Arnobio Rocha Esportes Futebol e as rivalidades como essência.

1989: Futebol e as rivalidades como essência.


A maior seleção de todos os tempos.

O Futebol é nosso Céu e o nosso Inferno.

O esporte mais popular do planeta, em alguns lugares da terra, ele é tudo para as pessoas, uma identidade local, ou nacional, é religião, fé, amor e ódio. É uma espécie de descarrego das frustrações da vida, é o meio usado para extravasar, para se libertar, momentaneamente, de todas as formas de exploração, opressões, naqueles noventa minutos aliviam todas dores e tensões, nem começa o jogo, já xingamos a mãe do juiz, coitada delas.

Futebol é disputa e competição, cores, clubes, comunidades. Ele representa uma rua contra outra, um bairro contra outro, região x região, cidade x cidade,países. Pouca importa qual o campeonato, a rivalidade é a alma de todas as contendas, é o que move as paixões, as pessoas, as vidas e dá sentido aos sonhos, uma vitória, um título, vira a glória, assim como é o pesadelo. uma derrota, um campeonato perdido.

Das minhas lembranças mais remotas, um jogo num campo de areia, em frente ao cemitério da minha cidade natal, um Bela Cruz contra o Marco, as duas pequenas cidades do interior do Ceará, viviam de rixas, algumas brigas entres rapazes delas, claro, no campo, a coisa ferveu. A poeira levantando, nos meus cinco anos, muito pequeno, nem sabia o que acontecia, de vez em quando enxergava o jogo, apenas lembro que foi 1 x 1, com muita reclamação e muitos empurrões. Ali entendi o que era rivalidade.

Alguns anos depois, numa TV da praça de Bela Cruz, no meio de uma multidão vi o Corinthians ser campeão paulista em 1977, o primeiro contato com o time que seria fundamental na minha vida no futuro. No final do corredor do colégio vi os jogos da copa de 1978, naquela copa vi aquele jogo Brasil x Argentina, tanta pancadaria e a rivalidade violenta entre países.

Naquele ano, fui pela primeira vez ao Castelão, final do campeonato cearense, Ceará x Fortaleza, o primeiro tetracampeonato do Ceará. Naquele jogo, sem saber entramos no local onde havia mais torcedores do Fortaleza, assistimos sem torcer plenamente. Anos depois, mudei de Bela Cruz para Fortaleza e morava perto do Castelão e estudava ao lado do estádio Presidente Vargas, o querido PV.

Em 1989, mudei mais uma vez, dessa vez para São Paulo, no ano seguinte, o Corinthians ganhou o primeiro brasileiro, e minha eterna paixão pelo Pacaembu, que frequentei por mais de 20 anos, até a abertura da Arena Corinthians. Vitórias, derrotas, empates frustrantes, noites inteiras sem dormir, dias e dias só pensando como a bola não entrou, como perdeu o pênalti, por que o juiz não deu falta? Como perdeu o título? Ou a emoção de ter sido campeão, a adrenalina.

As semanas dos clássicos, a tensão desses grandes jogos, no estádio, ou no rádio, na tv, viver intensamente as rivalidades, claro, para o Corinthians, o Palmeiras é o outro lado, qualquer outro adversário, mesmo importantes não tem o mesmo peso. Uma vitória do Corinthians é uma festa, uma derrota uma dor, isso vai ser por toda a vida, a idade vai nos fazendo mais frios, em algumas situações, sabemos que o futebol vive ciclos, é esperar e depois aproveitar.

Assim se dá num Flamengo x Vasco, Grêmio x Internacional, Ceará x Fortaleza, Bahia x Vitória, Atlético x Cruzeiro. Ou um Barcelona x Real Madrid, Inter x Milan, City x United. São os clássicos, dérbis, que ultrapassam a rivalidade, tornam maiores as conquistas e mesmo quando esses times jogam contra terceiros, é natural que torçam pela vitória do outro, é parte da rivalidade.

Em 2012, Corinthians x Chelsea, com certeza absoluta, nenhum palmeirense torceu pelo Corinthians, ou ficou indiferente ao jogo, isso é absolutamente normal. Assim como hoje, dez anos depois, a vitória do Chelsea, fez sorrir os corintianos, se o Palmeiras vencesse imagina a gozação que seria. Isso não diminuiu nem nenhum ou outro, é apenas a rivalidade.

A grandeza do Corinthians é ter o Palmeiras como rival, o inverso é verdadeiro, a disputa é tão acirrada que em 371 jogos 129 vitórias do Corinthians, 130 do Palmeiras e 112 empates.

Abraço aos meus amigos e adversários palmeirenses, as piadas, as brincadeiras não diminuem o respeito e a certeza de que a cada derby, será uma nova história linda a ser vivida e contada.

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