Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Cúpula do Euro – Hollande 1 x 0 Merkel

Crise 2.0: Cúpula do Euro – Hollande 1 x 0 Merkel

 

 

Começamos a analisar a reunião da Zona do Euro, aqui na série sobre a Crise 2.0, com os primeiros documentos e declarações à imprensa dos principais líderes no post : Crise 2.0: Cúpula do Euro, Há Saídas para Crise?, fiz questão de relembrar as outras reuniões e seus impasses, em regra oriundos da forma com que a Chanceler Alemã, Angela Merkel, trata seus parceiros, o desprezo pelas imensas dificuldades dos países mais atingidos pela Crise. Porém, com o agravamento da situação na Espanha e Itália, acendeu a luz vermelha geral.

 

A reunião da cúpula do Euro, convocada extraordinariamente , devido os impasses da anterior, com o longo embate entre Hollande, recém-eleito Presidente da França, exigiu uma série de debates preparatórios, convergindo uma aliança ampla, sob a liderança de Hollande, que tornou a posição alemã inviável. A Chanceler Merkel, fez suas devidas bravatas, para consumo interno do país, mas que a real politik  fez com que ela discretamente recuasse, como declarou hoje o Presidente francês: “…Felizmente, (a chanceler da Alemanha Angela) Merkel voltou-se para a direção que eu queria… Nós precisamos agir em apoio aos países que precisam: Espanha e Itália”. Não é pouca coisa. A polêmica entre Austeridade x Crescimento começa a tomar novos rumos.

 

Um dos tópicos mais importantes aprovados, já no primeiro dia, foi um pacote amplo de incentivo à economia de todo Euro, conforme as agência de notícias publicaram: “Os líderes da União Europeia reunidos em uma cúpula em Bruxelas deverão se comprometer com um pacto de crescimento no valor de 120 bilhões de euros (US$ 149,8 bilhões), que incluirá um aumento de 10 bilhões de euros no capital do Banco Europeu de Investimento (BEI) e a finalização de um plano para fortalecer a zona do euro até o fim do ano, segundo um documento preliminar com as conclusões da reunião.

O aumento de capital do BEI permitirá à instituição aumentar sua capacidade de empréstimo em 60 bilhões de euros. “É crucial aumentar o financiamento para a economia. Estão sendo mobilizados 120 bilhões de euros (equivalentes a cerca de 1% da renda líquida geral da UE) para medidas de aceleração do crescimento”, diz o documento. O acordo sobre um pacto para o crescimento representaria uma vitória política para o presidente da França, François Hollande, que fez pressão sobre o tema durante sua campanha eleitoral.Entr etanto, o pacote parece fornecer pouco dinheiro realmente novo para a economia e depende de ideais que estão circulando há algum tempo sobre como empregar melhor os recursos do BEI e os fundos contidos nos orçamento da UE. Muitas autoridades do bloco têm dito que não esperam que essas políticas produzam uma mudança significativa nas projeções para a economia da região. ( Dow Jones, via Estadão)


As notícias vindas dão certo ânimo, mesmo achando que o tempo perdido tornará mais caro o resgate, além de desconfiar de algumas razões internas, dos por quês deste “acordo” agora fiado por Merkel, desconfio que a saúde dos bancos credores, na maioria franceses e Alemães, das dívidas de Espanha e Itália, apressou uma tomada de posição mais pragmática, senão vejamos: As autoridades da zona do euro estão analisando uma variedade de opções destinadas a ajudar a Espanha e a Itália a lidarem com os altos custos dos seus empréstimos, enquanto os líderes da União Europeia realizam uma cúpula de dois dias, em Bruxelas, para discutir soluções para a crise financeira, reportou o The Wall Street Journal.

 

Os bastidores da cúpula reflete o que se passa no mercado financeiro, os títulos Espanhóis e Italianos estão com seus prêmios de riscos em níveis inaceitáveis, então começa a pesar na França e Alemanha o risco do caos total: “O foco das medidas de curto prazo será o de reduzir os custos de financiamento da Itália e da Espanha, através da criação de um mecanismo para comprar esses títulos tanto no mercado secundário, onde são negociados entre os investidores, ou quando forem leiloados pelo governo, afirmaram fontes europeias. No entanto, as conversações sobre as medidas de curto prazo ainda estão em seu estágio inicial e fontes alertaram que um acordo final pode não ficar pronto até o fim da cúpula da UE amanhã à tarde”. (Estadão, 28/12/2012)

Há saídas de todos os gostos, por exemplo, “O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, defenderá durante a reunião pela criação de um mecanismo semiautomático que poderia intervir nos mercados secundários quando os yields (retorno ao investidor) dos bônus de países vulneráveis aumentassem muito acima dos yields dos títulos da Alemanha” . Ou outra solução: “Em paralelo às discussões entre os líderes da UE, altos funcionários dos ministérios das Finanças da zona do euro discutiram também a compra de títulos no mercado primário, segundo um funcionário europeu. A ideia era que os funcionários do Ministério das Finanças resumissem as opções para os líderes da zona do euro discutirem durante um almoço amanhã, uma vez que a reunião maior de todos os 27 líderes da UE é longa, de acordo com outras fontes.

 


De concreto, percebe-se uma mudança de posição, paulatina, como se água tivesse finalmente batido no nariz dos líderes , mas permanece uma resistência  da Alemanha por medidas mais ousadas, mas agora está mais isolada, taticamente a própria Alemanha, começa a ceder, inclusive :Um compromisso possível seria submeter as condições ligadas ao apoio ao mercado de bônus à vigilância mais rigorosa das promessas de corte de gastos e reforma dos mercados de trabalho e sistemas de pensões já feitas pela Itália e Espanha. Em um sinal de uma mudança de humor, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, disse em entrevista ao The Wall Street Journal que a Europa pode ter de tomar no curto prazo medidas para deter o êxodo de capital do setor privado dos mercados de títulos da região e disse que havia uma número de instrumentos que poderão ser utilizados, inclusive compras diretas da dívida pública por parte de fundos de resgate da zona do euro.( As informações são da Dow Jones, Via Estadão)

 

A mensagem que ficou, no primeiro dia é uma vitória do presidente da França, François Hollande nas suas palavras: “Eu quero um pacto de crescimento com um número: 1% do PIB europeu, ou de 120 bilhões a 130 bilhões de euros. E nós vamos garantir que esse dinheiro seja gasto rapidamente”. E um recuo de Merkel, o que não é pouca coisa: . “Nós desenvolvemos um bom programa, especialmente com relação a investimentos para o futuro e mais oportunidades de emprego para os jovens. Nós precisamos de finanças públicas sólidas de um lado, e do outro crescimento e empregos”.< /em>


Fiquemos atentos!!!

 

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