Arnobio Rocha Crise 2.0 A Saída de Esquerda e O Fim do Messianismo.

1301: A Saída de Esquerda e O Fim do Messianismo.


O Encontro do Grito Pela Democracia, Casa de Portual, 21/05

O Encontro do Grito Pela Democracia, Casa de Portual, 21/05

“Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há” ( D. Sebastião, Fernando Pessoa)

 

O jovem Rei de Portugal, D. Sebastião, cego pelo ideário cristão, resolve ir à África para defender o controle de Marrocos contra a investida dos mouros. A inexperiência e as condições da batalha custaram à derrota e a morte (ou desaparecimento) do jovem Rei. O que também custaria a perda do trono português. Ao mesmo tempo D. Sebastião vira uma lenda, com Portugal sonhando por sua volta, como se isso devolvesse as glórias do passado.

Esse apelo à volta de seres mitológicos, das lendas, faz parte de crendices populares, não contribuindo efetivamente para reorganização e construção de uma nova saída para Esquerda. É fato que até grupos mais ideológicos, alimentam uma profunda visão religiosa e messiânica sobre Direção Política, como se essa fosse um Messias ou composta de profetas.  

Está na hora de acreditar nos iguais, sem esperar por seres mitológicos, precisamos acreditar na produção coletiva, na verticalização das relações sociais, culturais e políticas. Sem isso, não há futuro possível, apenas reprodução, como farsa, do passado. Ainda que tenha sido bom, aquele passado.

Novos tempos para novas ideias e construções humanas, plurais e coletivas. A Esquerda perdeu duas coisas que a distinguia de qualquer grupo político na história: Generosidade e Solidariedade. A queda do muro de Berlim arrebentou com os nossos principais valores. Viramos iguais aos demais, passamos a cultivar valores estranhos aos que comungávamos: Vaidade, disputa mesquinha, egoísmo, egocentrismo. Isso se tornou mais evidente com as redes sociais e nos blogs.

A mudança desse comportamento está sendo feita pela explosão de autoritarismo do governo golpista e a perspectiva sombria de um Estado de Exceção, como regra. As ruas respondem dia a dia, com atos, escracho e manifestações espontâneas, não tão massivas, mas com forte conteúdo político, ainda que difuso.

Os movimentos (Sem Terra, Sem Teto) tradicionais, centrais sindicais (CUT, CTB), estudantes (UNE, UBES, UJS, Levante Popular da Juventude, JPT), da mulheres e gêneros (LGBTT, Marcha Mundial das Mulheres, UBM)  e partidos de esquerdas (PT, PC do B, PSOL), as frentes (Brasil Popular, Povo Sem Medo), poderão sem ampliados ou radicalmente modificados diante desse novo momento político.

O encontro do Grito pela Democracia, 21 de maio, na Casa de Portugal, em São Paulo, foi carregado de simbolismo, de reconstrução. Dos escombros do PT parece surgir um amplo movimento, que pode incorporar uma nova vanguarda que surgiu nas ruas, feita de jovens, especialmente de mulheres.

Apresenta-se uma oportunidade histórica de uma rápida recomposição, sob novas bases, o surgimento de coletivos diversos e difusos, os intelectuais, os ativistas de blogs, já expressam esse novo momento, ao que pese a conjuntura difícil, defensiva e de grave retrocesso democrático e institucional. Não tem como esperar a volta de um grande líder (Lula, por exemplo), a solução é coletiva.

É hora de pensar o novo, coletivamente, para lutar mais e melhor, para derrotar o golpe e o retrocesso.

Juntos, Podemos!!!

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