Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha x Catalunha II

657: Crise 2.0: Espanha x Catalunha II

Bandeiras da Catalunha embalam Artur Mas – Foto : DAVID BESORA (EFE)

Esta semana a Espanha assistirá a mais importante eleição do ano, a da renovação dos mandatos da Catalunha, assumiu, entretanto, uma dimensão muito maior do que a de 2010, pois, com o agravamento da crise, explodiu o desejo de ruptura local. qui, na série sobre a Crise 2.0, desde ano passado estamos debatendo que esta crise da Espanha cheira à pólvora, uma ruptura, da região mais próspera, pode levar o país ao caos e à aventura de uma guerra, por enquanto, as declarações se resumem aos jornais, com pesadas acusações de lado a lado.

O sentimento nacionalista da Catalunha sempre foi forte, mas diante da crise, a Espanha afundando, os dados da economia da região mais rica passam a alimentar a necessidade de romper com a União Nacional, o status de região autônoma já não lhe satisfaz, pois acham que a cota de transferência de seu PIB( de 5% a 10% do PIB) para o Governo Central, apenas lhe avilta a economia. Sendo assim, melhor seria se livrar do peso da Espanha, ser um novo país virou o sonho local, todos os fantasmas do franquismo voltaram para assombrar.

Os números comparativos parecem dá razão aos separatistas, entretanto, como bem ponderou Celso Ming num artigo mês passado, algumas coisas vão além dos números favoráveis acima: “Se obtiver a independência, a Catalunha não desfrutará automaticamente dos benefícios a que tem direito o povo espanhol. Não fará, por exemplo, parte da área do euro. O país signatário e amarrado aos tratados não é a Catalunha, mas a Espanha. E a Catalunha não integrará a União Europeia. Para entrar nesses dois blocos, teria de passar por longo processo de reconhecimento e de adesão e, acima de tudo, contar com a improvável anuência da Espanha.

A Catalunha precisaria criar seu banco central e sua moeda – potencialmente desvalorizada ante o euro. A atual dívida catalã, em euros, ficaria bem mais alta quando convertida na nova moeda. O mesmo ocorreria com os depósitos e as aplicações financeiras nos bancos. Fora da União Europeia, a Catalunha já não desfrutaria dos benefícios de uma área de livre comércio. Logo, para exportar até para a Espanha, o produto catalão estaria sujeito a tarifas alfandegárias. A produção do resto da Europa ficaria mais barata do que a catalã para o consumidor espanhol. E o comércio da Catalunha com o mundo não seria o mesmo.

Também não é verdade que bastaria ser independente para que as finanças catalãs se fortalecessem só por não ter mais de transferir o resultado da arrecadação de impostos para o Tesouro de Madri. O país soberano precisaria ter forças armadas, ao menos umas cem embaixadas pelo mundo e serviços de coletoria de impostos e de fiscalização aduaneira – máquinas que custam uma enormidade em investimentos e manutenção”.

E por fim, diz mais:“O catalão perderia o guarda-chuva do governo central para o seguro-desemprego, para os serviços públicos de saúde, de educação e para outras vantagens proporcionadas pelo Estado do bem-estar social garantido pela Espanha.  De um mês para o outro, os velhinhos não receberiam aposentadoria da Espanha e o novo Estado teria de criar às pressas novo instituto de aposentadoria e pensão. Não caberia alegar que os associados pagaram suas contribuições e, portanto, teriam direito aos benefícios. O regime previdenciário espanhol é de repartição (não de capitalização). Aposentadorias e pensões são pagas com o que for arrecadado”.

O jogo bruto dos dias finais das eleições estão levando ao limite da racionalidade, tratamos no post Crise 2.0: Espanha x Catalunha, este movimento de fúria, em particular as acusações  de corrupção contra Artur Mas, líder da CiU, o maior partido Catalão, de que tem contas secretas na Suíça, foram reforçadas pelo Ministro das Finanças, Cristobal Montoro, que numa declaração dúbia, não afirma nem nega as tais contas, apenas joga mais lenha na fogueira.

A Evolução dos votos desde 1980:

O clima dos periódicos espanhóis é de guerra, alguns tentam levar com mais cuidado, mas outros abertamente atacam o desejo de independência da Catalunha. Cerca de 75% dos habitantes da região querem um novo país, pois têm uma identidade local, foram duramente reprimidos em várias épocas, nada mais natural do que a vontade de ser independente. Entretanto, não parece uma coisa tão simples, principalmente num momento de crise.

Acompanhemos o 25N, as eleições do próximo domingo, mais ainda, como será a formação da coalizão em 1º de Janeiro de 2013…

 

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0 thoughts on “657: Crise 2.0: Espanha x Catalunha II”

  1. Gosto de ler seu blog porque ele trata de assuntos sobre os quais não costumo prestar muita atenção e você me mantém em dia com as minúcias da política e da economia internacional.

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