Arnobio Rocha Estado Gotham City Neofascismo a cria “feia” do Neoliberalismo, Ameaça o Brasil e o Mundo.

Neofascismo a cria “feia” do Neoliberalismo, Ameaça o Brasil e o Mundo.


O risco do neofascismo no Brasil e no Mundo,

“Da guerra ao cru motim silêncio e trégua:
Os vencedores e os vencidos folgam
Das nebulosas sombras circundados”.
(Paraíso Perdido – John Milton)

A questão que mais assusta o Brasil e o mundo, hoje, é a sombra do Fascismo, não é algo secundário e tem uma série de implicações práticas. A ideia aqui era tentar fazer algo resumido para enfrentar a ameaça, especialmente com o crescimento e estabilidade da candidatura do Inominável e seu vice, que todos os dias destilam ódios, preconceitos, visões de exclusão política e social.

Essencialmente o Fascismo é filho do (Neo)liberalismo, é a cria nascida das entranhas da exclusão econômica e política de amplas massas, a máxima concentração de renda. O Estado que não responde as demandas elementares, pois a lógica central é não intervir, a “liberdade” para poucos, com acesso a todos os recursos e o Estado a lhes servir.

O Fascismo é, antes de tudo, um estado de espírito (ou de ânimo), ele é, primeiro, emocional, está no inconsciente, ali meio escondido, sempre ameaçando se revelar, nos denunciar, está presente nas nossas conversas privadas quando falamos de sexualidade, futebol ou religião, ou quando nos acerbamos nas relações conflituosos de uma sociedade cada vez mais paranoica, em especial nas redes sociais em que os baixos instintos prevalecem, em detrimento da lógica e da razão.

O Fascismo se instaura lentamente, ganhando corpo e almas, aos poucos, não é uma coisa imediata, é resultado de um estado de coisas. Nas crises econômicas, ele explode e se torna força social viva e visível, pois nessas condições se eleva o nível de frustrações pessoais e as ambições (pessoais ou coletivas) deixam de ser satisfeitas ou ficam distantes de serem atendidas.

Wilhelm Reich, médico, psicanalista e cientista social, talvez tenha sido quem mais compreendeu a gênese e desenvolvimento da “mente fascista”.

Reich tem uma definição clássico do Fascismo que, segundo ele, é “a expressão da estrutura irracional do caráter do homem médio, cujas necessidades biológicas primárias e cujos impulsos têm sido reprimidos há milênios”. Enquanto nossas satisfações pessoais estão sendo atendidas, o “monstro” vai sendo relevado, escondido ou adormecido.

O que a humanidade sofreu de forma destruidora nas décadas de 1930, especialmente, o pavor da segunda grande guerra, foi uma longa construção, que veio do pós-guerra, mas que explodiu depois da crise de 1929. O que temos de comum, nos dias atuais?

O centro das questões, da conjuntura em que vivemos é entender o que houve em 2005/2008, a maior Crise de Superprodução de Kapital desde 1929.

A compreensão do conceito de Crise, mesmo pela esquerda ideológica, impede de ver o que efetivamente acontece no mundo, como se a Economia Política do Kapital tivesse se tornado transcendente e numa leitura bem próxima dos liberais, uma derrota teórica, que a crise de Superprodução os pegou de calças curtas.

A falta de polaridade parecia ter tornado o mundo uma via de mão única, como se o Capitalismo fosse o “fim da história”. Por mais de 15 anos, 1989 a 2004, essa lógica se manteve, porém, uma velha conhecida do Kapital, resolveu dá as caras de forma absolutamente forte, a Crise de Superprodução, com bem mais força do que uma simples crise cíclica da década de 1990.

Em 2005, TODOS os principais índices de riqueza eram positivos, o menor desemprego dos EUA, a recente fusão da UE, os salários em alta, as ações e o mercado imobiliário na estratosfera. A imensa nuvem de trilhões tinha incluído o centro do Capitalismo com seu poder de destruição, até mesmo os BRICS (África do Sul, China, Índia, Brasil e Rússia) foram incorporados à ciranda financeira mundial.

A força motriz do Kapital, a Taxa de Lucro, foi comprimida de forma irresistível, então a crise, ‘a pletora do Kapital”, explodiu, mas seu efeito amplo só se sentiu plenamente em 2008, com a quebra dos principais bancos dos EUA e da Europa e das seguradoras. A fabulosa nuvem de trilhões provocou uma tempestade de proporções iguais à bomba atômica.

