Arnobio Rocha Reflexões Angústias de um Tempo Sombrio

1449: Angústias de um Tempo Sombrio


O tempo fechou e nós também nos fechamos…

“A infâmia sempre reaparece ao olhar humano,
Mesmo que a afoguem no fundo do oceano” (Hamlet  – W. Shakespeare)

As maiores incertezas voltaram a dominar a cena, nenhuma afirmação positiva aparece no horizonte, a espiral é de queda, é preciso consciência e espírito forte para enfrentar as pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias.

O sabor da derrota é pior quando a irracionalidade impera, pois, não apenas torna em tudo dramaticamente, como torna canalha a busca desenfreada para achar um culpado, para purgar os pecados e frustrações, nossas, uma expiação coletiva, que nos faz sempre menores, arrogantes e autoritários como se perder não fosse algo possível de acontecer em qualquer campo da vida.

Entretanto, cada um trata seu luto, sua não aceitação dos fados da vida, da melhor forma que entenda, que lhe permita sair do buraco, ou se afundar mais, não cabendo a mim, ou a ninguém. dizer nada, pois nada adiantará falar para quem está atormentado por ver fantasma em trasluz. 

A vida proverá a cura, assim se espera, pois, nenhuma ferida se abre para sempre, nem as famosas chagas foram eternas, haverá o tempo do basta e algo novo surgirá. Ou não acreditamos mais na vida. A complexidade da dor e da doçura do prazer de lutar por algo que nos liberte de qualquer mal, é a guia, o Norte, do olhar para frente e seguir, como forma de superação.

As questões parecem abstratas, distantes, filosóficas, entrementes, podem ser concretas, se pensarmos na recente queda do Brasil na copa do mundo, ou das suas variadas quedas, uma a uma, desde 2013. A crescente do caos, o retorno a um passado, que não foi enterrado, assusta, até as cabeças mais lúcidas se perdem, no turbilhão de sentimentos francamente negativos.

Afetou fortemente a todos, não apenas na política, mas nas relações pessoais, ninguém é mais confiável, aumentamos o nível da cobrança, inflexíveis, como se o maniqueísmo elementar, separaria bons e maus, sem mediação do que vivemos nesse momento contraditório, conflituoso, indigno e incerto. As rupturas são violentas, qualquer olhar diferente ou uma palavra mal colocada.

O que está feito parece que se teima em que não nada se pode mudar. Assim, sem chances de que haja um diálogo que pudesse por um eixo que servisse de ruptura ao círculo vicioso atual. É insuportável mais doloridas rupturas, de qualquer tipo. Porém não carrego nenhuma luz redentora, ou a racionalidade, apenas tento, tento…

Continuamos a teimar, remando contra a maré.

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