Arnobio Rocha Crise 2.0 Troika no Contra Ataque a Chipre

779: Troika no Contra Ataque a Chipre

 

 

Chipre em Luta . Imagem do Site EuroNews

A pequena Chipre marcou um golaço frente a ultra poderosa Troika( FMI, BCE e UE), o Parlamento local rejeitou o escandaloso confisco, conforme relatamos aqui no post Deu Zebra: Chipre 1 x 0 Troika. Mas a situação interna é precária, asfixiada por dívida e o sistema bancário combalido, com uma semana de portas fechadas, é novamente acossada pela Troika, com mais um ultimato, de que, ou pega a proposta ou se auto exclui da UE. O Governo cipriota corre contra o tempo, para um Plano B.

O cenário é grave, o povo fez festa em frente ao parlamento na terça-feira, mas está ciente do caminhão de problemas que enfrenta, como declarou, ao site EuroNews, um trabalhador que ontem estava na frente do parlamento, disse que  “Temos medo que todo o sistema se desmorone, hoje o Banco Popular de Chipre e amanhã o resto dos bancos e com eles o país inteiro, é isso temos medo”. Dentro do parlamento um plano B estava sendo votado. E uma nova reunião com o Eurogrupo marcada para chegar um novo acordo.

Ainda segundo o EuroNews,  “o banco central cipriota, a reestruturação da instituição permitira salvaguardar mais de 90% das contas bancárias, assim como a maioria dos postos de trabalho. As propostas votadas esta noite no parlamento deverão ser submetidas ao eurogrupo que, reunido esta noite, por conferência telefônica  afirmou estar pronto a negociar um plano B, desde que respeite os parâmetros anteriormente definidos”.  Ou seja, tragam o plano B, mas não aceitamos outro plano que não seja o nosso, o confisco e a Austeridade, virou questão de honra.

No El País, é mais explícito, a manchete dar conta que “Europa lança Ultimato a Chipre e exige plano imediato”. O Eurogrupo, que reúne os Ministros das Finanças da UE, exige que Chipre garanta 5,8 bilhões de garantias, para que possa oferecer os 10 bilhões de resgate, uma chantagem que não pediu a nenhum outro pais resgatado. Mesmo a Grécia falida, o que intentou foram os planos de Austeridade, mas não uma garantia prévia. E no El País há um comunicado que mais parece uma declaração de guerra:  “O Eurogrupo está disposto a conversar com as autoridades cipriotas um projeto de proposta nova , que é esperado para autoridades cipriotas submetem o mais rápido possível. Eurogrupo mais tarde , com base em uma análise a ser realizada pela troika , está pronto para continuar as negociações sobre um programa de ajustamento, respeitando os parâmetros definidos acima pelo Eurogrupo. Após a conclusão dessas negociações,  autoridades cipriotas deve começar a legislar os elementos de um acordo desse tipo”.

A derrota no parlamento enfureceu os burocratas de Bruxelas, até o texto mais polido, diplomático foi jogado fora, o El País também faz a mesma leitura e diz que “o Banco Central Europeu confirmou quinta-feira em um comunicado invulgarmente uma dura advertência final a Chipre a adotar de uma vez por todas um plano de resgate que a UE ofereceu, e está tem em suspenso, com a recusa do Parlamento da ilha. O prazo para o desligamento é segunda-feira seguinte”. Todos os meios de pressão estão sendo exercidos, o último é ameaçar a saída de Chipre da UE e da Zona do Euro.

Faz muito tempo que a Troika e os analistas querem um caso concreto de saída da Zona do Euro, ensaiaram várias vezes o “case Grécia”, economia pequena, não mais que 2% do PIB geral do acordo, mas o país é grande, tem 10 milhões de habitantes, fronteiras estratégicas, uma história, não tinha como levar a cabo o exercício do desligamento. Agora, com Chipre, uma pequena ilha, 1 milhão de habitantes, 0,2 % do PIB do Euro, parece o cenário ideal para ver o que acontece, não vou me admirar se eles os expulsarem, tem gente conçando as mãos para calcular impacto e projetar futuros cortes. Ou, no melhor dos casos, o “case Chipre” ser usado como exemplo contra os países que ameacem se rebelar.

Estes burocratas, financistas e analistas não estão ligando à mínima se a ilha afundar, mas pode haver um outro lado, eles castigarem Chipre e simplesmente nada acontecer de mais grave, além do que já se passa atualmente, a saída se tornar apenas uma parte da história e os cipriotas continuarem sua toada, provando, assim, que a Zona do Euro, não passou de um fetiche, uma má ideia. O que poderia encorajar outros países a fazerem o mesmo, se livram de pressões e viverem à própria vida.

Acompanhemos!!!

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One thought on “779: Troika no Contra Ataque a Chipre”

  1. Europeu é muito lerdo . Por que USA deixou o Lehmann quebrar ? Mostrar ao mercado que nem todos serão salvos … Grécia, Chipre e Portugal já deviam ter sido excluídos . Estão deixando o paciente morrer por causa do apendice

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