Arnobio Rocha Filmes&Músicas Mães Paralelas – Bom filme, sem ser Extraordinário.

Mães Paralelas – Bom filme, sem ser Extraordinário.


Mães Paralelas traz o debate sobre o direito à memória das vítimas do franquismo.

Assisti ao novo filme do diretor espanhol, Pedro Almadóvar, Mães Paralelas (Madres Paralelas – no Netflix), extremamente comentado, quase todos amigos e amigas, declarando-o como extraordinário, magistral, genial, e todos os adjetivos possíveis, uma celebração ao grande diretor, sem dúvida. Foi uma rapidez como ganhou comentários em redes sociais, nos grupos e era quase uma unanimidade.

Confesso que foi meio decepcionante ao ver, pelo ambiente criado. O filme bem feito, ótimas atrizes, lideradas pela excelente Penélope Cruz, e com grandes atuações de Milena Smit, Rossy de Palma. Mas devo dizer que gostei do filme, sem grande entusiasmo, é um bom filme, mas bem longe de ser extraordinário.

Ótimo pra discutir o franquismo insepulto, a questão do neofascismo que voltou a rondar a Europa e o mundo, o negacionismo político, como se o passado pudesse ser ignorado, escondido, até mesmo uma certa nostalgia com a realidade di país que nunca existiu. Similar ao que ocorre no Brasil com a Ditadura Civil-Militar, exaltada por gente que não a viveu, parece que o fenômeno se repete  em outros países, na Espanha a indiferença com os crimes e o direito à memória dos mortos, iguais aqui.

É preciso reconhecer a extrema relevância do tema trazido pelo filme, sua enorme contribuição ao debate, nesse momento em particular, entretanto,  é uma trama óbvia demais. Você sabe exatamente o que vai acontecer, nenhuma transgressão ou ousadia, é como se Almadóvar para falar de um tema terrível para sociedade espanhola, tivesse que criar uma estória politicamente correta, não deixar margem para debates paralelos, excesso de cuidado, ou adaptação a cinemão?

Depois de assistir fiquei horas pensando se valeria a pena comentar, não pelo receio de polemizar, por entender o contexto e importância do debate que o filme com certeza provocará na Espanha, no Brasil e no mundo, as ditaduras precisam ser passadas à limpo, para que não se repita os mesmo erros, muito menos se criar uma ideia falsa desses regimes sanguinários e cruéis, que mesmo com todos os percalços do presente, da Economia e da Democracia, não tem como comparar com essas épocas terríveis.

A reflexão que trago é íntima e sob minha perspectiva, não é um filme inesquecível, importante, mas nada que me fizesse ver de novo. Penso também que andamos tão carentes por coisas boas, que nos tirem dessa situação catatônica que rebaixamos nossas expectativas, repito, é apenas minha percepção.

Claro que vale a pena ver, é superior a maioria dos filmes em cartaz nos cinemas e/ou nessas plataformas de streaming.

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Share this on WhatsApp“O que importa é que sem a ver o acrediteis, confesseis, afirmeis, jureis e defendais; quando não, entrareis comigo em batalha, gente descomunal e soberba” (D.Quixote –