Arnobio Rocha Reflexões As Dores da Alma e a Razão Pura.

1483: As Dores da Alma e a Razão Pura.


O equilíbrio distante, as partes e o todo.

“Sabes que é sorte comum _ tudo que vive morre,
Atravessando a vida para a eternidade”.
(Hamlet, William Shakespeare)

Ora, Hamlet, diz que a morte é o “país não descoberto, de cujos confins, jamais voltou nenhum viajante”, no Ato III, o que nos parece uma flagrante contradição com o Ato I, em que se encontra com o espírito do seu pai, recém morto, num ardil do tio, que lhe pede vingança. É uma aparente contradição ou condição fundamental de uma alma torturada?

Nada muito diferente da vida “real”, quando se está atormentado pelas “pedradas e flechadas do destino feroz ou pelas Dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita”, na mesma lógica da reflexão do mais famoso monólogo, ser ou não ser, aquele que capta à perfeição as mais profundas angústias humanas, expostas por Shakespeare em sua vasta obra.

A relação intelectual que se estabelece entre o homem comum com as grandes obras, em grande medida, é fundamental para mudar a percepção da vida, mediando, real e fantasia, numa relação dialética que nos eleva à outros campos, em que a mente, o intelecto,dominam dores e emoções, pois a reflexão é plenamente oxigenada pelas ideias mais elaboradas .

Claro, também é óbvio, que as dores da alma, não são tão simples de se combater, não é uma questão intelectual, é bem mais complexo, portanto, pois não se tem como facilmente sublimar, ou esquecer, como se não existisse, ao contrário, ela se torna presente, mais latente o que modifica sensivelmente o comportamento, em oposição à razão.

Especialmente em perdas, as mais próximas, amadas, que dilaceram o ser, Hamlet perde o pai, ainda jovem, ou, quanto a nós, que uma filha foi tirada, uma inversão de lógica do ciclo da vida, se é que existe de fato, pois, uma vida, inicia-se, com a certeza de seu fim, breve ou longe, alguns atos podem ser cumpridos, em curto tempo, então, por conseguinte, o tempo, não nos pertence.

A aceitação de tal fado, pode se tornar um fardo, ou simplesmente uma libertação, nada havendo que nos prenda às questões secundárias, sem que se viva plenamente. Essa complexa situação nos eleva a outro patamar existencial, ou nos rebaixa às coisas menores, aprisionando e cultivando uma dor insuportável que não passará jamais.

É uma opção racional, mas não é uma escolha que se encontra com facilidade, nesse sentindo, moral, religião, funcionam como redutores, uma mediação entre a dor e a razão. Ainda assim, só a mente, resolve, aquilo que pode ser absolutamente inexplicável, menos ainda compreendido, de forma pacífica.

Carregamos em nós, as dores e os remédios para elas, raramente sabemos enxergar, ou querer nos salvar, algumas vezes por medo de que não seja correto. Renascer ou abreviar o tempo, são as opções que se apresentam, mas isso, independe de uma tragédia, nelas, apenas se tornam mais nítidas as alternativas.

Por enquanto é seguir, descobrir o porvir, no seu tempo.

https://youtu.be/PYBqv3NIqho

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One thought on “1483: As Dores da Alma e a Razão Pura.”

  1. “Pedi e dar-se-vos-a”. Busque no Senhor a força necessária à aceitação do Seu desígnio. Ele, que já lhe privilegiou de admirável inteligência e que, com a qual, já lhe mostrou o caminho para se fartar de conhecimento e sabedoria – fonte infindável -, certamente não lhe virará as costas.Confie!

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