Arnobio Rocha Reflexões A Pandemia da Desesperança.

1711: A Pandemia da Desesperança.


A busca para romper o ciclo vicioso da desesperança em tudo,

“Se não for sua intenção fazer aquilo que suas palavras demonstram, não me alimente com vãs esperanças” (Decameron – Giovanni Boccaccio)

O vento sopra frio e entra pela janela do quarto/escritório, depois de mais um dia muito quente, o que confunde primavera com verão, nesse confuso tempo de São Paulo e do mundo.

A pandemia trouxe não apenas o isolamento e depois a completa irresponsabilidade de sair como se nada tivesse acontecendo, como também toda sorte de males com as queimadas no Pantanal que provocam essa incerteza climática.

Para além de todas essas duras mudanças, em curto tempo, de um ano que não existiu, teremos que enfrentar os velhos fantasmas que nos assombram desde 2013, o turbilhão caótico que jogou o país de cabeça para baixo, de um governo de centro-esquerda foi para extrema-direita, da pior espécie, criando um ambiente irrespirável, de restrições às liberdades, receio do presente e do futuro.

As vidas são jogadas em suspensão, um estado catatônico, a rápida perda de direitos com um convencimento de que o certo é não ter direito algum. A incrível mudança de perspectiva assombra porque não se consegue uma explicação lógica, que não resvale em preconceitos contra os mais pobres que se guiaram por esses ventos, que objetivamente foram decisivos para tal ruptura.

A única fuga possível é revisitar a literatura, os ensinamentos do passado sobre como enfrentar períodos de ruptura, de loucura coletiva, em que a racionalidade desceu pelo ralo, a ignorância venceu a lógica, por ter maior número de adeptos e por terem sido cooptados para completa estupidez, nada que se argumente serve, a resposta é padrão: Isso é sua opinião.

Vencido pelo cansaço, reli algumas novelas do Decameron, desci alguns círculos do inferno, com Dante e Virgílio, sem esperança de encontrar Beatriz. Entretanto não há redenção no inferno, e nem em nenhuma outra escatologia, muito menos nas próximas eleições, talvez o “Poço” seja o destino.

Entre descrença e a realidade desfavorável, busca-se uma saída honrosa que nos reponha e devolva o caminho de dignidade Humana e que de alguma forma, traga uma doce ilusão de fantasia de uma nova felicidade.

Acordei de um sonho bom, pelo menos não foi pesadelo.

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