Arnobio Rocha Crise 2.0 Bem-Vindo 2022: O Cenário da Economia Política e as Eleições Brasileira

1906: Bem-Vindo 2022: O Cenário da Economia Política e as Eleições Brasileira


Lula vs Bolsonaro+Moro: Os Cenários de disputas em 2022

Começo aqui propondo a todas e todos quem a leiam o artigo As Armadilhas da Liquidez, do querido mestre José Martins, pois, com mais profundidade, Martins, elenca os dados da Economia Mundial e o que se avizinha no cenário mundial para 2022.

A Economia Mundial vem patinando desde o último trimestre de 2019, ainda antes da Pandemia e de seus efeitos devastadores. Tais efeitos se refletem apenas segundo trimestre de 2020. As vacinas e as vacinações, deram certo ânimo à economia, no começo de 2021, entretanto, o ritmo lento e os gargalos para debelar a pandemia, trouxe mais cautela aos analistas econômicos.

Depois do mergulho profundo de 2020 da economia mundial, do Brasil em particular, a recuperação, com base comparativa rebaixada, tinha tudo para produzir luminosos números de “crescimento”, a OCDE, chegou a projetar crescimento acima de 5,5%, entretanto a realidade é outra, ainda que se atinja um número de crescimento elevado, o indutor dele é a Inflação, explosiva, que ultrapassará os 10% ao ano, o que corrói salários e poder de compra.

O core inflacionário continua sendo os preços públicos, petróleo e energia, além dos preços de alimentos. O crescimento do PIB será contaminado pelo aumento artificial dos preços em geral, o que se refletirá imediatamente em 2022, pois, em tese, a base comparativa não terá o vale profundo de 2020, mas há um risco real de uma nova variante do vírus possa derrubar ainda mais as previsões. Essa nova onda da pandemia, a quarta onda, já provocou fechamento na Europa, antes do seu rigoroso inverno.

Os caminhos da Economia Mundial e do Brasil, passarão a definir o cenário político das eleições de 2022, ainda com o ambiente extremamente carregado pelas disputas ideológicas, da década de 10, os anos dos retrocessos políticos em todos os países. A onda ultraliberal, advinda da crise de 2008, varreu as políticas políticas, os avanços civilizatórios, em tão pouco, como raramente visto.

A perda de fôlego dessa onda ultraliberal é medida com a derrota de Trump e a queda de Merkel, depois de longo reinado, ainda que esta se distinga, daqueloutro. Entretanto essa realidade ainda é incerta, especialmente com a queda da economia como um todo, a precarização, desemprego, miséria, perda de direitos, favorecem os discursos mais radicais, à Direita.

O exemplo chileno é um alerta, pois há 6 meses a Direita estava varrida, com grande chance da Esquerda vencer com certa facilidade, não se confirmou, ao contrário, um candidato de ultradireita venceu o primeiro turno e disputa na segunda volta, será intensa, com todas incertezas próprias de um país já arrasado por décadas por ser laboratório do liberalismo (Neo e Ultra).

O Brasil caminha para uma eleição com a perspectiva de um forte choque ideológico, em que o ex-presidente Lula, aparece em vantagem nas pesquisas. Uma enorme contradição é que Bolsonaro faz um governo miserável, péssimo, com baixa avaliação, no entanto, segue com uma base de apoio assustadoramente alta, radicalizada, que promete polarizar, tendo candidato Bolsonaro ou seu gêmeo siamês, Sergio Moro.

É preciso acompanhar a evolução da Economia, seus números, como vetor fundamental de programa, como de perspectiva, ainda que a disputa ideológica, seja o marco, que se aponta, hoje, há um ano das eleições. Lula e Bolsonaro, largam na frente, mas nada garante que o candidato gestado pela Globo, Sergio Moro, não seja o Anti-Lula, não se pode menosprezar esse tipo de “solução”.

O que nos parece é que Moro não seria tal terceira via, mas a via adequada do Capital e sua mídia, tomando o lugar de Bolsonaro, sobrando pouco, ou nenhum, espaço para outras candidaturas de centro e direita, como Ciro, Dória e Marina (a copa do mundo, de 4 em 4 anos).

Lula reúne em torno de si a esquerda, centro esquerda e tenta abiscoitar parte do centro-direita com o “namoro” com Alckmin. O líder petista sabe da rejeição enfrentada desde 2013, acentuada em 16 e 18, atenuada em 2020, mas ainda forte contra si. A aliança apenas à esquerda dificilmente será suficiente, entretanto, uma aliança com o ex-governador, tem alto custo.

Os cenários da Economia Política estão sendo moldados agora, não se pode esperar para meados de abril de 2022, para o que acontecerá, se uma nova Pandemia, se a economia crescerá, se os números melhorarão.

É importante lembrar que pesquisas não ganham eleições, há um longo caminho, a entrada do ex-juiz e da lava jato em peso na disputa apontam para um acirramento político e ideológico.

Sigamos o debate.

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