Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: UE, O Grande Jogo!

614: Crise 2.0: UE, O Grande Jogo!

 

Cristobal Montoro, Ministro Espanhol, Eurogrupos, más notícias. Foto: LUIS SEVILLANO El País

 

O clima azedo da cúpula da UE é apenas mais um capítulo da Crise que assola de forma drástica o velho continente, conforme estamos tratando aqui, na série sobre a Crise 2.0. O que parecia um vinho de primeira, a Zona do Euro, agora mais parece um vinagre de terceira, os conflitos cada vez piores, demonstram a incapacidade dos atuais líderes de ir em frente, no último post, Crise 2.0:UE – do Amor ao Ódio, vimos que a guerra Hollande x Merkel se acirrou, mais ainda porque a Alemanha está em processo eleitoral, e a Chanceler corre riscos se “amolecer”.

 

A resolução principal, foi jogar para o Eurogrupo uma decisão sobre a questão das dívidas, mas especificamente se a ajuda diretamente aos bancos, dos países em situação mais precária, sem onerar ainda mais as finança públicas destes países. O Eurogrupo, seu comitê executivo, via EuroStat, anunciou uma revisão dos números de 2011, em particular os da Espanha, tornando ainda mais sombria sua situação. O déficit público anunciado, já alarmante, 8,5% do PIB, na verdade foi pior, 9,4%, uma trágica coincidência, o mesmo da Grécia, só perdeu para o da Irlanda que foi de 13,4%. O motivo foi uma série de ajuda aos bancos e não pagamento de obrigações tanto do Governo Central como das províncias.

 

Os dados divulgados servem para pressionar o governo Rajoy, para que faça o pedido de resgate, pois as condições são completamente desfavoráveis. Entretanto, é preciso dizer que a situação geral é de déficit fiscal acima dos 3% estabelecido pela UE, dos 27 membros, nada menos que 17 estão com o mesmo problema, de Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal. Conta a favor da Espanha, que em 2011, a relação PIB x Dívida Pública era menor, por exemplo do que a da Alemanha ( 69,3% x 80,5%). Os dados gerais são: A Espanha ainda estava abaixo da média da UE (82,5%) eo euro (87,3%) e países como a Alemanha (80,5%) e França (86%) . Os países com maiores níveis de dívida pública em 2011 foram a Grécia (170,6% do PIB), Itália (120,7%), Portugal (108,1%), Irlanda (106,4%) e Bélgica (97,8 %). No outro extremo, mentira Estônia (6,1%), Bulgária (16,3%), Luxemburgo (18,3%), Romênia (33,4%), Suécia (38,4%) e Lituânia (38, 5%).

 

Os Dados de 2012, devido o resgate dos bancos espanhóis, que pela regra atual, entrará na conta do Governo Espanhol levando sua dívida pública a mais de 90% do PIB, tornando inviável uma reação de curto prazo. Este é o centro do problema, se o resgate for feito diretamente aos bancos, A Espanha ainda terá uma relação PIB x Dívida, abaixo do 80%, norma da UE, mas se não houver acordo, a dívida subirá a patamares inaceitáveis.  Malandramente, segundo o Estadão do dia 19 de Outubro: “Mas no mês passado a Alemanha, Holanda e Finlândia reabriram o acordo de junho, dizendo que precisava haver uma separação entre o “legado” de dívida tóxica –aquela que tem pesado por tempos sobre os bancos da Espanha e da Irlanda— dos futuros problemas no setor. A recapitalização direta por meio do ESM só seria possível para a agitação que houver quando a nova autoridade de supervisão estiver implementada, disseram os ministros das Finanças dos três países.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pressionou em relação a esse ponto em uma cúpula da UE nesta sexta-feira.”Não haverá nenhuma recapitalização direta retroativa. Se a recapitalização for possível, só será possível para o futuro, então acho que quando o supervisor bancário estiver funcionando não teremos mais problemas com os bancos espanhóis. Pelo menos espero que não”, disse ela em entrevista à imprensa”.

 

O que no fundo se quer é jogar ao Estado Espanhol, irlandês ou grego o Lixo Tóxico, salvando não apenas parte da banca espanhola, no caso específico, mas principalmente os banqueiros alemães que têm ali enterrados mais de 20% de toda dívida do país. Um resgate seletivo, a parte boa já estaria capitalizada e a parte ruim, se tornaria crédito podre, que a Espanha, como Estado, assumiria o pagamento aos credores.  Assim se desvenda o por quê de Merkel se opor aos acordos, como típica representante da banca alemã ela luta por eles, pouco se importando o impacto no já sofrido povo espanhol.

 

A própria União Bancária e orçamento controla do esta no centro do embate de Merkel e Hollande,  “pois a chanceler alemã,  exigiu uma autoridade mais forte para a Comissão Europeia vetar orçamentos nacionais que violem as regras da UE, mas o presidente francês, François Hollande, disse que a questão não está na agenda, e a prioridade é avançar com uma união bancária europeia. Falando ao Parlamento alemão horas antes da cúpula, Merkel tentou desacelerar a corrida para criar um único supervisor bancário, afirmando que a qualidade é mais importante que a velocidade.

A Alemanha, relutante em ver seus bancos sob supervisão externa, insiste que uma supervisão europeia deve cobrir apenas grandes bancos estrangeiros e rejeita qualquer garantia de depósito conjunto que possa levar países mais ricos a ajudar os bancos em seus parceiros mais fracos” (Estado de S Paulo, 20/10/2012).

 

Nem há tanto mistério assim, muitas vezes apenas precisamos desembaralhar as cartas para entendermos quem tem a mão do jogo. Quem defende quem e o que.

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