Arnobio Rocha Política Li o Estadão, perdi uma Hora do meu Dia.

991: Li o Estadão, perdi uma Hora do meu Dia.

A imponente sede do jornal não esconde a decadência.

A imponente sede do jornal não esconde a decadência.

Hoje fiz algo incomum, depois de receber por semanas, sem nem abrir, peguei o jornal O Estado de São Paulo e o li, de cabo a rabo, pois vim de ônibus ao trabalho. Realmente não me decepcionei em nenhuma página ou caderno, menos ainda nos colunistas e articulistas, cada dia mais “engraçados”. Incrível como é o mesmo lugar comum de sempre, nada fora do lugar, apenas o jornal mais “magro”, com poucos cadernos e poucas matéria. Depois de ler, se você for um incauto, se sentirá deprimido, pois se conclui que se vive num lugar horrendo, que é feito por pessoas ruins e sem esperança.

O conjunto da leitura é negativo,  das manchetes de capa às notinhas internas de “calunista” social, passando pelos editoriais rococós. Tudo cheira a mentira e falsidade, o jornal virou não apenas a expressão da ideologia derrotada,  o neoliberalismo, mas também do rancor, do ódio velado, que nem de longe lembra que um dia foi um jornal de Direita, mas muito respeitável. Os articulistas competem entre si para ver quem expõe um quadro mais tenebroso da realidade, não importa se ele escreve sobre esporte ou cultura, muito menos se é política ou economia, tudo deve ser mostrado pelo fígado, quem bajular mais os donos dos jornais mais bem posicionado ficará, é assim que me pareceu.

Em maio de 2012, escrevi um post, Saudade de Jornais, falando da minha relação com os jornais, em especial com Folha de S Paulo e Estadão, sobre este assim disse: “O Estadão vivia uma crise de identidade, perdera o “bonde da história” com seu conservadorismo, era um jornal muito identificado, continua ainda hoje, com o pensamento mais conservador e de uma elite quatrocentona que usufruiu da ditadura, mas mantinha o rigor do liberalismo. O jornal era “pesado”, árido, senhorial, chegava a ser sectária em não conceder qualquer espaço à esquerda que crescia muito, mais ainda o movimento que derrubou a ditadura. Perdeu o momento do diálogo com a sociedade que pedia mudanças, mesmo tendo sido muito atingido pela ditadura. Naquela época não era lido no seio da esquerda, até por preconceito mesmo. O que gostava, quando o lia, eram os textos mais densos, um rigor linguístico, sempre deixando claro seu conservadorismo”.

Depois acrescentei que “A qualidade do Estadão caiu sensivelmente, as editorias de Cultura, Esportes, forma, a exemplo da Folha, esvaziadas, passaram a viver de eventos. Mesmo o caderno central teve seu conteúdo empobrecido, hoje, o único caderno que resiste com alguma qualidade superior é o de Economia, mas também se ressente desta guinada. O muro  de Berlim não influenciou o pensamento, já conservador, do Estadão, mas, com certeza, abriu uma janela para que exercesse seu conservadorismo sem receio algum”.

Infelizmente, o Estadão, degringolou de vez, neste um ano e meio, as demissões e a queda vertiginosa de leitores, a busca desesperada por um comprador, que não apareceu e nem aparecerá, tornou o jornal uma caricatura dos anos bons. A maior expressão da decadência são as poucas páginas publicadas, até alguns jornais de bairros conseguem mais páginas nas suas publicações. Mas o pior é o vazio dos articulistas, parece que se escolheu o que havia de mais retrógado para ficar na onda de demissões, nada se salvou que seja digno de nota.

É um passado que não volta, em todos os sentidos, a leitura de hoje, serviu apenas para confirmar que perdi apenas sessenta minutos, correndo as páginas ocas.

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