Arnobio Rocha Reflexões Humanos, Nós?

1197: Humanos, Nós?


Prometeu e sua prisão intelectual ( Foto: Erebus art)

Prometeu e sua prisão intelectual ( Foto: Erebus art)

“E ninguém nem percebia
Que o real e a fantasia
Se separam no final…”

( Era Casa, Era Jardim – Vital Farias)

 

E no final, separados, homens e demônios, bem e mal, sobrará apenas o lado terrivelmente humano de cada um de nós, nem mais, nem menos. No fundo, a soma de acertos e erros; virtudes e vícios; inteligência e bestialidade. O que procuramos na vida é domar nossos ímpetos, nossos desassossegos, nossa alma selvagem que teimamos em aprisionar nos valores sociais vigentes, de cada época, dos costumes nobres ou maus. Libertado os espíritos de nossa natureza, o que seríamos?

Algum lugar especial foi reservado ao humano, fruto do desenvolvimento da matéria, desigual e combinada, nos tornou senhores da terra e da natureza. Por força da razão e de nossa constituição ou apenas um desígnio divino, de um criador tão especial que nos legou uma gama tão ampla de possibilidades, que podemos: criar o criador, ser a criatura, matar o criador, ao mesmo tempo, matar a nós mesmos, com nossa incrível capacidade “criativo-destrutivo”, de uma dialética própria e única.

As reflexões filosóficas, psicológicas sobre a natureza humana por mais profundas que sejam não conseguem mapear completamente toda a infinidade  de nossa multiplicidade, de tanta diversidade e possibilidades. A educação formal, em tese, lapidaria a humanidade, com valores universais, mas na maioria das vezes não passa de uma tentativa de criar um padrão, de domesticar e facilitar uma leitura mais palatável de nós mesmos, uma imagem menos selvagem, livres de nosso DNA e de nosso inconsciente coletivo.

Ao mesmo tempo em que se tentou usar formulações simples, do maniqueísmo mais elementar, do bem contra o mal, criou-se as tábuas das leis, o índex proibitivo, os sete pecados capitais, que, em si, já romperia a mera dualidade da disjuntiva básica. O pensamento religioso, com sua própria lógica de lançar grilhões à alma humana, as fortes correntes do medo, do pecado, do demônio ou do deus que castiga, jamais conseguiu o intento de prender o “selvagem”, este espírito livre e “pecador original”.

A matéria de que somos feitos está sempre em desordem, pronta para romper com qualquer “cama de Procrusto”, não aceita ser moldado, formatado e talhado de acordo com os costumes e épocas. É de nossa natureza o rompimento e nossa ruptura com o usual e o aceitável, por isto nos assustamos tanto com nossos pensamentos mais íntimos. Compreendemos bem quando algo fora do “comum” acontece, sentimos atração pelas ações irreais, pelos artistas, poetas, revolucionários de todas as espécies.

Ultimamente procuro a segurança dos pensamentos lógicos, mas também a irresponsabilidade do novo pensar, para romper os meus próprios grilhões, os mesmos de Prometeu. Para sentir a maravilhosa sensação de que não vou me adaptar, nunca, pois é da nossa natureza.

Titãs – Não Vou Me Adaptar

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