2017: The Sinner


A excelente série The Sinner. com Bill Pullman.

Assistindo a série The Sinner (Netflix, 4 temporadas) e impressionado com a qualidade, a profundidade como aborda os temas paralelos, que giram em torno do Pecado/Culpa. Um velho policial, Harry Ambrose, interpretado pelo grande ator Bill Pullman. Na primeira temporada, quem protagoniza e a grande destaque, é para a excelente atriz, Jessica Biel, que interpreta a personagem Cora Tannetti.

Numa praia, um jovem casal com seu filho pequeno, curtindo o momento familiar, bem perto deles, dois casais de jovens, começam a ouvir música alta e a mãe, Cora Tannetti, com uma pequena faca de cortar frutas, agride violentamente um dos jovens, matando-o. Sem nenhuma razão aparente, sem que nada pudesse justificar a ação chocante. Presa, ela se declara culpada.

O caso rapidamente seria concluído se o policial Harry Ambrose não insistisse em saber a razão, se é que havia, para uma atitude tão violenta, pois Cora, diz no depoimento que não conhecia o jovem que ela matou. O que parecia um surto psicótico, um ataque de fúria, o clique seria a música, ou a felicidade dos jovens casais na praia, a frustração do casamento? O que levou Cora a matar?

Na segunda temporada, um casal levaria um garoto de 13 anos (Julian Walker – interpretado por Elisha Hening), que parecia ter 11 anos, em viagem para conhecer as Cataratas do Niágara, um problema com o carro, os obriga a dormir num hotel de estrada, pois apenas no dia seguinte um mecânico viria socorrê-los. Ao amanhecer, Julian, toma café e leva chá para o casal no quarto. Ao beberem o chá, ambos morrem.

A jovem policial da cidade de Keller, Heather Novack (Natalie Paul), é a responsável pela complexa investigação. Ela pede ajuda ao famoso detetive Harry Ambrose, que nasceu na cidade e era amigo de seu pai. Harry aceita voltar a sua cidade natal e a reviver suas dores, seu turbulento passado.

Mais uma vez parece um caso simples de ser resolvido, com a promotoria interessada em fazer um acordo pelo duplo assassinato, que é recusado pela mãe de Julian, a sinistra Vera Walker(Carrie Coon), líder de uma seita/comunidade alternativa aos arredores da cidade.

O elo comum das duas tramas é a confissão diante do grave pecado capital, matar alguém. O Pecador (Sinner), Harry Ambrose, tentará entender o contexto do “pecado” e a culpa.

A discussão sobre Culpa é profunda, a questão da religiosidade, a primeira temporada, a discussão sobre a criação de Cora, família católica rígida cheia de pecados e punições, qualquer simples transgressão, imediatamente exige uma reparação através de castigo, um mundo maniqueísta, dual, de pecado e culpa, sem meio termos.

A questão da culpa é tratada é outra sociedade, baseada em conceitos da natureza, de arquétipos junguianos. A profunda religiosidade, não cristã, em energias e conceitos morais extremamente rígidos, acabam tendo o mesmo efeito, o que pode levar à decisões extremas, e de que se exige expiação de pecados e culpas, sem que espaço para perdões e absolvição.

Numa das cenas mais tocantes, o jovem Julian pergunta ao velho Harry, se a Culpa um dia acaba, se ele vai se livrar do sentimento de culpa. O atormentado Harry, por seus próprios sentimentos de culpa, diz não ter certeza de que se livre de tantos pesos carregados, mas que é importante tentar, ou se livrar dos mais pesados.

Excelente série, a qualidade do texto, dos diálogos e a forma como trata temas tão complexos, inclusive sobre o punitivismo penal, a visão condenatória imediata, bem contra o mal. bandido bom é bandido morto, a sociedade coletivamente expia seus pecados, matando, prendendo, isolando, como se pudesse esconder, varrer para debaixo do tapete, nossos pecados.

Vale muito ver.

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