se anunciou em 09/05/2012. Nesta data, dia 18 de maio, houve uma corrida aos caixas do Bankia com saques de mais de 1,2 bilhões de Euros, estabeleceu-se um pânico.

 

Em apenas 3 meses de 2012 saiu da Espanha 97 bilhões de Euros, uma espetacular fuga de capitais, patrocinada em grande parte pelos banqueiros espanhóis. Olhando a linha do tempo em 9 meses, de julho de 2011 a março de 2012, a fuga chegou aos inacreditáveis 194 bilhões de Euros, cerca de 13% do PIB espanhol. Os dados de Abril e maio, apontam que mais 70 bilhões saíram do país, estes valores não são oficiais, mas coerentes com os movimentos bancários de saques de mais 900 milhões ao dia. Um conta rápida chegamos aos 250 bilhões, portanto, dizemos categoricamente aqueles 100 bilhões dados pela UE aos bancos apenas estacariam a sangria, não resolvendo o problema.

 

Uma pequena ironia, se me permitem, o Sr Botín, falou que com 40 bilhões tudo estaria calmo, traduzindo melhor, multiplique-se qualquer palavra de banqueiro espanhol por 4, talvez se chegue a um número próximo da verdade. A outra ironia, o Sr Luis Guindos, falou sábado dia 8/06, que a Espanha precisava de apenas 60 bilhões, mas aceitou os 100 como forma de reservas. Mais uma vez multiplique-se por 4, aí nos aproximamos do tamanho do rombo, verdadeiro das contas espanholas, uns 240 bilhões de Euros.

 

Confirmando o que dissemos depois  aqui, de  que o valor de 100 bilhões era pouco:  “Lembro ainda, que alertei para basófia do Senhor Botín, Presidente do Santander, no início da semana, vestido de Chapolin Colorado, ao lado do “fanfarão real”,  caçador de elefantes , o sem ironia, D Juan Carlos. Disse o Sr Botín, que “com 40 bilhões de Euros”, o sistema bancário espanhol estaria limpo. Imediatamente comentei que o Bankia ao ser resgatado se previu gastar 9 bilhões de Euros, e duas semanas depois a conta chegou ao 23,5 Bilhões, então desconfiava que estes 40 bilhões era apenas cortina de fumaça. Hoje, a mesma Fitch, confirmou que apenas o resgate imediato dos bancos espanhóis, deverá atingir os 100 bilhões de Euros.

Ou seja, a Bolsa-Banqueiro é um saco de depósito, que o céu não é o limite”. ( Crise 2.0: Operação Resgate da Espanha dia 08/06/2012)

 

Ontem começou uma nova onda de tensão com a notícia que os bancos espanhóis precisarão de mais  60 a 70 bilhões de Euros( lembram da conta do Sr Botín 40 x 4 = 160 bilhões), conforme matéria da Agência Dow Jones, diz que:  “Uma auditoria sobre os bancos na Espanha, que mostrará o tamanho do resgate europeu, deve ser finalizada até segunda-feira, disseram duas fontes à Reuters nesta quinta-feira, com uma dizendo que o número ficará entre 60 bilhões e 70 bilhões de euros. A auditoria das consultorias Oliver Wyman e Roland Berger estava marcada para ser completada até 21 de junho, mas será acelerada porque o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, quer o estudo em mãos no começo da próxima semana para fornecer detalhes sobre o resgate a bancos na cúpula do G20 em Los Cabos, México, disseram as duas fontes. “O governo terá o número principal dos auditores sobre as necessidades para o setor financeiro espanhol na segunda-feira”, disse uma das fontes”.

 

A notícia caiu como uma bomba no final da tarde de ontem, conforme escreveu o Estadão, com disparo, mais uma vez do prêmio de risco espanhol próximo aos 7%, valor até maior que antes do 100 bilhões: As desconfianças crescentes sobre a Espanha já levantam temores de que o país precisará de resgate externo mais amplo e poderá perder sua classificação de grau de investimento nos próximos meses. O alerta foi disparado hoje pelo comportamento dos títulos espanhóis, cuja taxa de retorno bateu novo recorde da era do euro ao encostar na marca fatídica de 7%, que havia levado Grécia, Portugal e Irlanda para o socorro da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional”.

