Arnobio Rocha Política Os quinze minutos de Fama de Temer

1283: Os quinze minutos de Fama de Temer


O Conspirador-geral da República, quer ser Presidente

O Conspirador-geral da República quer ser Presidente

In the future everyone will be famous for fifteen minutes (No futuro todos serão famosos durante quinze minutos) (Andy Warhol).

O, AINDA, Vice-Presidente da República do Brasil, o senhor Michel Temer, ontem protagonizou mais um espetáculo constrangedor ao vazar um áudio como se já fosse Presidente.  Demonstrando que não esconde mais o seu caráter golpista, agora escancara seu papel de conspirador-mor do golpe. A frase de Andy Warhol lhe caiu bem: Quinze minutos de fama, para um canastrão, péssimo ator.

Ouvir um áudio é conhecer um personagem farsesco, bufão. Mas há que se reconhecer um mérito. A triste figura que até dezembro escrevia missivas, agora evoluiu para o Whatsapp. Mas em ambos os casos o tom é desastroso. Obviamente que os recados não são para quem consegue somar dois mais dois.  Destina-se ao “baixo clero”, aquele grupo de deputados que pode lhe dar um mandato espúrio, sem constrangimento.  Esse “constitucionalista” receberá a graça com uma boa paga futura.

É preciso relembrar a tal carta, que para mim foi seu passaporte definitivo para embarcar no golpe. Assim escrevi em dezembro passado:

“Michel Temer fez a carta(?), não para Dilma, mas para dialogar com seu público, típico de novela das 8, que adora uma futrica, uma fofoca, uma cena de ciúme (mesmo que fingida), que se compadece com alguém diminuído. Exatamente a mentalidade da base que Cunha dirige no congresso. NENHUM deles tem qualquer dote intelectual, formação crítica ou moral que vá além da consciência das novelas globais.

Ouso dizer que a carta é o Programa Temer, ou melhor, o Passaporte de Temer para liderar o Golpe, tudo muito bem calculado, pois Cunha pode cair a qualquer momento. Mas se consolidou um substituto sem o peso ruim de Cunha. Em menos de 24 horas ela já produziu estragos enormes, de uma só vez. Inspirado por ela, Temer se fez líder de 272 votos na câmara, causou a queda de Picciani da liderança do PMDB – que era o aliado principal de Dilma contra Cunha -, deu a confiança aos golpistas de que ele, Temer, é um dos nossos. Diria mais: O General”. (Carta de Temer é seu Passaporte para Líder do Golpe.)

Esse áudio é uma confissão de como agiu nas sombras. E agora revela didaticamente. Depois de dizer que se recolheu, desdisse-se: “Recolhi-me o quanto pude mas, evidentemente, nesse período fui procurado por muitos que estão aflitos com a situação do nosso país”.  Completa: “Portanto, eu quero, neste momento, prestar uma homenagem ao Poder Legislativo, tanto à Câmara dos Deputados, que já debateu amplamente este assunto, como ao Senado federal, que irá debater. E, desde logo, eu quero comunicar aos amigos e colegas homens públicos, senadores da melhor cepa, da melhor sabedoria, que aguardarei, naturalmente, a decisão, aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal”.

Para além do golpe, Michel Temer demonstra uma miopia política que impressiona, pelo tempo que está na vida pública, um completo desconhecimento de fatos e ações de governo. Ao mesmo tempo em que reafirma que não mexerá nos programas sociais, em especial Bolsa Família,  afirma que “Daqui a alguns anos é possível que a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja mais necessidade do Bolsa Família”. Será que ele sabe que os EUA criaram, em 1937, os  Food Stamps (uma espécie de Bolsa Família) que pulou de 28 milhões para 42 milhões entre 2006 e 2011?

A mensagem é a reafirmação do neoliberalismo de MOBRAL, que o Senhor Temer deve ter tomado de Serra e do PSDB. “O Estado brasileiro tem que cuidar de segurança, da saúde, da educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública, mas no mais tem que ser entregue à iniciativa privada. Iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre trabalhadores e empregadores. E nesse particular nós pretendemos fazer várias reformas que incentivem esta harmonia entre esses dois setores da produção brasileira”. (Grifo nosso)

O homem sentou na cadeira antes do tempo, já diz o que pretende e promete que  “Tudo isto que estou a dizer significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa, não pensemos que se houver uma mudança no governo em três, quatro meses estará tudo resolvido. Em 3, 4 meses pode começar a ser encaminhado para resolvermos a matéria ao longo do tempo”.

A carta e o áudio traçam o perfil de um traidor mesquinho (Traição, Temer e o Nono Ciclo do Infernum), que à luz do dia se diz republicano, que respeita as instituições, a sua chefe, em primeiro lugar, mas nas sombras age como um biltre. É triste a perspectiva de que passemos por um governo Temer. Seria castigo demais.

Só nos resta lutar e resistir ao golpe.

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