Arnobio Rocha Reflexões A Autocrítica de Perfil

1609: A Autocrítica de Perfil


Perfil em foto de @Maneco Magnesio

Da nossa vida, em meio da jornada,
Achei-me numa selva tenebrosa,
Tendo perdido a verdadeira estrada.
(Canto I – Divina Comédia – Dante)

Esqueçam a piedade, isso não é uma busca de que se tenha dó ou comiseração, apenas se quer uma visão crítica e mais fiel do que somos. Nem nos preocupamos, nem antes e nem agora, em agradar ou fazer qualquer média, afinal somos o que somos, podemos enganar por muito tempo, mas não para sempre, então é melhor não procurar ser aquilo que efetivamente não somos.

Por vários e vários textos, expus quem realmente sou, não uma imagem idealizada, mas o que me tornei na caminhada da vida, a construção de uma personalidade, com todos acertos e erros, qualidades e defeitos. As minhas conquistas, em especial a intelectual, os espaços que ocupo, como também as minhas vaidades, o peso da arrogância, de algumas vezes ter pouca paciência.

Certa feita escrevi aqui que Eu era um “chato básico”, pois o que penso politicamente e meu comportamento pessoal não traz nenhuma novidade especial e que crie impacto ou nada que possa significar surpresa, não sou dados à mudanças de comportamentos, nem de rupturas bruscas com ideias e pessoas, na maioria das vezes tento simplificar, racionalizar questões complexa, para absorver os problemas e achar alguma saída.

Óbvio que meu desenvolvimento intelectual, acúmulo de leituras, vivências e experiências profissionais, lugares vividos, muitas vezes me fez vaidoso, perdi a capacidade de dialogar e usei essa “autoridade”, quase nunca contra pessoas simples, mesmo que tenham sido com gente com ego inflamado, havia um erro de conduta e uma arrogância, que não se justifica pela minha formação humanista.

É claro que não quero ser perfeito, puro, ou politicamente correto, apenas domar um espírito que podia explodir por nada e que isso nada de revelante traria para minha vida.

Por outros fatores bem mais complexos, como a doença e depois morte de minha filha, somado à perda de emprego formal, ter de reiniciar carreira com quase 50 anos, acabou sendo uma forma dura da vida me fazer mudar ainda mais, maior do que as mudanças próprias da idade e da experiência, que vão nos moldando a sermos mais pacientes.

É bem fácil falar sobre mim sem qualquer exagero ou arroubo, sem condenação moral e nem flagelo, penso que encontrei um meio, um caminho, inclusive, para suportar todas as dores, pelas quais tenho convivido nesse longo período. Há tantos lados, que são externos a mim, que deixo aos outros as avaliações, sem nenhum temor, porque julgamentos, se antes não incomodavam, hoje, menos ainda.

Lá pelo meio do caminho (como lembra Dante), passei a compreender o que é o viver. Teria tanto a fazer, talvez o tempo já tenha, então vou fazer o que for possível, talvez sendo melhor.

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