Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: A Obsessão Pela Austeridade

667: Crise 2.0: A Obsessão Pela Austeridade

 

O Risco do Abismo Fiscal nos EUA ameaça o Mundo

 

A construção de um pensamento é um processo longo e quando ele se transforma numa obsessão ideológica, vira uma prisão, pois para qualquer situação a solução é a mesma, não importando que a realidade seja radicalmente oposta, vira um deus nos acuda. Aqui, na série sobre a Crise 2.0, temos nos encontrado com estas verdadeiras obsessões, a principal dela, o sonho, quase erótico, liberal da Austeridade como saída para crise.

Uma repetição em série de mesma solução, que já se provou fracassada, mas que é sempre assacada em cada crise global, escrevi sobre isto Crise 2.0: 30 anos da Crise das Dívidas da América Latina, em que comparo os planos de Austeridades daqui nos anos 80 e 90, com os atuais que são impostos à Portugal, Grécia e Espanha, assim descrito:

“As situações de Portugal, Irlanda, Grécia e agora da Espanha e Itália, muito nos lembra a América latina dos anos 80, quando os três maiores países quebraram, tiveram que parar de pagar suas dívidas, naquilo que ficou conhecido como “Crise das Dívidas”, um momento caótico para todos os países, em particular Brasil e México. O FMI foi o grande feitor destes países, impondo uma carrasca política restritiva que aprofundou ainda mais a economia local. Hoje, FMI, associado à UE e BCE, forma a Troika que assusta o sul da Europa. Mesmo 30 anos depois, os planos e projetos negociados, são exatamente os mesmo, o desfecho tende a ser igual.

[…]

As autoridades locais, totalmente vulneráveis, com pires na mão, apelando por socorro, fazendo acordos que não são capazes de cumprir. As propostas leoninas feitas pela Troika, são as mesmas do antigo FMI às autoridades brasileiras, nada diferem, a história repetida como farsa. O relato, parece “romântico”, quando na verdade foi trágico. A repórter não faz juízo de valor, como na questão da “estatização” da dívidas privadas, que onerou ainda mais o Brasil, segue o roteiro, quase absolvendo, todas aquelas autoridades. Cabe a nós a visão crítica, para sabermos como a ditadura jogou o Brasil para o abismo”.

Agora lendo uma coluna de Paul Krugmam, que trata justamente do blá blá liberal e suas obsessões, digo, soluções, ele conclui na mesma direção que expressei acima, a polêmica lá, nos EUA, é possibilidade de redução do déficit público, o que parece com a questão da diminuição dos juros no Brasil, que era exigida aos quatro ventos, mas quando o BC começou a baixá-los vem uma hecatombe de críticas, dos mesmos que a exigiam. Vejamos como nos conta Krugmam,  “o despenhadeiro fiscal dos EUA coloca um problema interessante para os autodenominados “linhas-duras do déficit”. Faz tempo que esse pessoal entoa a cantilena de que o déficit é uma coisa horrível. Agora, confrontados com a possibilidade de uma grande redução no déficit fiscal do país, eles precisam encontrar uma maneira de dizer que isso não é bom”.

Depois vai ao centro da questão, sobre a Austeridade, dizendo que “há uma maneira muito simples de sustentar que um déficit fiscal gigantesco é ruim, mas sua redução no longo prazo é boa – a saber, argumentando que não se deve cortar o déficit quando a economia está em crise e o país se encontra numa armadilha de liquidez, impedindo que a expansão monetária sirva de contrapeso à contração fiscal. Como disse Keynes, é nos períodos de expansão acelerada, e não de estagnação, que se deve praticar a austeridade”. Por fim dá um ippon, que bem poderemos usar nos liberais caseiros e torpes como Mailson, Sardenberg, Miriams e outros, nas cruéis palavras de Krugmam: “Mas os linhas-duras do déficit não podem usar esse argumento, porque, na realidade, o que eles propõem é austeridade hoje, amanhã e depois“.

É exatamente o centro da polêmica com os liberais de todo o mundo, suas receitas não se aplicam pois estão em assincronia com a lógica formal, na grande crise não o que se cortar, tudo já se tem pouco, receitas em queda, as próprias despesas se tornam obrigatórias para manter uma mínima atividade econômica, mas a insistência dos liberais é mais ideológica do que econômica, nos posts ( Crise 2.0: Alerta Vermelho da OCDE e Crise 2.0: Austeridade Piora a Economia)já demonstramos que a Austeridade piorou o desempenho da Economia no Mundo, mas insistem, por que?

O que concluo é que a Austeridade é  uma Obsessão, uma Tara, um desejo sexual não realizado, a questão é freudiana, nem Freud explica.

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  1. “As situações de Portugal, Irlanda, Grécia e agora da Espanha e Itália, muito nos lembra a América latina dos anos 80, quando os três maiores países quebraram, tiveram que parar de pagar suas dívidas, naquilo que ficou conhecido como “Crise das Dívidas”, um momento caótico para todos os países, em particular Brasil e México. O FMI foi o grande feitor destes países, impondo uma carrasca política restritiva que aprofundou ainda mais a economia local. Hoje, FMI, associado à UE e BCE, forma a Troika que assusta o sul da Europa. Mesmo 30 anos depois, os planos e projetos negociados, são exatamente os mesmo, o desfecho tende a ser igual.” (pelamor… do que Lula, Dirceu, Palocci e demais conselheiros nos livraram… Deus os abençoe)

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