Arnobio Rocha Literatura Machado de Assis, O Amor Incondicional Pela Literatura Brasileira

1766: Machado de Assis, O Amor Incondicional Pela Literatura Brasileira


Machado de Assis, o maior escritor brasileiro e sempre atual.

“Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto”  (Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

De vez em quando as redes sociais embarcam numa bad trip sem fim, cujo resultado inglório é sempre piorar o já baixo nível intelectual e de valores humanos. A “viagem” de hoje é sobre o desprezo de um famoso youtuber e seus seguidores  à leitura de livros e aos autores brasileiros, em particular, o maior cânone pátrio, Machado de Assis.

Fico a me perguntar o que seria de mim sem o Machado de Assis? Que tipo de gente eu seria?

Recorri aos arquivos do blog e lá nos primeiros textos, entre tantos outros faço referência e reverência ao mestre maior da literatura brasileira.

Num deles escrevi: “Dei de cara hoje com um link do jornal inglês, Guardian, com uma nota sobre os melhores livros que o genial cineasta Woody Allen apreciava. Entre os 5 mais (Top 5 ), estava “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do não menos genial escritor brasileiro, carioca, Machado de Assis. Além de muito feliz, por esta escolha por parte dele, que deve levar muita gente no mundo a ler e descobrir Machado, também, lembrei-me de quando li a primeira vez o livro, que sem dúvida é  marcante, inusitado, estranho (no sentindo do cânone, como me ensinou Harold Bloom).  Aliás, Bloom, já disse o quanto gosta de Machado de Assis, que fez inclusive dominar o português para entender a classe do escritor.”

E também lembrei da primeira leitura de Memórias Póstumas e seu impacto sobre mim, ainda garoto, tentando entender que mundo era aquele, que gênio é esse tal de Machado? Por que não li antes? A sedutora escrita de Machado de Assis te faz tonto, absolutamente apaixonado e sem compreender em que lugar você se encontra, te eleva, te iludi e te encanta, numa palavra: Arrebata.

Assim resumi, “O livro é uma viagem ao contrário, em primeira pessoa, pós-morte, o morto nos leva a sua vida, seu habitat, sua gente. Escrito em 1880, é incrível como antecipou e influenciou tantas correntes literárias futuras, o realismo fantástico, o modernismo. O corte cruel e bem humorado da sociedade imperial, da capital, o Rio de Janeiro. Ler aquele livro, depois conhecer o Rio, você passa a entender um pouco de tudo o que é este povo, seu modo peculiar de enxergar a vida, de achar as soluções, de viver com leveza, humor. Ler Machado é viajar  na alma carioca, brasileira, do nosso mais genial escritor, talvez o mais o universal dentre todos.”

É um crime lesa-pátria afastar, ignorar, menosprezar, fazer pouco caso do mais inventivo e original escritor brasileiro, talvez o maior nome de nossa literatura, um dos maiores do idioma português.

Recentemente lendo o cubano Leonardo Padura, o grande escritor do momento, para mim, me dei conta do quanto Machado lhe é próximo, as criticas ácidas, o jeito sensual como tratam as palavras e de como ao lê-los tenho a sensação imensa de prazer.

Machado é de uma importância vital ao Brasil para combater os ignorantes, incultos, fazedores de memes, dos toscos de internet caçadores likes e sem nenhuma contribuição intelectual ao mundo.

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