Arnobio Rocha Reflexões Redes (Anti)Sociais – O Tempo-Espaço

Redes (Anti)Sociais – O Tempo-Espaço

Tempo-espaço

Hoje, finalmente, senti o frescor da primavera em São Paulo, caminhando pelas ruas do Brooklin, em direção ao meu trabalho, aquele vento leve com sol morno, que propiciou enorme prazer naquele andar. Os pensamentos fervilhando e a doce manhã me envolveu numa paz, que nem percebi a rapidez com que passei pelas quatro quadras, o passo era firme, mas sem pressa, a cabeça estava acelerada, o corpo, não. A cidade se prepara para o natal, ou seria apenas mais um natal, que se cumpre a tradição? O tempo dirá para todos nós se sim ou se não.

Este não foi um ano fácil, algumas perdas fortes, de jovens  e de velhos amigos e quase amigos, ao mesmo tempo que tivemos ótimas vitórias, de afirmações e reafirmações, o que me leva a crer que não foi muito diferente de outros anos, apenas nos demos conta de alguns aspectos, ressaltando os extremos( Felicidade ou Tristeza). Vencer o ano parece-me uma grande tarefa, a medida que avançamos na idade os anos ficam mais curtos, o tempo muda e percebemos a maior velocidade com que ele passa, pois relativamente já vivemos muito mais, então sentimos “voar”, nossa relação com tempo já é outra.

Outro dia falei do “tempo” das redes sociais(Do Virtual ao Real – Vã Filosofia.), a extrema velocidade com que se desenvolve qualquer relação nestas circunstâncias, os atos de vida, tempo e espaço, se comprimem, se concentram, aquilo que em média viveríamos por um largo período, passa a ser determinado por horas e dias. É uma violência ao mesmo tempo em que é espetacular, conhecer, viver, sentir e morrer em tão poucos instantes. Mas a sensação de que vivemos rupturas em rupturas cada vez mais breves, certamente, não é a das melhores. Este tempo-espaço, das Redes Sociais, ainda não foi devidamente assimilado ou dimensionado pelo cérebro humano comum, quem sabe em breve alguma droga vai potencializar ou regular estas novas sensações.

Como não dominamos, ainda, os vetores de espaço-tempo, por aqui, nos parece que nos aproximamos rapidamente da barbárie humana, as reações exacerbadas de ódio sobre qualquer tema não conseguem ser mitigadas por um diálogo ou uma reflexão, pois TEMOS pressa, pressa de tudo, de tanta pressa atropelamos a leitura, nem lemos, olhamos a linha inicial e pulamos para última, pois um novo texto já está no ar e “precisamos” também conhecer, uma insaciedade imensa, que a cada vez que comemos, temos mais fome, sem conseguir digerir absolutamente nada, corremos ainda o risco de Fineu, de nem nos alimentarmos, pois as Harpias(ódios) não permitirão. A que leva isto? A nada, apenas palavras e palavras.

Por muito tempo me enganei e me enamorei com estas verdades, de que poderia mudar as pessoas, de que minhas demandas seriam as dos outros, duramente descobri que não são. O que escrevo aqui não influenciará em nada a ninguém, exceto a mim mesmo, talvez esta seja a chave, olhar para dentro de nós, curar nossos males, nossos conceitos, nossos preconceitos, nossos julgamentos cruéis sobre tudo e sobre todos, chega um momento em que é melhor chorar os mortos, não responder a irracionalidade dos vivos.

Quando se quebra esta barreira do tempo-espaço é melhor está preparado internamente para o porvir, que será mais cruel, principalmente se nos tornamos piores do que já somos. Isto é uma quase despedida, pelo menos do que tenho feito, de como tenho usado as redes sociais.

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