Arnobio Rocha Crise 2.0 A Crise 5G – O Verão é Mais Quente

1542: A Crise 5G – O Verão é Mais Quente


A Economia Mundial se aproximando de uma grande crise.

“Quem com sua pobreza está contente, é rico, muito rico; nas riquezas infinitas são como o frio inverno, para quem medo tem de ficar pobre” (Otelo, Shakespeare)

O Calor recorde do hemisfério norte, no verão que está sendo conhecido como um dos mais quentes da história, com temperatura de 45º graus em Paris, assustando os países ricos, não menos do que as perspectivas de que suas economias estão se preparando para derreter, não pelo efeito da política ambiental desastrosa, mas principalmente pela política econômica dos últimos dez anos.

A estrondosa crise de 2008, nos EUA, 2009, na Europa, trouxe o Kapital para sua realidade, enebriado pela queda do muro de Berlim, ainda que sacudido pelas crises dos tigres asiáticos, das dívidas da Rússia, Brasil e do estouro da bolha das telecomunicações/Internet, não tinha sido aviso suficiente, ao contrário, a política de alavancagem da nuvem de trilhões só aumentou, saindo de 2 para 1, para os incríveis 43 para 1, em 2005.

A expansão do Kapital foi vertiginosa, a revisão das políticas públicas do Estado de Bem-estar social, especialmente na Europa, como também nos EUA, cobrou seu alto preço, nos anos de crise, contraditoriamente, a recuperação imposta, pós 2008, se deu exatamente pelo endividamento dos Estados Nacionais, com menos Estado, mas com a maior transferência de renda para os mais ricos, em toda a história.

A super concentração de riqueza tomou ares pornográficos, isso se deve ao crescimento das dívidas públicas, ainda que os juros sejam menores, o Estado financia as grandes empresas e garante as enormes fortunas cresçam de forma avassaladora, ainda que o discurso seja de que o Estado deve ser diminuído e imposição violenta de reformas trabalhistas e previdenciárias, como a única forma de crescimento sustentado.

Entretanto, quando se olha de perto foram estas políticas de gastos e déficits públicos recordes nos últimos setenta anos que levaram, até este primeiro semestre/2019, a uma relação dívida pública/PIB de mais de 100% nos EUA, de mais de 250% no Japão, Europa (85%) Itália (132%), França (99%), Espanha (97%), Alemanha (61%).

Como observa José Martins: “Há uma mudança na política econômica mundial. Do mesmo modo que o relaxamento quantitativo na política monetária dos bancos centrais, o déficit público deixa de ser um problema fiscal nas economias dominantes quando se trata de impedir que a crise periódica de superprodução do capital ameaça empurrar a produção e o emprego para o precipício”.

Confirma-se exatamente isso quando se analisa a política fiscal de Trump, “As reduções fiscais da administração Trump, especialmente para as empresas, e o aumento das despesas, especialmente em armamentos, aumentaram essa carga”. A resposta de Trump é de um cinismo sem fim: “Eu tinha que colocar o exército em ordem antes de me preocupar com a dívida de 22 trilhões” (AFP, 22.02.2019).

Trump mantém sua jornada destruidora sem freios, Bolsonaro é apenas aprendiz nessa arte.

A força da economia americana, e a sua capacidade manipular o mercado mundial, sendo manejada com toda loucura (mas com um método), por um fanfarrão implacável, o que pode levar o mundo a uma hecatombe, não apenas econômica, mas de confronto, se internamente incentiva e concede créditos aos mais ricos, tenta amedrontar o mundo confrontando especialmente a China.

Segundo o presidente do FED, Jerome Powell, há um “um risco macroeconônico”, os empréstimos das empresas americanas quase duplicaram em pouco mais de uma década, alimentados pela política de dinheiro barato conduzida pelo Fed após a crise de 2008. Sua dívida ascendeu a 9 trilhões de dólares, enquanto, as famílias, que estavam endividados em até 13,5 bilhões de dólares – dos quais três quartos correspondem a empréstimos hipotecários – são os setores mais delimitados, porém mais frágeis, que causam preocupação.

O quadro desenhado é de, em breve, uma turbulência maior que os de 2008/2009.

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