Arnobio Rocha Política Direitos Humanos: A Barbárie se Estabeleceu!

1895: Direitos Humanos: A Barbárie se Estabeleceu!


Barbárie: As longas filas por um prato de comida em São Paulo, a cidade mais rica do Brasil.

Dias extremamente agitados na minha vida, cheio de surpresas e de decisões que irão exigir mais dedicação e responsabilidade.

No último dia 13 de outubro, fui nomeado para assumir a condução da Comissão de Direitos Humanos da OAB, secional de São Paulo, uma missão complexa, dura, que foi me dada pela grande confiança do Presidente da OAB/SP, Dr Caio Augusto depositada em mim, o que desde já agradeço, mesmo sabendo do tamanho do problema.

Serão dois meses e meio de imenso aprendizado e que terei o desafio de demonstrar capacidade para exercer um papel de tão alto relevo, numa conjuntura tão difícil em que os direitos humanos mais elementares são negligenciados dia a dia por todas as esferas de poderes, questões como o direito à vida, à alimentação, ao emprego, além da dignidade humana, são constantemente violadas.

Logo depois de ser nomeado, saí a andar pelo centro velho de São Paulo, atravessando a Praça da Sé, o umbigo da grande e maltratada velha metrópole.

A pujança econômica da maior cidade do Brasil de um passado recente, rapidamente virou a terra dos desvalidos. Pessoas, gentes, seres humanos, homens (em sua maioria) e mulheres com olhares perdidos, famintos à espera de uma marmita que viria, ou não, ou em número insuficiente, a dura realidade que bate em nossa cara.

Ali, no meio daquelas pessoas, sem moradia, sem comida, sujos, roupas surradas, sem os direitos básicos, a reflexão que me veio é sobre o tamanho de nosso desafio: A Barbárie se estabeleceu em São Paulo, nas ruas, no centro e na periferia.

O que poderemos fazer por nossa cidade, pelo estado, qual é a nossa real missão, como cidadãos e da advocacia, qual o papel da comissão de direitos humanos que não seja outro, do que lutar pela dignidade humana, reconhecer como cidadãos aquelas pessoas da Sé, da República, da Luz (Cracolândia), como também das periferias, lutar contra a miséria, a violência e as violações aos Direitos Humanos.

Nenhum de nós deve temer a andar pelo centro de São Paulo, saber do fedor das ruas, a ouvir o pedido desesperado de socorro dos que rogam por uma moeda, devemos nos importar por aqueles e aquelas que estão no limite da miséria humana, não nos esconder em nossa tola “segurança”, de um estado que excluí e segrega os seres humanos.

Talvez sejamos pequenos, ou que os esforços sejam poucos, até mesmo que estejamos a enxugar gelo, mas não nos faltará coragem de fazer tudo aquilo que esteja ao nosso alcance, para que mudemos o estado de coisas que estamos a viver.

Vamos à luta, todos os dias, de sol a sol.

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