Arnobio Rocha Reflexões O Bem e o Mal.

2164: O Bem e o Mal.


A soma do bem e do mal, em oposição à luta maniqueísta.

 

Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval
Meu zem, meu bem, meu mal
(Meu bem, meu mal – Caetano Veloso)

O que é o Bem, ou Mal, seu antagonista?

Essa é uma questão crucial em nossas vidas. Talvez nossa formação maniqueísta, herança maior da moral cristã, separamos em campos opostos, como se houvesse uma distinção completa e de que as interações entre eles sejam sempre de oposição antitética de um e outro, nunca possa se misturar, embaralhar, confundir, de há porções deles, simultaneamente, na sua síntese, nós os humanos.

Consoante Junito de Sousa Brandão, o grande estudioso do mundo grego, sua mitologia, seus deuses, teatro e formação ética, humana, política e social. A “morte” de Zagreu (o primeiro Dioniso/Baco), filho de uma aventura de Zeus com Perséfone, Hera, a esposa de Zeus, enfurecida pede ajuda aos Titãs, que sequestram a criança, nas palavras de Junito:

“De posse do filho de Zeus, os enviados de Hera fizeram-no em pedaços; cozinharam-lhe as carnes num cadeirão e as devoraram. Zeus fulminou os Titãs e de suas cinzas nasceram os homens, o que explica no ser humano os dois lados: o bem e o mal. A nossa parte titânica é a matriz do mal, mas, como os Titãs haviam devorado a Dioniso, a este se deve o que existe de bom em cada um de nós”.

A dualidade, bem e mal, é vista, assim, como uma relação dialética, não há uma separação mecânica, maniqueísta, ao contrário, os dois estão relacionados e uma luta constante de ações vão nos definindo, como também o distanciamento de olhar, relativizará os conceitos, não nos separando entre bons e maus, os pecadores e os pios.

Superar essa dicotomia é a única forma de se viver sem o peso da culpa e a necessidade constante de expiação. As ações não serão valorados ponto a ponto, uma a uma, mas o conjuntos de nossas contradições, trajetórias, é que efetivamente demonstraria o que somos, muito além do par, bem e mal, de sua fatal cobrança moral e ética.

A síntese será sempre nós.

 

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