 

Esta piora foi acentuada devido ao fato de que com a ajuda de 100 bilhões a Espanha não poderá mais lanças autonomamente títulos de sua dívida, aumentando o risco de calote com o aumento da dívida atual,  a agência de Riscos Moody’s rebaixou a Espanha a um nível acima do grau especulativo, perdendo a condição de grau de investimento, um verdadeiro desastre pra quarta maior economia da Zona do Euro, que mesmo com esta “capa de proteção”, está numa posição pior que a maioria dos países da América Latina, por exemplo.

 

O medo toma conta da Europa pois, segundo a reportagem “A Espanha é, atualmente, a principal preocupação dos investidores globais, conforme especialistas consultados pela Agência Estado em Londres. Até mesmo as tensões com a Grécia – cujo destino na zona do euro pode ser selado com as eleições no domingo – tornam-se relativamente modestas diante dos estragos potenciais que podem ser causados pela Espanha. O recente alerta de socorro feito pelo Chipre revela mais um país quebrado pela crise, mas acaba passando praticamente despercebido em meio à turbulência espanhola. Bastante ligado à Grécia, o país é bem pequeno e a ajuda esperada é de cerca de € 4 bilhões.

 

A situação fica alarmante  para  Christian Lawrence, estrategista de câmbio do Rabobank, a votação grega deste final de semana será fundamental para traçar o futuro espanhol. “A questão já não é mais o que a eleição significará para a Grécia, mas sim o que significará para a Espanha”. Para Henry Stipp, estrategista de emergentes da gestora Threadneedle, a Grécia dá dor de cabeça, mas o grande problema é realmente a Espanha, já que a ajuda de até € 100 bilhões oferecida aos bancos não foi sufic
iente para acalmar os investidores. Segundo ele, essa é inclusive uma questão relevante para os bancos centrais da América Latina, onde o Santander tem posição de destaque. “O Santander está em melhor condição e não deve sofrer tanto, mas os BCs latino-americanos precisam estar preocupados com possíveis efeitos.” (Estadão 15/06/2012)

 

O maior reflexo do problema espanhol é na Itália que “sofre atualmente com os reflexos do nervosismo que toma conta da Espanha. Desde que a situação espanhola se deteriorou, os investidores passaram a especular com o membro que é considerado o próximo elo mais fraco da zona do euro. Não há fatores novos ligados especificamente ao contexto italiano que estejam por trás da aversão. Mas o país está sentindo o risco do contágio espanhol, um movimento sempre perigoso. Nesta quinta-feira, a indisposição dos investidores ficou evidente com o resultado do leilão de € 4,5 bilhões em bônus italianos. A taxa de retorno dos papéis de 3 anos atingiu 5,3%, acima dos 3,9% de operação similar realizada em maio”.

 

Mais uma ironia da vida, que se só se revela nas grandes Crise: “Dois pontos principais ainda diferenciam a Itália da Espanha. O primeiro é que o primeiro-ministro Mario Monti é bem avaliado pelos investidores. O segundo é que o país não viveu uma bolha imobiliária; portanto os bancos não estão lotados de ativos imobiliários “podres”.

 

Ou seja,  Mario Monti, é “nosso”, do Deus Mercado, mas nem assim escapará do caos. Os olhos todos voltados para domingo grego e segunda o resultado da auditoria espanhola…que mundo estranho!

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0 thoughts on “Crise 2.0: Espanha – Mais Dinheiro aos Banqueiros, o Céu não é o Limite!”

  1. Meodeos, e o povo todo na Eurocopa…

    Que tal a Alemanha sair da Zona do Euro e os banqueiros saírem do planeta? Enviamos todos a uma colônia bandeirante em Marte.

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