Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: UE – Mais Austeridade

Crise 2.0: UE – Mais Austeridade

 

Sempre se pode apertar mais

O panorama geral da Zona do Euro e da UE é de mais crise, não há uma só perspectiva positiva para este semestre, muito menos em 2013, uma tímida aposta que em 2014 se tenha um alívio. Como estamos debatendo aqui, na série sobre a Crise 2.0, as saídas encontradas pelos dirigentes da Europa, são as orientadas pela Troika ( FMI, BCE e Comissão UE), que exigem mais sacrifícios e Austeridade. Ontem demonstramos o caso português no post Crise 2.0: Portugal Castiga os Trabalhadores, agora, neste artigo e no próximo, vamos ampliar a visão para mais países e também olharmos como resistem os trabalhadores.

 

A única palavra de ordem dos governos europeus, desde, 2009, quando se tornou visível a crise estourada em 2007,é: Sacrifício. Nada menos que 12 governos caíram, não importando se de Direita ou “esquerda”, todos tragados pela Crise. Entretanto, os eleitos, apenas ganham certa “legitimidade” para impor novos sacrifícios, aos trabalhadores e ao povo em geral.  Numa matéria de Jamil Chade, correspondente do Estadão em Genebra, ele vai traçando o roteiro seguido pelos mais diversos governos europeus, rumo aos “novos” planos de austeridades, leiamos:

1) Portugal e Espanha

 

“Portugal decidiu retirar um salário inteiro dos trabalhadores do setor privado e reduziu a renda anual do país em 7%. O anúncio ocorreu justamente no momento em que indicadores apontaram que a recessão é mais profunda do que se imaginava. Ontem, a Europa divulgou uma série de novas medidas de austeridade. O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, anunciou que os trabalhadores do setor privado passarão a sofrer um desconto de 18% de seus salários para financiar a Segurança Social, taxa que era de 11% até agora. Na prática, a medida representa o fim do 13º salário no país, algo que já havia sido cortado dos funcionários públicos.

A medida entrará em vigor em 2013 e aliviará a tributação que era cobrada sobre as empresas. Para Passos Coelho, a iniciativa tem como meta evitar que empresas continuem a demitir. Na prática, trabalhadores trocariam um salário pela promessa de serem mantidos nos cargos. “O desemprego ameaça a recuperação econômica e é a maior causa de angústia para as famílias” […] O governo também indicou que a mesma situação será mantida aos funcionários públicos em 2013 e aposentados também ficam sem os benefícios. Para Passos Coelho, suas medidas significam que trabalhadores dos setores privado e público terão um “esforço comum” na recuperação da economia.[…] “A emergência financeira não acabou”, disse ele, alertando que não há como ter “soluções indolores”. A oposição alertou que a medida vai asfixiar ainda mais a economia. Para Carlos Zorinho, representante do Partido Socialista, a decisão é um “erro muito grave”. “Isso foi um roubo”, declarou Jerônimo de Sousa, secretario geral do Partido Comunista Português. Para receber € 78 bilhões, Portugal adotou um duro plano de cortes, incluindo a elevação do IVA (equivalente ao ICMS no Brasil) para 23%, privatizações e corte de salários”.

 

Mesmo assim, nada se conseguiu de positivo nestes 18 meses de governo da Direita, os números são claros demais, o fracasso é total: “As medidas foram anunciadas no mesmo dia em que dados oficiais mostraram uma agonia na economia. O Produto Interno Bruto (PIB) desabou 3,3% no segundo trimestre, queda bem mais forte que a redução de 2,3% no primeiro trimestre do ano. O consumo doméstico foi reduzido em 7,6% e os investimentos caíram quase 19%, o que representou uma aceleração da crise em comparação ao início do ano. Nem as exportações foram poupadas. Com a Espanha, outro país em crise, sendo o principal destino dos bens portugueses, as vendas registraram uma alta de apenas 4,3%”.

