Arnobio Rocha Reflexões O Real e o Imaginário

1672: O Real e o Imaginário


O imaginário é o centro nervoso humano, é que nos liberta e nos aprisiona.

“Zeus te ocultou a vida no dia em que, com a alma em fúria,
se viu ludibriado por Prometeu de pensamentos velhacos.
Desde então ele preparou para os homens tristes cuidados,
privando-os do fogo”.
(Trabalho e Dias – Hesíodo)

Por mais duro que seja, na real, as pessoas não se tornaram boas ou más pela quarentena, apenas revelaram o que elas sempre foram. Sem ilusões, é a vida. Repito, não se pode exigir dela e ninguém, nada além do que pode dar.

Por um desejo (quase sempre autoritário) de se querer mudar as pessoas, tentar moldá-las ao que somos, ou interferir no que elas são, quase nunca acaba bem. Nem adianta dizer  que é pelas melhores intenções, não importa, a grande mudança continua sendo a nossa, não a dos outros.

No meio de uma pandemia com o passar dos dias, que viraram semanas, depois meses, uma séria de duras reflexões se impuseram, especialmente sobre o papel que cada um de nós cumpre (ou não) nesse espaço-tempo, uma partícula do tempo-história, quase como o Covid-19, diante da complexidade dos corpos.

O que se faz na terra? Ou noutro planeta? Em caso de existir vidas em outros planetas, galáxias, seja lá a denominação que de lá deem para nós, ou como olhem para esse pequeno planeta, uma poeira na imensidão do universo.

Estranho que se assume que a vida inteligente seja a dos humanos, o indecifrável ser que é absolutamente senhor dos mares, montanhas, do tempo, no mesmo hiato, destruidor, corrosivo, explosivo, pronto para matar. Uma soma que não fecha, que se tenta explicar, nem sempre se consegue. Há vetores com forças em sentido contrário, que impulsiona, quase um salto para frente.

A racionalização parece algo que nos diferencie, por outro lado, que nos machuque, paralise. É uma luta constante, razão, emoção, prazer, dor, amor e sofrer. Pairando acima de tudo, o pensar, o criar, imaginar.

O que pode e nos redime, continua sendo a Literatura, essa incrível capacidade de nos fazer melhores.

A síntese humana é imperfeita, mas é ela, a que se tem.

Vivamos.

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