Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Europa em Luta

642: Crise 2.0: Europa em Luta

 

 

Europa em Luta

 

O frio vai chegando na Europa, é o quinto outono seguido de crise, porém, este e o anterior foram os mais duros até agora, com a situação agravada o temos é de um inverno ainda pior, a rede de proteção social foi duramente atacada, alguns países ela já quase não existe. Acompanhamos aqui, na série sobre a Crise 2.0, com grande preocupação e pesar, pois, em regra, os trabalhadores e o povo que pagam a crise, são os que mais sofrem, com seus efeitos.

Na semana passada tínhamos apontando esta questão dos custo humano da Crise ( Crise 2.0: O Custo Humano da Crise ), no maior peso sobre as pessoas, o desemprego, mas não se reduz a ele. Os cortes na Saúde, Educação e Seguridade Social quebram a rede de proteção, que, de certa forma, aliviava as populações mais pobres nas crises. Os Planos de Austeridade foram criados com este fim, destruir qualquer gasto social, que seja dispendioso ao Capital. A contradição é terrível, corta-se bilhões de ajuda social, mas endivida-se ao extremo para salvar um punhado de banqueiros, como é o caso da Espanha, Irlanda, Grécia.

Na extrema falta de dinheiro e exigência de cortes no orçamento de 2013, a Grécia vai limar 13,5 bilhões de Euros, entretanto a Troika deu, recentemente, uma linha de crédito de 18 bilhões aos quatro maiores bancos do país, para que este não quebrem, no momento que o desemprego chega aos 25,4% da população. Na Espanha não é diferente, apenas nas regiões autônomas o corte será de 6,8 bilhões de Euros, que somados ao corte central será de 38 bilhões, ao mesmo tempo a linha de crédito de resgate ao banqueiros somou 120 bilhões de Euros, fazendo explodir a dívida pública, todo os esforço fiscal vai por água abaixo.

As grandes empresas da Espanha começam a demitir em massa, a Iberia vai demitir 20% dos seus 20 mil funcionário e reduzir a frota em 15%, que segundo o Estadão  “o corte pretende “salvar ao redor de 15.500 postos de trabalho”, que é o restante do pessoal da companhia, que atualmente emprega cerca de 20 mil pessoas. “Esta redução está alinhada com os cortes de capacidade e o aumento da produtividade da aérea”. E que este corte , Segundo a companhia, “o “exaustivo plano” tem como objetivo “salvar a Iberia”, que tem registrado prejuízo diário de 1,7 milhão de euros, e fazer com que a empresa volte a gerar lucro“.

A reação dos trabalhadores, apesar de grandes manifestações, não conseguem barrar tais planos, a Grécia fez semana passada a sua 39ª Greve Geral nos últimos 4 anos, os violentos embates, com mais de 100 mil pessoas em frente ao Parlamento, não evitou que a coalizão de centro-direita votasse os cortes de ajustes de 2013, mesmo assim parece que nada agrada aos credores, o país é refém completo. A posição da Troika ( FMI, BCE e Comissão da UE) é cínica, exigem mais cortes, mesmo sabendo que o país vive um caos completo.

