Arnobio Rocha Política Por que a Solidariedade?

1568: Por que a Solidariedade?


Abraço ao Lula, um exemplo de solidariedade (foto de Francisco Proner)

“Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda A vida é sonho,
e os sonhos, sonhos são”.
(A Vida É Sonho, Pedro Calderón de La Barca)

Li um longo texto de Valério Arcary sobre fraternidade entre militantes (Aqui), em que descreve sobre as relações esgarçadas, as fofocas, os desrespeitos em geral, que são atitudes comuns numa sociedade mesquinha. Relembra valores militantes e propõe ao final, amizade, além da militância. Bem, fomos camaradas na década de 90, sem abrir feridas do passado, espero que a reflexão seja sincera, nesse momento cruel.

Sobre esse tema Solidariedade (por exemplo, esse: Solidariedade x Ultraliberalismo), escrevi várias vezes aqui, neste pequeno Blog, sem o mesmo impacto e partilhamentos, como é natural no nosso meio, de reproduzir os que já são reconhecidos, o que reflete a nossa educação vertical de militância e de hierarquia social, política e de camaradagem (ausência).

Muitas vezes somos acolhidos não por militantes, o que não deixa de ser uma contradição terrível, para quem milita há tantas décadas na esquerda, mas também é uma questão própria de nossa formação humana, muito mais do que (de) formação política. Observei, no meu texto que:

As várias correntes de Esquerda que, politicamente, definharam e ainda definham, nestes últimos 30 anos, com suas rupturas cada vez mais sem sentido, a autofagia selvagem, levou ao abandono deste princípio norteador de um revolucionário, para com seus camaradas e para com o povo. A insensibilidade com a miséria, com a fome, disfarçada como divergência, de tratar políticas públicas, apenas como paternalismo.

Pelo modo de vida imposto pelo Kapital e pela nova realidade ideológica, o abandono dos camaradas em situações precárias, ou o isolamento político daqueles que se afastam por divergências, afetam gravemente o militante. Estes movimentos são complementares, conscientes ou não, os agrupamentos políticos (alguns parecem seitas milenaristas) acabam por tornar a militância política num fardo pesado demais, principalmente nos momentos de embates e divergências.

Disse um pouco sobre o comportamento de um novo tipo de “militante” que surgiu, após a queda do Muro de Berlim, um marco maior dessa virada:

Uma nova militância forjada nos escombros do Muro de Berlim, em particular esta última das redes sociais, são caracterizadas por relações extremamente frágeis, voláteis, “líquidas”, pouca dada a divergência e diferenças políticas, a vaidade pessoal se impõe à qualquer projeto maior (se existir).

Esta formação de uma militância ultraliberal que, apenas na aparência, lembra, vagamente, ser de Esquerda, mas que no fundo não há coerência ideológica nenhuma, nem mesmo de confronto com o Kapital, apenas nos aspectos secundários, numa busca de “Liberdade”, que na maioria das vezes é apenas egoísta, que de nada difere de grupos como o Tea Party, que também confronta o Estado Burguês, gritando por mais “Liberdade”.

Este individualismo, o isolamento atômico, como se tivéssemos respostas globais, leva a recusa ao debate ou a formação de organizações totalizantes, como os partidos, tornando presa fácil ao curso do Kapital, aliás, impulsiona-o, por não o combater em sua totalidade.

A superficialidade ilusória de como vão se somando os contatos (pois não passam de contatos) realmente não vai redundar em calor humano, ainda que muitos virem até em pegação e sexo. A contradição é que temos tudo muito próximo e imediato, mas parece que estamos cada dia mais longes e insensíveis a tudo que nos cerca. Há relação de “consumo-satisfação”, mas de pouca ou nenhuma afetividade e efetividade

A dura constatação, sem desacreditar no texto do companheiro, porém sendo bastante cético, é que nos nivelamos por baixo e não vejo nenhum movimento que aponte para uma nova retomado dos velhos valores que nos fez militantes, ao contrário, passamos a achar normal reproduzir esse novo conceito militante.

Sigamos e mudemos, primeiro em nós mesmos. A vida é muito breve.

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