Arnobio Rocha Crise 2.0 Lula, A Estranha Força que nos Alerta

1584: Lula, A Estranha Força que nos Alerta


Lula e o reencontro com suas origens

“Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho, sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida”
(Maria, Maria – Milton Nascimento)

Lula está Livre, nas suas palavras – “sou Livre como um passarinho”.

Algum dia Lula esteve preso? Por mais paradoxal que fosse, os 580 dias em Curitiba, a força da ideia, jamais foi aprisionada. A prisão era dos seus algozes que têm que explicar o inexplicável e, pior, tinham que responder a ele todos, o seu magnetismo em nenhum dia foi ignorado. A fortaleza dele se acentuou, nada lhe foi indiferente e lhe é indiferente, gostem ou não:

Lula é fenômeno.

Mas de onde vem essa magia, esse encanto? Como entender o fenômeno Lula, sem conhecer sua casa, suas origens, suas raízes.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC explica quem é Lula, suas ligação orgânica com o povo, com as pessoas. Ali todos o conhecem, têm uma história, quase uma fantasia, com Lula. Nos corredores do Sindicato, Lula é um igual, Lula é Lula, não um ex-presidente, mas um cara comum, que conhece a maioria pelo nome, sabe o time de futebol, se não for corinthiano, está perdido.

Lula é um irmão, um sujeito que tomava pinga com os peões, que deixa a segurança desesperada, quando vai encontrar um velho companheiro, abraça e pergunta sobre sua família, filhos, netos. Essa coisa de ouvir, olhar nos olhos, sentir a emoção do outro, cria uma relação fraterna, de proximidade e de uma intimidade de valores que traz para seu lado e sua defesa.

Ele é um de nós, nada mais que isso.

O Sindicato estava mais do cheio, gente se abraçando, chorando, pulando, coros e falas. De garotas e garotos, com espinhas no rosto, dos 15 ou 16 anos, até os de pele enrugada, curtida pela vida e luta, que se aproxima dos 80 anos, passa por nós que estamos no meio do caminho, que procura entender, aqueles/aquelas jovens ou aquelas/aqueles senhoras e senhores, que defendem um homem, uma ideia, com mesmo amor e dedicação.

Lula vai ao microfone, fala forte, repete que está apaixonado, que se sente um homem com experiência e vigor de 30 ou 40 anos, mas com o “tesão” de quem tem 20 anos. Ele encaixa a fala a todos os públicos ali presentes, quase em romaria para vê-lo, com uma imagem que guardará em seus celulares, um aceno, quem sabe tocar sua mão e lhe dizer umas poucas palavras.

A força do seu discurso põe pavor aos que governam, que ele tirado do convívio dos seus, metia medo, imagine, se anunciando jovem e forte, cheio de vigor e que quer lutar, andar pelo Brasil, retomar o discurso de amar o Brasil, defender sua Soberania, os direitos do trabalhadores e das trabalhadoras, dos negros e negras, dos LGBTs, uma faixa ampla de gentes, povos, que dão sentindo a uma nação livre.

Lula é uma possibilidade do Brasil voltar a ser Brasil, de curar seus ódios e traumas, de pensar na justiça e afastar a loucura coletiva dos últimos anos.

Lula é uma síntese desigual de um país e de um povo desigual, que chora e rir, mas que um dia pode “dar certo”, essa mensagem de compreensão, acolhimento, é o que faz de Lula o que ele é e representa.

Um dia de festa, o prenúncio de uma longa luta.

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