Segundo o Estadão : “A questão é como produzir cerca de 30 bilhões de euros adicionais em ajuda, se os credores derem à Grécia mais dois anos para que o país cumpra as metas fiscais, e como reduzir a crescente dívida grega a um nível sustentável. Várias opções estão sendo negociadas, mas os países da zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI ainda não chegaram a um acordo que seja aceitável por todas as partes”. E o pior, segundo a reportagem   “O FMI tem insistido que só poderá continuar a financiar a Grécia se houver uma chance realista de receber o dinheiro de volta, e se recusa a aprovar a liberação da próxima parcela do programa de ajuda sem haver um plano de redução da dívida que tenha credibilidade. As projeções agora são de que a dívida da Grécia vai alcançar 190% do PIB em 2013. Anteriormente, o FMI havia proposto que os governos dos países da zona do euro perdoassem parte dos créditos que já deram á Grécia. Cerca de 70% da dívida grega estão em poder do setor público, depois de uma reestruturação da dívida grega com o setor privado, no começo deste ano. Os governos dos países da zona do euro, porém, responderam que essa opção está “fora da mesa”, por ser politicamente difícil de implementar. “O FMI quer uma solução agora, mas a Alemanha e outros preferem que ela venha mais tarde”, disse um alto funcionário da União Europeia. Segundo ele, caso a decisão seja adiada, pode-se encontrar uma solução de curto prazo para manter a Grécia solvente. “Eles precisam de parte da ajuda, que podem encontrar de várias maneiras. Há muitas ideias circulando sobre isso. Desse ponto de vista, há alguma margem de manobra até o fim do ano”, disse a fonte”.

É o mesmo jogo sobre os demais países em crise e que estão sob resgate, em Portugal as exigências são brutais, numa reportagem do jornal O Povo( de Fortaleza), sobre os protestos que os portugueses preparam para receber Merkel, a senhora do destino, demonstra o grau de radicalidade da sociedade, pois “a proposta de orçamento para o ano que vem apresentada por Passos Coelho propõe drásticas medidas de austeridade, criticada duramente pela grande maioria de analistas e economistas portugueses. O economista Pedro Lains, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, não tem dúvidas de que o governo português está transformando o país em uma segunda Grécia.

“A verdadeira pergunta não é se devemos economizar ou não, mas sim o quanto devemos economizar. Este rígido plano de austeridade traz duras consequências para a Europa. A economia dos Estados enfraquecidos está ficando ainda mais frágil e vulnerável e terá grandes dificuldades de permanecer na zona do euro”, afirma Lains. “Além disso, as consequências políticas são catastróficas, pois o sentimento antieuropeu no país é crescente”, avalia.

E diz mais ainda: “Nos últimos meses, Portugal vem sendo tratado como um exemplo de que as duras medidas de austeridade que vêm sendo adotadas nos países no sul da Europa poderão ter êxito. Mas esta imagem já está aos pedaços. Com a continuidade da crise econômica, a arrecadação fiscal caiu assustadoramente, as crescentes taxas de desemprego geram problemas sociais, e reformas em áreas importantes, como na administração pública, estão congeladas. O governo em Lisboa ganhou da troica formada pela União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu mais um ano para tentar equilibrar as contas e terá até 2014 para reduzir o déficit até 3%. É cada vez mais alto, porém, o coro defendendo uma renegociação das reformas e dos planos de austeridade com a troica”.

O poder destruidor dos Planos de Austeridade são por demais claros, mas as respostas parciais não mudará o curso deles, em nenhum país, esta semana, dia 14/11, estão programadas manifestações em 20 países da Europa para combater a onda de ajustes,  segundo a EBC, “a onda de protestos é comandada pela Confederação Europeia dos Sindicatos sob o lema “Pelo Emprego e pela Solidariedade na Europa, Não à Austeridade”. No dia 14, estão marcadas paralisações de 24 horas contra a austeridade em Portugal e na Espanha, enquanto na Itália e na Grécia ocorrerão paralisações de três a quatro horas. Em Vilnius, na Lituânia, a paralisação atingirá os transportes públicos. Em Bruxelas, na Bélgica,  haverá manifestação em frente à sede da Comissão Europeia. Na França, estão previstas 25 manifestações”.

O outono está no meio, duro inverno vem chegando, mais um sob o signo da Austeridade fatal.

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0 thoughts on “642: Crise 2.0: Europa em Luta”

  1. Que gente absurdamente BURRA! E o povo absurdamente ainda vota na direita! Agora, adianta protestar com cartazinho Ni Merkel/Ni Rajoy??? (Nem sei o que me revolta mais…)

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