Arnobio Rocha Reflexões Textos sem Diálogos

1456: Textos sem Diálogos


Por que escrever? Para quê?
Foto: Sophia Dzikas/Flick

“A felicidade corre sem parar
Bela é uma cidade velha”
(Frenesi – Petrucio Maia, Fausto Nilo e Ferreirinha)

As redes sociais criaram uma superabundância de textos, ou textões, sem entrar no mérito deles, nem na qualidade, nem mesmo a quantidade de repetições/plágios. O que nos perguntamos é se vale continuar a pensar/escrever, ou melhor, para que produzir mais lixo tóxico? A questão transcende a audiência de blogs, mas se esses textos podem gerar calor, debates?

Será que não passou da hora de pensar noutras formas de comunicações, ninguém lerá mais nada, não importa a qualidade, não há apelo, somos tragado no meio de milhões/bilhões, o que, corretamente, apenas os nomes consolidados, por alguma razão, óbvia, de “segurança” de que a opinião deles têm a aprovação, pois, em algum momento, já foi experimentada, serve de referência.

Os textos, não importam o tamanho, a forma, conteúdo, simplesmente não funcionam mais, estamos saturados, este inclusive, vai virar apenas uma nota mental, um registro pessoal sobre o tema. Aqui nem falo por mim, publiquei e publico muito, sem esperar retorno, nesses 9 anos de blog, aprendi a perder a ilusão de influenciar debates e apontar temas, isso não acontece, por vários fatores, entre eles, os descritos acima, bem como o pouco talento, sem nenhuma falsa modéstia.

Outra forma saturada de comunicação são as “lives”, as produções individuais de notícias e/ou exposições, são tantas que rapidamente mataram o “produto”. Surgiram como alternativa aos textos e textões, mas se tornaram cansativas, ressurgirão nesse período eleitoral, mas sua força se acabou, nem os mais devotos conseguem assistir, não há interação real, monólogo, cansa.

É provável que vá surgir algo novo, diferente, pois a humanidade de alguma forma continua a se comunicar, nossas formas mais antigas, perderam o sentido, no segundo parágrafo ou no segundo minuto, já passamos para o próximo, depois para o próximo, até que desligamos de tudo. Desconfio que os livros, nosso antigo refúgio, não são mais abertos.

Aliás, para que publicar de novo? Perdendo minha série no Netflix…Fuiii.

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