Arnobio Rocha Reflexões Literatura ou Morte.

2068: Literatura ou Morte.


A maior preciosidade humana

Quase sempre me pergunto por que devo continuar a escrever, ou melhor, para quê devo escrever, claro que sem me preocupando se há leitores, se o que venha a publicar trará debate, quem sabe ajudará na compreensão da realidade (da forma como a vejo). Vencidas essas premissas, que no fundo revelam algo mais íntimo sobre nossas tolas vaidades, de sermos vistos (lidos), levados em conta na “fila do pão”.

A questão é outra e mais complexa, quando abro um texto qualquer, qual seja? É se vale a pena efetivamente escrever qualquer coisa numa época como essa em que vivemos, todos nós atolados de coisas para fazer em busca de sobreviver, quase uma escravidão moderna, muito trabalho, pouca renda, quase nenhum descanso, ou desemprego cruel.

Há pouquíssimo espaço para um dialogo que possa mudar algo nesse mundo carcomido pela barbárie, nem penso no que aqui escrevo, da sua (nenhuma) importância, mas dos escritos em geral, das lives, vídeos, livros, não é pessimismo, é uma perspectiva de visão sobre o que se vive atualmente, uma situação desesperadora.

O meu refúgio tem sido a literatura, o que muitas vezes transcrevo nesse blog, as minhas referências literárias e intelectuais, não se trata de vaidades ou para demonstrar saber, ostentar conhecimento, nada disso, é para apontar para mim mesmo e aos poucos que me leem que existe lugares respiráveis, nem que seja em livros, músicas, filmes, peças, quadros, manifestações artísticas, atuais ou antigas, algo que nos faz suportar o caos.

Claro que isso não me paralisa, não me fez adormecer e ou me tornar indiferente, mas, ao mesmo tempo, é preciso ter resignação e preparação para outra realidade, incerta, porém, possível e absolutamente necessária. É disto que tenho alimentado meu cérebro, sobreviver, sobreviver e lutar muito.

É isso, ou não viver.

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