Arnobio Rocha Crise 2.0 Neoliberais em Festa: Espanha cresceu 0,1%

959: Neoliberais em Festa: Espanha cresceu 0,1%

Espanha, o modelo neoliberal com seus 6 milhões de desempregados -Getty Images

Espanha, o modelo neoliberal, com seus 6 milhões de desempregados -Getty Images

Parece piada, o título acima, mas não é. A questão é séria e relevante, pois desde os tempos em que escrevia a série sobre  Crise 2.0, que se transformou em livro (Crise Dois Ponto Zero – A Taxa de Lucro Reloaded), a Espanha, sempre teve minha atenção especial, pois se tornara “case de sucesso” das políticas neoliberais para o mundo, boa parte delas implantadas pelos “socialistas” do PSOE, nomeadamente Felipe Gonzalez, uma espécie de FHC deles, e, em menor escala por Zapatero. O mesmo se deu em Portugal e seus “socialistas” à la tucanos.

Mas no “case” espanhol a identidade maior dos neoliberais foi do PP com Aznar e agora a extrema-direita religiosa de Mariano Rajoy, eles abraçaram a causa e aprofundaram as políticas mais restritivas e impopulares. Naquele final dos anos de 1990 e início dos anos 2000, regado aos Euros vindos da Alemanha, tudo era festa, os tigres europeus desafiavam a lógica, o país era vendido como exemplo ao mundo. Mesmo com a derrota de Aznar em 2004 para o PSOE não houve uma mudança significativa de rumos, até o estou da crise, como sempre deixamos claro, em 2007.

A volta da direita ao Governo Central em 2011, reencorpada com o viés de extremismo de Rajoy, o país estava mergulhada na crise, com o desemprego tendo saltado de 9% para 22% em menos de dois anos. O boicote às eleições pelos “Indignados”, representados pelo M15, favoreceu a direita e lhe deu ampla maioria no parlamento. Imediatamente Rajoy se socorreu de técnicos do Ministério das finanças da Alemanha para elaborar o mais duro plano econômico da Europa. Todos os índices pioraram e o país que entrara em recessão no 2º semestre de 2011, teve Nove trimestres seguidos de queda do PIB, da atividade econômica e o aumento do desemprego.

Esta semana, finalmente uma boa notícia, o PIB cresceu os incríveis 0,1%, que em tese representa a saída da recessão, o desemprego caiu abaixo dos 26 %, no mês de agosto batera 26,3%, agora 25,98%. O site EuroNews, assim noticia esta “melhora”: “O desemprego baixou ligeiramente em Espanha no terceiro trimestre, mas continua a ser o ponto negro da economia que saiu da recessão. Segundo o Instituto espanhol de Estatística, no final de setembro, a taxa de desemprego baixou para 25,98%. No final de junho estava nos 26,3%.  Mas, entre os jovens, com menos de 24 anos, a taxa mantém-se acima dos 54% e, no total, Espanha têm ainda mais de 5 milhões e 900 mil pessoas sem trabalho”.

Mesmo assim, as expectativas não são animadoras, ainda segundo o site Euronews, consultando os economistas sobre o país colheu visões pessimistas como a de “Francisco Sainz, analista financeiro na Ahoro Corporacion, considera que “nos últimos meses temos assistido a uma estabilização do mercado do trabalho em Espanha, mas não a uma retoma. Os dados económicos estão a melhorar mas o crescimento não é suficientemente forte para criar empregos”. Sainz acredita que a criação de emprego só vai ocorrer, o mais tardar, em 2015 ou 2016”.

A seguir informa que “o terceiro trimestre, a economia espanhola saiu de dois anos de recessão, com um crescimento de 0,1%. Para Angels Valls, professora numa escola de comércio de Madrid, a queda do desemprego deve-se ao abandono do mercado do trabalho, ao regresso de trabalhadores aos países de origem ou aos espanhóis que emigram.Um espanhol recorda que “em termos técnicos, o país saiu da recessão, mas isso ainda não se reflete na economia real, nas pessoas nas ruas”. Segundo o Banco de Espanha, as perspetivas desfavoráveis no mercado do trabalho continuam a impedir uma retoma do consumo. Em agosto, de acordo com o governo, as vendas a retalho caíram pelo 38° mês consecutivo”.

Ou seja, Miriam Leitão, Sardenberg, Mailson e outros ainda não podem colocar as “maguinhas de fora”, pois o seu modelo de economia, o neoliberal, e de país farol, a Espanha, continuam muito mal. Acompanhemos.

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