Arnobio Rocha Crise 2.0 Itália e o Governo dos (não)Sábios

792: Itália e o Governo dos (não)Sábios

 

Giorgio Napolitano convoca o Governo dos Sábios(???) Foto: Alessia Pierdomenico/Bloomberg

 

A Itália continua sem governo, parece incrível, mas tem quase 4 meses que o país vive no limbo, mesmo depois de uma confusa e tumultuada eleição, em que a esquerda “ganhou” com pequena minoria, o Presidente Giorgio Napolitano, confiou ao PD, de Pier Luigi Bersani, a formação de um novo governo. Por mais de um mês e muitas tratativas, no último dia 28 de março, o Presidente foi informado do fracasso, não havendo a possibilidade de um acordo entre os partidos, o PD, desistiu de governar. Em vários posts naquela época alertava para o caos que se desenhava (A Infecção da Crise Italiana, Ameaça a UE ).

As Alternativas são: A) Um Governo do presidente; B) Novas Eleições. Para um país que não se tem maioria alguma, nos parece claro, que o caminho será convocar novas eleições, o que prolongar ainda mais a angústia da Itália, mergulhada numa crise econômica sem fim, somada à crise de governo, ou melhor de representação. Segundo o Site EuroNews, “Depois de um governo tecnocrata, a Itália está agora dependente de uma comissão de sábios para tentar solucionar as divisões entre os partidos nacionais. Uma “batata quente” nas mãos do presidente do país que se arrisca a aumentar a desilusão dos italianos com a classe política, expressa já nas urnas em fevereiro”.

A descrença da população foi demonstrada nos resultados gerais, os partidos mais tradicionais, a centro-esquerda, representada pelo PD, teve pouco mais de 30 % dos votos, praticamente empatada com a Direita do morto-vivo Berluscone. Mas a “novidade” foi o “Voto Nulo” com rosto, representado pelo comediante Beppe (Bicho)Grillo, que teve quase 25% dos votos, elegendo uma infinidade de deputados e senadores, em sua primeira eleição, algo como se Tiririca criasse um Partido e concorresse à Presidência, e logo na primeira eleição arrebanhasse mais votos que qualquer outro partido. “É o caos habitual, as decisões são totalmente inadequadas e sem qualquer respeito pela constituição, soluções que estão totalmente desligadas da realidade. Basicamente penso que isto vai terminar mal para todos nós”, afirma um habitante de Roma. Outra habitante mostra-se mais otimista, “espero que tudo se resolva e que alguém assuma a responsabilidade. para ser honesta, esperava que o PD, o PDL e o movimento de Beppe Grillo mostrassem finalmente alguma responsabilidade, pois não estamos longe de bater no fundo”.  (EuroNews, 01.04.2013)

Como, ainda, bem observa o EuroNews  que “o arrastar do impasse pós-eleitoral coincide com a recessão mais longa a atingir o país nos últimos 20 anos. Vários analistas temem que o chamado “governo do presidente” seja apenas uma forma de adiar o inevitável, a convocação de novas eleições em junho.  O futuro de Itália está, agora, nas mãos de um grupo de homens que o presidente Giorgio Napolitano escolheu para tirar o país do impasse político. As dez figuras selecionadas criteriosamente pelo chefe de Estado, divididas em duas “comissões de sábios”, iniciam, esta terça-feira, uma série de reuniões.

 

Ou seja, o velho conselho dos sábios, uma instituição grega e romana, voltou à cena, numa tentativa desesperada de Giorgio Napolitano, para formar um novo governo, com base nos nomeados e suas ideia, mas não parece simples, pois há uma vasta contestação, a começar por (bicho) Grillo, que quer uma nova eleição, pois sabe que pode vencer com uma maioria mais clara, pelo menos era este o sentimento em fevereiro. Conforme o Site EuroNews “O primeiro painel inclui acadêmicos e representantes de partidos políticos, deixando de fora o Movimento Cinco Estrelas, de Beppe Grillo, o que este já veio vivamente contestar. O segundo grupo integra o presidente do Instituto Nacional de Estatística, o responsável pela Autoridade da Concorrência, o presidente do Tribunal Constitucional, um diretor do Banco de Itália e o ministro dos Assuntos Europeus. Note-se que os homens que têm a missão de refletir a vontade de Itália e resgatá-la do bloqueio político, após o falhanço de Pier Luigi Bersani em formar governo, são precisamente isso, homens. Não há uma única mulher em nenhuma das duas comissões, o que é fortemente criticado por vários setores da sociedade.  No seu blog, Beppe Grillo, a figura incontornável que recusa colaborar com qualquer dos grandes partidos do sistema italiano, acusando-os de corruptos, escreveu que o país não precisa de “falsos negociadores” e que a democracia não necessita de “auxiliares”.

A postura de Giorgio Napolitano é tentar evitar novas eleições, o medo de que (Bicho) Grillo atropele de vez os demais partidos, que possa assumir um novo tipo de governo, ainda mais caótico, assombra as velhas raposas. O risco é grande, se tal comissão fracassar, dará mais voz ao palhaço, por outro lado, a postura de não negociar, pode afugentar novos apoios. É uma jogada que precisaremos esperar mais um mês, para ver o resultado prático,é  o tempo possível, para que surja um novo governo, ou que se convoque as novas eleicões gerais, que seriam em Junho.

Mais ou menos três meses de martírio, típico sofrer italiano. Acompanhemos.

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