As grandes crises (1871, 1929, 1974 e 2008) são paradigmática, pois são mais amplas do que as crises cíclicas, elas sinalizam que a forma de acumulação de Kapital precisa mudar radicalmente para que a Taxa de Lucro volte a crescer. Então precisa se alterar a forma de gerenciar o Estado e a sociedade.

O papel do Estado como centralizador do Kapital, que serve essencialmente à fração burguesa que determina a acumulação da riqueza, hoje liderado pelo Kapital Financeiro e sua pornográfica especulação, forma última de retomar cada centavo para si, transformando a vida da imensa maioria da população, num verdadeiro calvário pela sobrevivência material.

As consequências para os trabalhadores foram terríveis, o desemprego nos EUA teve seu auge em 2009 com o dobro de desempregados diante de 2005, a renda média dos trabalhadores e da classe média americana, uma boa parte dela com lastro nas hipotecas fantasiosas, teve perda superiores a 33%.

Os gastos públicos para salvar os bancos não salvou a maioria da população, apenas migalhas. O programa de segurança alimentar (Food Stamps, uma espécie de Bolsa Família) aumentou de 30 milhões para 45 milhões de beneficiados, nos últimos 10 anos. Os números europeus são muito mais dramáticos, em especial para os jovens, pois em alguns países o desemprego para eles estão acima de 50%.

O velho Estado, dominado pelos banqueiros, fez a maior operação de salvação do Kapital da história, cerca de 40% do PIB dos EUA e quase 33% do PIB da UE é usado para injetar dinheiro nos bancos e segurar o sistema como um todo, a maior transferência de riquezas da história moderna.

Os números são superlativos e ajudam a entender a razão de que apenas 8 PIBs depois, descontada a inflação, os EUA voltaram a ter um PIB positivo, ante 2005. A UE ainda patina e estaciona diante da riqueza produzida de 2007, que já não é mais alcançada.

Tudo isso acabou sendo o resultado da Crise a maior concentração da riqueza, como se isso fosse possível. A classe média americana foi esmagada, as suas hipotecas, que compunham significativa parte de sua renda, foram executadas, por anos o crédito “fácil” sumiu.

Isso reflete diretamente no controle mais rígido do Estado e impõe novos debates, como as forças neofascistas ressurgem com força em todas as partes do mundo, como se nada devesse ao passado. Em essência defendem os mesmos valores, o apelo às tradições, à família, o combate aos novos costumes, contra qualquer modernidade e a negação da história.

O surgimento de movimentos abertamente nazistas, sem nenhuma máscara, nos EUA é o reflexo do maior recrudescimento dessa realidade. O Estado serve a uma minoria restrita, a classe média esmagada pela crise, serve de base social a esse tipo de movimento.

O que lembra muito a classe média verde-amarela, na Paulista, com a mesma ideologia neofascista, contra o Estado, quase um suicídio, pois menos estado significa menos democracia e menos direito. Hoje se reflete na candidatura do inominável.

São movimentos combinados de uma ampla ruptura, não um Estado de Exceção, apontam para uma nova ordem, cruel, restritiva e de profunda violência, com uma possibilidade permanente de guerras regionais, civis e de embates violentos nas grandes cidades, pela miséria e fome.

A Política do Medo, Segurança nos países ricos, Corrupção nos países pobres, será o elemento principal de convencimento para que se abra mão das mínimas garantias legais e democráticas. A força irresistível do Judiciário, alterando o equilíbrio dos poderes, sem precisar passar pelo crivo popular, sem prestar contas a ninguém ganha uma dimensão impensável numa democracia.

Aqueles super-ricos, 1% da população, se armaram de todos os instrumentos legais, de dominação, de convencimento ideológico, com uso massivo da Internet, o que tolamente achávamos que ampliaria a participação, os algoritmos se tornaram a arma letal para saber quem somos, o que fazemos, o que pensamos, assim, o controle é mais forte, violento e amplificado. Eles sabem o que fizemos no verão passado.

A realidade é sombria, negar o risco do neofascismo, parece pouco prudente, mas o debate continua travado, as nossas milhões de demandas impedem de ouvir e falar, tudo controlado, ninguém quer ousar nada. Aceitamos nossa escravidão e criticamos quem se expõe.

Ao debate, à luta!

 Save as PDF

Deixe uma resposta

Related Post