Arnobio Rocha Política 2014, O Ano dos Desastres não Acontecidos.

1207: 2014, O Ano dos Desastres não Acontecidos.


Teve uma linda Copa, finalizada com a mais bela imagem do Rio e do Brasil.

Teve uma linda Copa, finalizada com a mais bela imagem do Rio e do Brasil.

Por volta de julho de 2013, após as “jornadas de junho”, uma onda de extremo pessimismo se irradiou pelo Brasil, ou quem sabe se generalizou publicamente aquilo que se dizia em pequenos grupos. A volta de sentimento de derrotados que muitas vezes assaca os privilegiados, os bem-nascidos do Brasil, um complexo de inferioridade sobre nós diante de tudo, é uma ressaca moral que contamina a todos, vem de cima e vai se espalhando pelo país.

Várias desgraças foram prometidas e previstas, em especial para 2014, era como uma sentença que iria se cumprir em breve, lógico que a maior se referia a realização do maior evento esportivo mundial, a Copa do Mundo de Futebol da FIFA, esta famigerada entidade que fomentou o sentimento de desastre para pressionar o governo a ter mais privilégios e a ficar com mais dinheiro da copa.

A famosas Hashtag derrotista #ImaginanaCopa que prenunciava o CAOS nos aeroportos, hotéis, estádios, cidades, violência e todo e qualquer coisa que se possa pensar de ruim foi substituída por uma nova Tag ainda pior, #NãovaiterCopa, que além de pregar ao cubo todos os desastres anteriores, impulsionava um sentimento contra a Copa ressaltando apenas o lado ruim do evento e irresponsavelmente prometia tumultuar os jogos para que se tornasse um “vexame mundial”. A extrema-esquerda se alinhou com a extrema-direita num boicote estéril e estúpido.

TODAS as ameaças e previsões catastróficas foram derrotadas, uma a uma, a Copa foi um sucesso completo, estádios cheios e com muita festa, milhares de turistas deram um colorido especial ao evento, gente de todos os lugares da terra celebraram o esporte e o Brasil. Cenas lindas e emocionantes naqueles dias maravilhosos, tensos para nós. Ótimos jogos, grandes lances, gols e mais gols, artilheiros, excelentes espetáculos, para muitos considerada a #CopadasCopas. Modestamente deve estar entre as três melhores já realizadas. 

Ao contrário do que cantavam, os aeroportos funcionaram a contento, os hotéis deram conta, a mobilidade foi melhor do que se esperava. A barreira do idioma foi rompida com a fraterna e solidária acolhida aos visitantes, muitos ficaram encantados com nosso povo e seu jeito de ser. As imagens positivas de milhões de minutos da Copa serão o cartão postal do Brasil por muitos anos.

A única e grande decepção foi o desastre, este sim, não previsto por ninguém, da Seleção Brasileira, que jogou um péssimo futebol, parecia que o boicote à copa vinha mesmo era da CBF. Mesmo passando de fase em fase, o Brasil não empolgava, sempre com extrema dificuldade, um excesso de tensão, medo, descontrole emocional, o que acabou no terrível jogo dos 7 x 1, aquele que marcará para sempre o futebol brasileiro, pois perder para Alemanha, sem o Neymar, parecia certo, mas ser HUMILHADO, nem os alemães esperavam. Em certa medida, a triste derrota ressuscitou o clima vira-lata anterior à copa.

O segundo semestre prometia um novo desastre, uma nova ida à forra dos coxinhas e revoltados de ocasião, as eleições representaria o “fim do PT”, com os cartazes neofascistas grudados em carrões, pelo menos aqui em São Paulo, de um tal “Fora Dillma, leva o PT junto”. Uma campanha sórdida de desqualificação não apenas do governo, mas principalmente do Brasil, urdida desde fora, assim como acontecera na Ucrânia um pouco antes. Até um ensaio de que “não vai ter eleições”, alguns tentaram puxar de forma irresponsável.

É evidente que a Crise 2.0 se instalou de forma desigual no Brasil, depois de destruir economias no mundo todo, mas teve seus efeitos malignos em especial nos últimos quatro anos, ao contrário do anedotário de que tudo seria “culpa da Dilma”, as coisas vinham se avolumando desde 2008, quando o Brasil fez a opção correta de enfrentar a Crise com todos os instrumentos possíveis, inclusive abrindo as burras do Estado, aliás, ele serve para isto mesmo, não apenas para alimentar o Kapital.

Em grande parte, a política definida por Lula em 2008 foi vitoriosa, pois os países com o mesmo porte do Brasil, como Espanha e Itália foram para o limbo e estão a 6 anos em duras trevas, dependentes da Troika (FMI, BCE e UE), com amplo desemprego e perda de riqueza, sem perspectivas de futuro. O que dizer então de Portugal, Grécia e Irlanda? Então a opção dos governos do PT de segurara, tourear a crise, se mostrou correta, mesmo que agora estejamos em baixa, valeu a pena, o país não foi ao FMI com o pires na mão, como era o tradicional costume.

Este caldo de cultura, de fim de ciclo econômico, de ambiente social e político turvo, com confusão ideológica vinda das “jornadas de junho”, capturada pela Direita via redes sociais. Tudo prometia ter um desfecho desastroso nas eleições para o PT. A campanha de ódio, virulenta, de baixo nível, com tantas idas e vindas, levou ao segundo turno o mais despreparado dos candidatos da oposição, o playboy Aécio Neves, que conseguiu incorporar o ranço do discurso anti-PT mais vil, de que o país vive o Caos, com amplo apoio e mobilização da mídia, dos ricos e de grande parte da classe média (que ganhou tanto nos últimos anos, mas temia perder de novo), por muito pouco não venceu, aliás, como mau perdedor até hoje acha que receberá a faixa daqui a dois dias.

O ano de 2014 não termina, a sensação é que foi mais longo e tenso de muitos anos, com tanta carga emocional, que até quando soarem os sinos, ainda teremos a impressão que não sairemos dele. Que venha um ano novo, um ano bom, de fé e que renovemos as esperanças e confiança em nós, no Brasil e nas pessoas.

Feliz 2015!

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