 

Na Espanha o quadro se agrava, nas palavras de Chade: “o governo de Mariano Rajoy informou que desempregados que estejam recebendo o seguro desemprego poderão ser convocados por prefeituras a trabalhar para limpar ou reconstruir áreas atingidas por incêndios e outros desastres. O governo espanhol, que precisa atender a 24% da população que está desempregada, também alertou que quem não cumprir com a convocação será “sancionado”. Entre as penalidades, os desempregados podem perder três meses do seguro e até mesmo ver o fim do benefício.

A “boa” notícia é que Sheldon Adelson, magnata ( não seria mafioso?) do cassinos de Vegas, se propõe a instalar em Madri o projeto EuroVegas, um conjunto de cassinos nas cercanias da cidade que empregará 20 mil pessoas, mas com condições graves impostas por ele: A) não pagar impostos por 10 anos; b) não ter nenhum direito trabalhista reconhecido. Uma humilhação que é vista como “vitória”.

 

2) França

 

Segundo Chade, mesmo Hollande, que recebeu um país em crise, do governo de direita, chegou a empolgar que faria algo diferente, aos pouco vai entrando no mesmo rumo dos planos de Austeridade da Troika: “o presidente François Hollande prometeu apresentar até o fim do mês o orçamento, que terá de vir com duros cortes e elevações de impostos. Para atingir a meta de déficit, ele terá de ajustar as contas em € 30 bilhões. “Os franceses serão convocados a fazer um esforço, o maior em 30 anos”, declarou. “Teremos de fazer economias e maior solidariedade será necessário, principalmente daqueles que tem maiores rendas.”Cerca de € 10 bilhões serão economizados em estatais, mantendo a ajuda a essas empresas sem qualquer tipo de aumento. Mas grande parte do esforço virá do aumento de impostos, principalmente dos mais ricos.

Uma das poucas medidas fora do eixo da Troika é que “Hollande confirmou que vai manter sua ideia de cobrar impostos de até 75% daqueles que tenham uma renda superior a € 1 milhão por ano. Essa era uma de suas promessas de campanha.

 

3) Alemanha e a imposição de sacrifícios, aos outros

O único grande país europeu que ainda não estar em crise, a Alemanha, como já escrevemos várias vezes, sua dirigente age com extremo oportunismo, exigindo mais sacrifícios dos demais países como se a Alemanha não fosse responsável pelo caos geral, nesta reportagem da Agência Dow Jones, complementa o que Chade do Estadão falou:“A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira que os países membros da União Europeia precisam trabalhar para resolver individualmente seus problemas. Segundo ela, quanto mais rápido a Grécia implementar as reformas prometidas em troca do pacote internacional de resgate, melhor.”Nós encorajamos a Grécia a cumprir suas obrigações. Quanto mais rápido eles fizerem isso, melhor”, disse Merkel em
uma coletiva de imprensa após se encontrar com o chanceler da Áustria, Werner Faymann. Segundo Merkel, a decisão sobre prorrogar o prazo para a Grécia cumprir suas metas fiscais só será tomada após a troica de credores internacionais divulgar seu relatório sobre o país”.

 

Para fechar responde cinicamente quando “Questionada por jornalistas, a chanceler alemã repetiu comentários feitos pelo Banco Central Europeu (BCE), de que o futuro do euro será determinado por ações políticas. Ela também concordou com comentários do presidente do BCE, Mario Draghi, de que a condicionalidade para qualquer ajuda é um ponto muito importante”.

 

Ou seja, só há perspectiva de que o povo pague pelos desmandos dos banqueiros e das grandes empresas, dentro dos limites de cada país um ordem comum, vida da Troika, repete o mantra: Austeridade, Austeridade…

 

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0 thoughts on “Crise 2.0: UE – Mais Austeridade”

  1. Alguma surpresa com o Hollande? Ele era só uma alternativa política melhorzinha, mas os socialistas europeus andam arrochando o trabalhador em quase toda a Europa há tempos. Tenho visto filmes franceses no Eurochannel e na TV5 Monde de assustar, retratando a realidade de quase miséria de cidades do interior francês.

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